Dixon agressivo, Rossi discreto e Newgarden errático: Mid-Ohio tem ‘dia do troca’

O GP de Mid-Ohio foi bastante estranho. Sendo dominada pela estratégia em quase sua totalidade, a prova teve voltas finais espetaculares e, no fim das contas, a Indy viu seus três principais pilotos em dias atípicos por diferentes motivos

Improvável é um ótimo termo para definir o que foi o GP de Mid-Ohio deste domingo (28). Aliás, sendo mais específico, o que foram as voltas finais da etapa disputada no misto de Lexington. O que se viu foi uma disputa completamente inesperada envolvendo os quatro primeiros colocados da prova e, no fim das contas, atuações bem anormais das três grandes estrelas do momento na Indy.
 
E é justamente por isso que o título da análise de hoje foi inspirada em um dos quadros mais famosos do espetáculo 'Improvável', da Cia. Barbixas de Humor. Em realidades distintas, em disputas diferentes e por motivos diversos, Alexander Rossi, Josef Newgarden e Scott Dixon pareceram estar participando do 'Troca'.
 
Vamos começar, então, a passar pelo que foi a prova de cada um dos membros do atual trio-de-ferro da categoria, iniciando com Dixon, o homem que venceu a corrida e, consequentemente, cortou um pouco da desvantagem para Newgarden no campeonato.
Scott Dixon venceu em Mid-Ohio (Foto: Indycar)

Tudo levava a crer que seria uma prova definida pelas brilhantes estratégias que a Ganassi teve com Dixon e também com Felix Rosenqvist, ou seja, Scott seria reconhecido pela velocidade, mas, principalmente, pelo jeito cerebral e calculista de guiar, sempre cuidando muito bem do consumo. Bom, só parecia que seria assim.

 
"Acho que fomos muito agressivos com os macios, mas conseguimos segurar, e o que conta é que vencemos. Parabéns para o time, eles fizeram uma estratégia sensacional e fazendo o cálculo para o resto da corrida. É difícil. Se ele não fosse meu companheiro, acho que teria me tirado. Ele ainda vai vencer muito, essa vitória nos ajuda muito na briga pelo título, vi que os concorrentes tiveram um dia difícil. É isso, estou feliz pelo time, orgulhoso pelo que conseguiram. Corrida difícil, especialmente nas últimas 15 voltas, achei que precisaríamos parar de novo" falou o veterano vencedor da prova.
 
Vieram as últimas cinco voltas e Dixon sentiu a brutal falta de ritmo no final do stint derradeiro, já com pneus macios muito desgastados. O resultado foi que Rosenqvist colou, pressionou e, para a surpresa geral, tentou passar o companheiro. E aí Scott virou uma fera, acionou o modo 'Anti-Dixon' e prensou Felix para fora da pista. Bateu roda, fechou porta, fez o que deu. No fim, menos de 0s1 para vencer e respirar no campeonato. Foi o personagem um do 'Troca', trocando o cerebral pelo agressivo.
Felix Rosenqvist cruzou a linha de chegada em segundo (Foto: Indycar)
"Acho que temos que ver pela perspectiva hoje. Tivemos nosso primeiro pódio e uma dobradinha para a Chip Ganassi. É duro quando pensamos que tínhamos a estratégia certa e o ritmo para vencer, mas com aqueles cinco retardatários na nossa frente, seria difícil, e fiquei bem frustrado no rádio. Barry, meu estrategista, me manteve calmo e me ajudou a tirá-los da frente, utilizei muito push-to-pass para passar Chilton, Marco e quem estivesse na frente. Acho um pouco vergonhoso perder boas batalhas quando você precisa correr com carros brigando pela 24ª posição. Enfim, é isso. Quero dar crédito para o Chip por nos deixar correr. Acho que todo mundo gostou da última volta, nós gostamos. Batemos roda na curva 2 e foi animado, mas o Dixon sempre vai lutar de forma dura e limpa, acho que fiz o mesmo. Mais uma volta e eu o pegaria, mas foi incrível", afirmou Rosenqvist após sua melhor posição na Indy.
 
O segundo ator da atração em Mid-Ohio é Newgarden, mais um que se envolveu em um choque no último dos 90 giros da prova. Só que o americano não se deu nada bem nessa. Curiosamente, Josef era mais um que parecia que teria uma prova ao seu estilo de 2019: firme quando acionado, mas sabendo aproveitar toda e qualquer oportunidade. Não foi assim.
 
"Eu que causei o problema. Tentei o pódio. Fiquei de lado, rodei e perdi potência. Foi erro meu ao tentar forçar a ultrapassagem, gostaria que o motor não apagasse, esse foi o problema. Tivemos um grande carro hoje, a Chevrolet fez um belo trabalho. Gostaria de ter feito mais no fim, mas não era para ser", admitiu Newgarden.
Josef Newgarden jogou fora bons pontos (Foto: Indycar)
Muito ambicioso e otimista, Josef acreditou que dava para roubar o pódio de Ryan Hunter-Reay e mergulhou em ponto improvável. Passou do momento para dar no freio e deu no meio do rival, ficando atolado fora da pista. O quarto lugar virou 14º e o preciso piloto que vinha juntando o melhor de seus adversários acabou tendo um dia fora da curva. Mas para o lado ruim.
 
"Nos esforçamentos muito no final, e para ver o quão rápido estávamos aproximando do Dixon e do Rosenqvist, pensei que eles eram retardatários e imaginei que poderia ir para qualquer um. Não entendi o que o Josef fez, ele tentou ir por fora, e a linha que você faz naquela curva é um diamante e depois você volta para o traçado normal. Ele tinha que me esperar voltando e de repente, colocou o bico ali. Eu não sei, com o campeonato daquele jeito, fiquei desconcertado. Ainda bem que não furou meu pneu depois de brigar bastante o dia inteiro. Começamos em décimo, e ótima estratégia do time. Tivemos problemas em Iowa, apostamos alto quando ficou frio de noite. Colocamos todo o nosso dinheiro e perdemos, mas é assim que acontece no esporte. Ficamos próximos hoje, estamos nos aproximando. Parabéns para a Ganassi, fizeram grande corrida, grande estratégia e estamos perto, faltou um pouco. Se continuarmos a bater na porta desse jeito, vamos vencer bastante. Foi legal voltar para a forma que devemos ter", garantiu Hunter-Reay.
 
Por fim, Rossi. E é com quem menos vamos gastar linhas e palavras aqui, né? Afinal, alguém viu Alexander fazendo alguma coisa importante na corrida de hoje? Pois é, o arrojado, agressivo e decidido americano foi bem previsível e ficou ali centrado em coletar pontos. Ainda deu muita sorte com o problema de Newgarden e acabou tirando pontos da vantagem do rival.
Ryan Hunter-Reay foi terceiro (Foto: Indycar)
"Foi um dia difícil para nós. Não tínhamos ritmo em nenhum pneu. O time fez um grande trabalho, me manteve motivado e conseguimos um top-5. Sabemos onde precisamos conquistar pontos, e a sorte esteve do nosso lado hoje. O time fez um grande trabalho o ano inteiro, tivemos ritmo e estivemos ali. Só precisamos vencer mais, e espero conseguir após a pausa. Vamos retomar o foco e bater neles em Pocono", disse Alexander.
 
Tudo bem, para o ano não foi um resultado ruim, mas dava para ser melhor. A prova disso é que Hunter-Reay, com um carro da mesma equipe, conseguiu ir ao pódio e foi sempre mais veloz na pista de Mid-Ohio.
 
"Foi bem difícil manter o ritmo no fim porque o carro estava com a direção mais solta, mas foi uma boa corrida e acho que conseguimos o melhor resultado possível. Planejamos uma estratégia com três paradas e ficamos presos no tráfego após cara parada, e isso custou um pouco. É triste porque acho que a estratégia poderia dar certo. A boa notícia é que somamos bons pontos e defintivamente estamos na briga pelo campeonato", comentou Simon Pagenaud, que chegou em sexto e segue em terceiro no campeonato, mas que em Lexington não fez troca nenhuma e seguiu bem discreto nas corridas.
Simon Pagenaud fez prova bem discreta (Foto: Indycar)
Quem também não quis entrar na brincadeira foi a Foyt, que continuou o mesmo horror do resto do ano. Assim, coube a Matheus Leist e Tony Kanaan uma árdua batalha no fundo do grid, que gerou o 18º e o 20º lugares, respectivamente.
 
“Foi uma corrida difícil para nossa equipe aqui em Mid-Ohio, e decepcionante se considerarmos que a gente teve bom rendimento nos treinos livres, ficando com a sétima colocação na sexta-feira. Sofremos com a alta degradação dos pneus e, por conta disso, nosso ritmo de prova ficou aquém do esperado. Esta combinação de fatores impediu que a gente conseguisse subir mais posições na corrida”, explicou Leist.
 
"Não tenho muito o que dizer. Começando do fundo, tínhamos apostas nas estratégias. Sem amarela na corrida inteira não teve ganho onde planejamos. Corremos sozinhos o tempo inteiro", resumiu Kanaan.
 

 
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