GUIA 2025: Ferrucci supera polêmicas e tenta voos maiores na Indy

Santino Ferrucci deixou as polêmicas de lado, ganhou um voto de confiança da Foyt e virou um dos pilotos mais surpreendentes da Indy. Agora, a missão é manter o nível e alçar voos maiores

Santino Ferrucci teve uma das evoluções mais curiosas dos últimos anos da Indy. Depois de uma saída conturbada da Fórmula 2, precisou trabalhar contra a opinião pública para galgar o espaço nos Estados Unidos. Teve períodos piores, até ficando fora do grid, mas se encontrou de maneira perfeita na Foyt, onde terminou o campeonato no top-10 em 2024.

Em entrevista exclusiva ao GRANDE PRÊMIO, Ferrucci falou sobre o encontro com a equipe e como ambos puderam crescer juntos. A Foyt não viveu bons anos recentemente na Indy, mas conseguiu se reconstruir e tem em Santino a face do time para os próximos anos.

Relacionadas

“Obviamente muito disso é trabalhar com a equipe, construir o que temos hoje. Tive um ano meio semelhante ao do ano passado quando corri meio período pela Rahal. Tivemos vários top-10, e depois, obviamente, corri meia temporada no ano seguinte e me juntei à Foyt, trabalhando com a engenharia e os mecânicos para colocar o programa nos trilhos. O ano passado foi uma enorme melhoria. E esperamos dar mais alguns passos, continuando na direção certa para esta temporada também”, comentou.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2

Santino Ferrucci durante anúncio do GP de Arlington (Foto: IndyCar)

Como parte da reconstrução da Foyt, o time conseguiu abrir mão de pilotos pagantes e terá David Malukas como companheiro de equipe de Santino em 2025. O piloto, que chegou a ser parte da McLaren apesar de não correr, fez metade de 2024 pela Meyer Shank e relembrou os bons tempos de performance que teve na Dale Coyne.

“É bom tê-lo na equipe. Estamos ansiosos para ver o que pode fazer também. Obviamente, ambos tivemos inícios muito semelhantes na Indy, correndo pela Dale Coyne primeiro, e depois tentando evoluir na carreira. Então, claro, teria sido bom ver o que poderia fazer em um carro da McLaren, mas estamos empolgados em tê-lo aqui na AJ Foyt, e ele será um companheiro de equipe sólido e uma ótima adição à nossa equipe. Seguindo em frente com engenharia, mecânicos, tudo fica mais fácil trazendo também pessoas muito talentosas para trabalhar nos dois carros”, comentou Ferrucci.

Ferrucci se destacou na Indy por conta do bom desempenho em ovais, mas 2024 representou mais que isso, com a pole-position conquistada no GP de Portland da Indy. Ele também explicou a forma com que se comporta nos diversos tipos de pista da categoria e almeja a primeira vitória em 2025.

“Bem, minha formação é em circuitos mistos, com certeza. Portland, em particular, e pistas como Portland e Barber, são as que tendem a me favorecer. Elas são muito semelhantes às pistas nas quais cresci correndo, e os circuitos de rua também sempre gostei. Tivemos muito sucesso, especialmente em Belle Isle, que é uma das minhas melhores pistas de rua, e até no ano passado, não na temporada de 2024, mas na de 2023, tivemos um bom desempenho em Long Beach. Então, apenas continuando a evoluir a partir disso e trabalhando com a equipe para melhorar um pouco dessas performances e resultados. Os ovais, para mim, vêm naturalmente. Acho que, por não ter crescido correndo neles, não tive maus hábitos, nem bons hábitos. Então, quando comecei com os ovais, tive um ótimo instrutor com o Sebastian [Bourdais], e simplesmente me apaixonei por eles, e tudo o que fiz nos ovais foi relativamente fácil para mim, e sou muito grato por isso. Então, estou ansioso para continuar a melhorar esses
resultados também e, quem sabe, conseguir algumas vitórias nas três disciplinas”, apostou.

Uma estatística impressionante sobre a jornada de Ferrucci na Indy é que desde que estreou nas 500 Milhas de Indianápolis, em 2019, jamais terminou uma edição fora do top-10. Em 2023, por sinal, chegou a cruzar a linha de chegada no terceiro lugar. O piloto da Foyt tem plena consciência de que vai beijar o jardim de tijolos do Speedway, só não sabe quando.

Santino Ferrucci, bateu rodas com Josef Newgarden na etapa de Iowa 2 (Foto: IndyCar)

“Acho que definitivamente vou ganhar as 500 Milhas de Indianápolis, só depende do ano, muito disso é sorte. Então, fomos bem nos últimos anos, especialmente em 2023, tivemos um dos carros a ser batido, só tivemos azar no final com as batidas que aconteceram pela 25ª posição, como acontece às vezes. Mas no ano passado, foi uma verdadeira luta durante todo o mês de maio, tivemos muitos problemas mecânicos, muitas coisas que não prevíamos com os ajustes e falhas de comunicação entre eu e a engenharia, tentando trabalhar com a Penske na aliança. Então, nada foi tão simples quanto pensávamos que seria, o que foi difícil. Mas este ano, com a Penske já lá por um ano, acho que seremos um dos concorrentes, sem dúvida. Esperamos estar lá no domingo para a classificação novamente e, claro, lutar por uma vitória nas 500 Milhas”, comentou.

Em 2018, Ferrucci foi suspenso da Fórmula 2 após bater no companheiro de equipe Arjun Maini após o encerramento da corrida sprint em Silverstone, além de receber multa por conduzir o carro ao paddock sem luvas e segurando um celular. Demitido, deu a volta por cima na Indy, mesmo que o comportamento controverso tenha rendido crítica dos rivais, como no embate com Kyle Kirkwood em Detroit, em 2024.

Ferrucci abriu o jogo sobre o crescimento e maturidade na carreira e como conseguiu deixar os episódios polêmicos para trás, citando que o automobilismo europeu é “controlador” em termos de personalidade, e que todos podem ter um ponto de ebulição.

“Na Europa treinei minha habilidade de pilotagem, o que me fez um piloto incrível. O problema é que lá não deixam você ser humano, e acho que estamos vendo muito disso agora com o Verstappen e alguns dos pilotos atuais. Finalmente está vindo à tona o quão controladores eles são lá e como pode ser mentalmente desgastante, e todo mundo tem seu ponto de ruptura. Estive lá por oito anos, e, em algum momento – sabe, somos humanos, cometemos erros. Reconheci isso, cheguei aqui querendo ser uma pessoa melhor, um melhor piloto, e me adaptei. Consegui ser eu mesmo, ser quem realmente sou, e isso me fez crescer e também fez crescer minha base de fãs e todos ao meu redor”, declarou.

“Acho que tem algo a ser dito sobre isso. Sou muito grato pelas oportunidades que tive ao vir para cá, sou grato também pelas oportunidades que tive na Europa. Então, como disse, sou quem sou hoje por causa de todas as minhas experiências de vida. Estou apenas animado por ter vivido este capítulo com a AJ Foyt e continuar construindo algo. Nunca tive a continuidade de estar com uma equipe por 3 anos antes. Então, até na Indy, ter minha 3ª temporada com eles é apenas continuar a construir o que começamos e seguir progredindo. Estou muito ansioso para o que podemos alcançar. Quem sabe algumas vitórias ao construir em cima daquela pole, do resultado das 500 Milhas com o terceiro lugar já conquistado e muitos recordes que batemos este ano com top-10 e consistência. Então, são todas essas coisas que vão se juntar, coisas que levam anos e anos de trabalho”, concluiu.

A temporada 2025 da Indy está próxima do retorno. Entre os dias 28 de fevereiro e 2 de março, a categoria desembarca em São Petesburgo para a etapa que abre o campeonato, no circuito de rua da cidade da Flórida, com cobertura completa do GRANDE PRÊMIO.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Indy direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.