Coluna Becketts, por Hugo Becker: A hora e a vez da Penske

A Ganassi trocou os motores Honda pelos Chevrolet, enquanto a Andretti foi na mão inversa e dispensou os Chevy pelos propulsores japoneses. A adaptação levará algum tempo, o que irá faltar em uma temporada tão espremida quanto a de 2014. É a grande chance da Penske, sem títulos desde 2006, encerrar o jejum de quase uma década

A fila já é longa. Desde o distante ano de 2006, quando Sam Hornish Jr. foi campeão da Indy, Roger Penske não sabe o que é comemorar um título. Nos sete campeonatos que se seguiram, foram nada menos que cinco ‘quases’ para a mais tradicional equipe da categoria: em 2010, 2011 e 2012, Will Power foi vice-campeão, enquanto que em 2008 e 2013, quem deixou a taça escapar foi Helio Castroneves.
 
A visão de quem nota o copo meio cheio pode indicar que este não é, necessariamente, um fracasso absoluto. Afinal, a Penske sempre esteve ali, vencendo corridas e ocupando as primeiras posições no campeonato. Mas o copo meio vazio mostra uma escuderia poderosa que é incapaz de converter sua força em conquistas reais e expressivas há quase uma década, mesmo contando com pilotos gabaritados.
 
Neste mesmo intervalo, a hegemonia quase absoluta foi da Ganassi que, mesmo quase sempre correndo por fora, abocanhou os títulos de 2008 e 2013 com Scott Dixon e os de 2009, 2010 e 2011 com Dario Franchitti. Em 2007, o escocês também levantou a taça com a Andretti, que cinco anos mais tarde voltou a ser campeã com Ryan Hunter-Reay. Enquanto o time mais tradicional batia cabeça, a mais jovem das grandes conseguia marcar território e se estabelecer de vez como equipe de ponta.
 
2014, contudo, parece ser um ano diferente. Olhando apenas para o GP de São Petersburgo em si, é possível cravar que dificilmente a Penske não fará, de novo, no mínimo o vice-campeão deste ano. Mas a maneira com a qual Power e Castroneves sobressaíram em relação aos demais chamou a atenção. A dobradinha era quase certa e houve até um esboço de duelo interno na parte final da prova, com o brasileiro descontando uma desvantagem de 12s para o australiano em cerca de sete voltas – apesar da dinâmica da corrida, que teve só duas bandeiras amarelas, 12s é uma eternidade em se tratando de Indy. Uma diferença realmente expressiva.
 

Tudo isso levando em consideração que o piloto do carro #12 saiu em terceiro no grid e caiu para quinto na largada, ganhando na pista e com ótimas ultrapassagens a condição de líder, enquanto o representante do carro #3 largou ainda mais atrás, em décimo, e superou um a um os adversários com relativa facilidade. A Ganassi nem de longe foi párea, e só a Andretti do experiente e veloz Hunter-Reay conseguiu otimizar a última relargada e superar Helinho já nas voltas finais em St. Pete, o que acabou com as possibilidades de um importante 1-2 da equipe logo na abertura do ano.
 
O desempenho amplamente superior já seria suficiente para vislumbrar um campeonato com cara de Penske em 2014, mas há outros dois fatores importantes que, juntos, dão ainda mais força ao favoritismo do time: 1) A Ganassi trocou os motores Honda pelos Chevrolet, enquanto a Andretti foi na mão inversa e dispensou os Chevy pelos propulsores japoneses; 2) todo tipo de adaptação a um novo equipamento leva algum considerável tempo, algo que será escasso em uma temporada espremida em apenas seis meses e que terá pouquíssimos intervalos para tornar hábil uma evolução mais acentuada, como a equipe de Chip Ganassi fez em 2013. Das grandes, a Penske foi a única que não mudou nada além da chegada de Juan Pablo Montoya, que também vai precisar de algum tempo para se readaptar à categoria.
 
Ou seja: neste caso, não ter mudado nada pode ter sido a melhor das mudanças de cenário para a escuderia. Resta saber se Castroneves e Power, dois tri-vice campeões, conseguirão eliminar o incômodo estigma de eternos vices da Indy. 
 
Nessa, o australiano saiu na frente. E em grande estilo.
 
Olho nele
 
Em que pese o despreparo do narrador da emissora oficial que transmite a Indy para o Brasil em conseguir pronunciar o nome do rapaz, Jack Hawksworth fez uma estreia extremamente promissora na categoria. Em seu primeiro fim de semana, andou sempre perto – ou dentro – dos dez primeiros colocados em todos os treinos livres, quase avançou ao Fast Six na classificação e só não terminou a corrida por conta de uma relargada polêmica de Power, que quase parou o carro na reta principal enquanto a turma de trás já enchia o acelerador, o que fez com que o inglês batesse e levasse junto Marco Andretti. Se depender do que mostrou neste início, Jack dará trabalho aos narradores, que terão de falar cada vez mais o seu nome…
 
Pobre Montoya
 
A reestreia de Montoya na Indy foi um desastre. Completamente perdido com o acerto e o comportamento do DW12, em determinado momento o colombiano chegou a levar quatro ultrapassagens em uma volta e meia e fechou a prova só em 15º. Abaixo do que era esperado, claro, mas com o álibi de jamais ter andado em St. Pete e, mesmo assim, ter chegado ao fim da prova. JP vai reaprender, quanto a isso não restam dúvidas. Mas não rapidamente, nem facilmente. Que não desista pelo caminho, portanto.
 
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