Guia Indy 2015: Entrosado e menos estressado na Ganassi, quarentão Kanaan promete “ir para cima” atrás do bi

Às vésperas de iniciar a segunda temporada como piloto da Ganassi na Indy e vivendo uma fase menos estressante na carreira, Tony Kanaan vibra com o forte desempenho na pré-temporada e fala que 2015 é ano para se disputar o título na categoria que conquistou em 2004. O brasileiro ainda apontou a Penske como grande rival

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TONY KANAAN construiu uma carreira como poucos na Indy. Dono do título de 2004 e vencedor das 500 Milhas de Indianápolis, o brasileiro também soube dar a voltar por cima, depois de três temporadas difíceis na intermediária KV, entre 2011 e 2013, assegurando quase como um prêmio pela persistência um dos cockpits mais cobiçados da categoria norte-americana na sequência. 
 
Chip Ganassi decidiu que era hora de ter o experiente piloto entre seus comandados, formando, assim, um trio dos mais assustadores com Dario Franchitti e Scott Dixon. Só que a aposentadoria inesperada do escocês acabou mudando os planos, e Kanaan acabou por assumir o peso do carro tradicional #10.
 
O início da parceria TK-Ganassi não foi dos mais fáceis. A adaptação demorou mais do que o planejado, mas finalmente os resultados apareceram.  A segunda metade da temporada já foi mais consistente. 
 
A partir de Iowa, a 12ª etapa do campeonato, o brasileiro emplacou três pódios seguidos, depois voltou a ser terceiro na antepenúltima prova, em Milwaukee, para então se consagrar na corrida final, no superoval de Fontana. E é desse ponto que Kanaan pretende iniciar a temporada que começa neste fim de semana, em São Petersburgo, na Flórida. Tony acredita que a Ganassi reagiu rápido. Os testes da pré-temporada mostraram que a esquadra está muito bem afinada e a força dos motores da Chevrolet, bem como dos kits aerodinâmicos desenvolvidos também pela marca da gravatinha, vão representar uma vantagem significativa sobre as adversárias.

Porém, como certa dose de cautela não faz mal a ninguém, o piloto sabe que o quarteto da Penske vai vir também competitivo e já se desenha como a maior rival de Chip e seus pilotos. 
 

Ao GRANDE PRÊMIO, Kanaan destrinchou um pouco mais desse início de atividades da Indy em 2015, analisou a hierarquia de forças que já se forma no grid e se mostrou confiante nos recursos que tem nas mãos.
Tony Kanaan com um carro azul. Acostume-se (Foto: Chris Owens/IndyCar)
GRANDE PRÊMIO — Diante do fim de temporada no ano passado e dos testes coletivos da pré-temporada deste inverno nos EUA, o que se pode esperar da Ganassi e de você?
 
TONY KANAAN — Eu acho que a gente terminou o campeonato muito bem no ano passado. E estamos esperando começar essa temporada da mesma maneira que a gente terminou em 2014. É claro que algumas coisas mudaram, como os kits aerodinâmicos, especialmente. E isso aí ainda é uma coisa que está meio que no ar. Mas a equipe está aí. Nós fizemos alguns testes de pré-temporada muito fortes. O (Scott) Dixon andou muito bem com algumas coisas que a gente desenvolveu durante os testes de inverno aqui. Por isso, também estamos confiantes de que podemos começar o campeonato de forma bem forte. Acredito que temos chances de brigar e a nossa intenção é lutar pelo título.
 
Você mencionou a introdução dos kits aerodinâmicos como uma das principais mudanças. O que pode falar sobre eles? Qual análise faz desse novo recurso?
 
Ainda não é possível falar muito sobre os kits. Nós andamos somente na pré-temporada e, em testes, a gente nunca pode dizer nada com certeza, porque não sabemos o que as duas montadoras estão fazendo. Mas o que deu para perceber é que, por incrível que pareça, está tudo bem mais competitivo. Os tempos ficaram bem próximos. No último treino, para se ter uma ideia, a gente teve uma diferença de 0s3 do primeiro ao 12º. Por isso, será importante terminar as corridas. E também vai ser fundamental um bom desempenho na classificação.
 
Dentro desse contexto e de tudo que se viu na temporada passada e nos testes, é possível dizer que a Penske será a principal rival da Ganassi?
 
Com toda a certeza. A Penske será a grande rival. Eu acho que eles vão vir de novo muito fortes nesse ano com os quatro pilotos e certamente será a maior rival. 
 
A Ganassi decidiu apostar no novato Sage Karam para integrar o quarteto no lugar de Ryan Briscoe. Como você viu a mudança? Acha que, de certa forma, foi uma perda para equipe, especialmente na briga com a Penske, que se reforçou?
 
Na verdade, não dá para dizer se a gente perdeu ou ganhou. O Sage é um menino que tem talento, ele é muito bom. É claro que ainda não tem experiência, então acho que pode sofrer um pouquinho no começo. O Ryan é um piloto extremamente rápido e experiente, mas o Chip gosta de apostar em novos talentos, e isso a gente percebe desde a época em que ele contratou o Juan Pablo Montoya. De qualquer forma, será um ano de aprendizado para ele, mas acho que ele vai ter grande importância para a equipe também. 
 
No ano passado, você falou muito sobre a questão da adaptação aos engenheiros e a todo o sistema de trabalho na Ganassi. Agora, já se sente mais à vontade?
 
Com certeza, já estou bem mais entrosado. Agora eu conheço e trabalhei com todo mundo. Eles já entendem melhor a maneira como eu gosto de acertar o meu carro. Então, acredito que agora a equipe também já está mais montada para mim, porque durante muito tempo o time sempre foi desenhado em torno do Scott, que está aqui há 13 anos, e do próprio Dario. Realmente demorou um pouquinho para eu pegar a mão da mentalidade e da forma como eles trabalham — o que não é diferente de outro meio de trabalho. Estou realmente bem confortável. E acho que esse ano é o ano de ir para cima mesmo e tentar disputar o campeonato da melhor maneira possível. 
Tony Kanaan durante os treinos coletivos em Barber (Foto: IndyCar)
Falando um pouco sobre o calendário mais comprimido que a Indy adotou como forma de evitar a concorrência com outros eventos nos EUA, você concorda? E como influi na preparação?
 
Eu não sou fã desse calendário, porque acho que a gente fica muito tempo sem correr, longe das pistas. Eu tentei ao máximo me manter ocupado nesse período, andei de kart e sempre me mantive andando de alguma coisa, porque realmente seis meses longe do carro é muito tempo. O que eu tentei fazer em termos de preparação física, tirando o que eu já fazia antes, os exercícios físicos normais, a parte aeróbica e a musculação. 
 
Ainda sobre o calendário, parece evidente que o cancelamento da corrida no Brasil foi o ponto negativo deste início de ano. Acha que o país ainda tem chance de receber a Indy no futuro?
 
Neste momento, é difícil dizer o que vai acontecer, mas eu espero que sim, que possa existir uma chance de voltar. E torço para que a Bandeirantes continue fazendo parte disso e com o esforço que eles sempre tiveram — porque se não fosse por eles, a gente nunca teria tido corrida no Brasil. Eles também foram pegos de surpresa. Para mim, foi uma vergonha. Eu entendo a situação de todos os lados, mas não quero entrar no mérito. Só que acho que os verdadeiros motivos do cancelamento, ninguém sabe 100% até hoje. Acredito que tenha havido uma briga política muito grande, fora do controle da Indy e da Bandeirantes. Foi uma decepção. E não estou aqui para julgar quem é culpado porque todo mundo perdeu com essa história. Fiquei muito triste com tudo isso. Tem a questão da credibilidade que se perde como brasileiro. Nós tínhamos a corrida em São Paulo, que era uma prova que todo mundo queria ir, um dos melhores circuitos de rua e onde todo mundo gostava de correr. A Indy cresceu também no Brasil um pouco por causa disso nos últimos anos. E todos nós sabemos disso. 
 
Eu tenho patrocinadores que são brasileiros e que estavam contando com essa corrida. Nós até perdemos alguns por causa disso. Então, é uma pena muito grande. De novo, eu não quero entrar em detalhes, porque eu não sei quais foram os motivos reais, mas eu fiquei muito decepcionado. 
 
Você sente que no ambiente da Indy exista a vontade de voltar?
 
Há, sim, mas é lógico que agora o pessoal está mais calejado e mais esperto se forem fazer alguma coisa, porque não pode ficar anunciando e cancelando etapa toda hora. Não fica bem para a Indy também.
 
A gente percebe que você vem bastante otimista. A primeira vitória em Daytona, neste ano, já pode ser um bom indício? E se vê correndo no futuro em provas de longa duração?
 
Foi uma das grandes vitórias da minha carreira. Depois de dizer que você ganhou as 500 Milhas de Indianápolis, vencer as 24 Horas de Daytona também tem um grande peso no currículo. É uma corrida que eu sempre quis disputar e vencer. Com certeza, isso está nos meus planos futuros. A gente vê aí o Christian Fittipaldi fazendo muito sucesso, escrevendo uma história bem legal nos carros de turismo. Vai ser difícil a gente igualar os feitos dele. Como disse, a minha equipe também tem um time lá, então para mim é mais fácil de fazer a transição. A ideia é voltar no ano que vem para defender o título com certeza. 

Você acabou de completar 40 anos. Sua vida começou nestes três meses desde então?

Vocês aí do GRANDE PRÊMIO sabem e acompanham a minha carreira há muito tempo. E sabem que eu sempre tive uma atitude perante a vida muito positiva. Mas eu estou vivendo agora um momento muito bom, não só na minha carreira. Quando o pessoal fala que a vida só começa depois dos 40, é porque você fica mais maduro, e aí começa a se preocupar menos com certas coisas que não tem mais valor. Quando a gente é muito jovem, a gente se apega em coisas das quais não temos controle, que não estão ao nosso alcance. Então, não adianta nada perder tempo com certas coisas, porque você não vai conseguir resolver. É como você se preocupar se vai chover; você não consegue fazer não chover… Eu estou em uma fase muito legal da minha vida pessoal. 

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