Na Garagem: Mario Andretti marca Sneva em Las Vegas e leva tetracampeonato na Indy
Há 40 anos, Mario Andretti até se arriscou — chegou a rodar em toque com John Paul Jr. —, mas jogou com o regulamento na reta final da corrida para faturar o tetra na Indy
No dia 11 de novembro de 1984, Mario Andretti correu, em partes, com o regulamento embaixo do braço no GP de Las Vegas para conquistar o quarto e último título da sua carreira na Indy. Tom Sneva, único que poderia desbancar o italo-americano, até venceu a corrida, mas o segundo lugar para Andretti foi mais do que o suficiente para levantar o troféu de campeão.
Mario Andretti chegou a Las Vegas com uma enorme vantagem — 160 x 142. Com 22 pontos em disputa e sendo o maior vencedor do ano, precisava somente da nona posição para ficar com o título. Mas o Lola T800, chassi que a Newman-Haas competia, permitia voos mais altos para Mario.
Na classificação, Danny Sullivan foi o mais rápido, superando justamente Andretti. Mas o resultado não foi de todo ruim: Sneva, que largaria em quinto, não conseguiu o ponto extra da pole, então Mario passou a necessitar de um décimo lugar para ficar com o título.
Na sequência de Sneva, largava Emerson Fittipaldi, que encerrava ali a sua primeira temporada na Indy. Depois de fazer corridas pela GTS e HR, ele ocupava o carro #40 da Patrick, equipe em que conquistou a primeira das duas vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis e o seu título na categoria — ambos feitos realizados em 1989.
Aquele grid também tinha outros nomes de destaque, como Al Unser, Al Unser Jr., Bobby Rahal, A.J. Foyt e Michael Andretti. Havia também Jacques Villeneuve, mas este não era o campeão da Indy de 1995 e da Fórmula 1 em 1997, mas, sim, o irmão de Gilles Villeneuve, tio do ex-piloto da Williams.
Na largada, já no dia 11 de novembro, John Paul Jr. saiu de maneira agressiva e mergulhou para cima de Sullivan e Mario Andretti na curva 1 para assumir a liderança. A manobra facilitou para Rahal também ganhar posições e subiu ao segundo posto. Que se deu muito bem nas primeiras voltas foi Fittipaldi, que saltou do 13º lugar para o sexto.
O ritmo de Paul Jr. foi bom somente por dez voltas, quando perdeu a liderança para Rahal e ficou na alça de mira de Mario Andretti, que não teve dificuldades em superar o adversário e assumir a segunda posição. Jacques Villeneuve também teve um inicio arrasador e subiu ao quarto lugar, depois de superar Sneva e Paul Jr., que começou a apresentar problemas.
A primeira bandeira amarela da corrida veio na sequência às disputas mencionadas. O carro de Corrado Fabi começou a pegar fogo em decorrência de um problema no escapamento. O curioso é que o piloto para o carro e chega um fiscal em seu socorro. Porém, de início, ao invés de ajudar o italiano, somente sinalizou para Corrado sair do monoposto. O auxílio, de fato, só veio quando o fogo se alastrou e outros fiscais ajudaram no combate ao incêndio.
Durante a bandeira amarela, alguns pilotos optaram por ir aos boxes, enquanto outros ficaram na pista, como Villeneuve, que passou a liderar a corrida. No pit-lane, Rahal e Mario tiveram problemas, enquanto Michael Andretti encostou para abandonar.
Logo depois da relargada, Villeneuve se enroscou com Geoff Brabham, retardatário, o que deu a chance para Sneva, que já tinha feito a parada, fazer a ultrapassagem e assumir a liderança — única posição que mantinha as esperanças de título vivas. Curvas depois, o canadense acusou o golpe e escapou para a caixa de brita, o que deu a segunda posição para Al Unser e o terceiro posto a Mario Andretti.
Brabham, mais uma vez, dificultou para o líder. No entanto, acabou rodando sozinho, mas atrapalhou o suficiente para Unser emparelhar com Sneva, que passaram duas voltas alternando a primeira colocação, até que o postulante ao título se consolidou na frente.
Paul Jr. se recuperou na prova e assumiu o quarto lugar. O piloto foi à caça de Mario Andretti, que não foi nada conservador — mesmo com o título praticamente nas mãos —, fechou a porta, o que ocasionou um toque e uma rodada de ambos. Por sorte, seguiram na corrida, mas voltaram lentos à pista.
Na 148ª de 178 voltas, Unser se lançou ao ataque, mas perdeu o controle do carro durante disputa com Sneva e bateu violentamente na barreira de pneus. Naquele momento — e depois do susto — Andretti passou a controlar a desvantagem para o líder da prova, que estava na casa de 4s.
Na volta 159, foi a vez de Fittipaldi perder o controle do carro e bater, encerrando a primeira temporada na Indy na 15ª posição no campeonato.
Dali por diante, se deu o famoso “traga as crianças para casa”. Tanto para Sneva, que tinha 7s de vantagem, quanto para Mario Andretti, que estava ficando com o título. Assim eles cruzam na linha de chegada, com Paul Jr. completando o pódio — somente os três ficaram na mesma volta.
Al Unser Jr. terminou em quarto depois de largar em 16º, à frente de Brabham, mesmo depois de tendo causado com líderes da corrida. Roberto Guerrero, Rahal, Scott Brayton, Pete Halsmer e Josele Garza completaram o top-10 na última edição do GP de Las Vegas naquele formato.
Apesar de estar no calendário da Indy, na época, sob tutela da CART, a corrida em questão era espólio do originário GP de Las Vegas de Fórmula 1, que durou somente duas edições — 1981, quando Nelson Piquet sagrou-se campeão, e 1982. A reclamação central era sobre o fato das corridas serem sem emoção, muito por consequência do traçado travado de 3,65 km, praticamente todo montado no estacionamento do Caesar’s Palace, cassino que dava nome a prova.
Com patrocinadores interessados em manter o evento, a Indy abraçou o GP de Las Vegas de 1983, mas a situação foi ainda pior: o circuito foi reduzido para 1,81 km. A categoria norte-americana que conviveu com os mesmos problemas da Fórmula 1 e encerrou a parceria após a corrida de 1984.
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