Na Garagem: Villeneuve é punido, mas vence ‘Indy 505’ em recuperação épica

Jacques Villeneuve ficou duas voltas atrás na edição de 1995 das 500 Milhas de Indianápolis, mas pilotou de forma excepcional e contou com erro de Scott Goodyear na última relargada para se tornar o primeiro canadense vencedor no Brickyard

Há exatos 25 anos, Jacques Villeneuve anotou seu nome na história das 500 Milhas de Indianápolis com uma vitória improvável. O canadense foi punido na primeira metade da prova e chegou a ficar duas voltas atrás do líder, mas se recuperou de modo fenomenal e venceu a épica prova, que teve um final bastante controverso.
 
A edição já era histórica antes mesmo do início. A Penske, vencedora das duas corridas anteriores, foi eliminada ainda no Bump Day com Al Unser Jr. e Emerson Fittipaldi. O destaque ficou para a dupla da Menard. formada por Scott Brayton, o pole, e Arie Luyendyk, o segundo. Brayton também fez a pole da edição seguinte da Indy 500, em 1996, a primeira após a cisão que resultou na criação da IRL. Porém, sequer teve a chance de tentar a vitória, já que perdeu a vida em um treino livre no Brickyard.
Largada da Indy 500 de 1995 (Foto: IMS)
Scott Goodyear, da Tasman, os acompanhou na primeira fila. Jacques, da Team Green, partiu de 5º. No momento, ele era vice-líder do campeonato, atrás de Scott Pruett.
 
Logo na largada, Goodyear deu o bote para assumir a ponta, seguido por Luyendyk. Stan Fox, que partiu de 11º, estava no lado baixo da pista, perdeu o controle e foi direto ao muro, acertando Eddie Cheever e também eliminando Gil de Ferran, Lyn St. James, Éric Bachelart e Carlos Guerrero. O cockpit de Stan foi completamente destruído, com suas pernas visíveis após o impacto.
 
Fox sofreu graves lesões na cabeça, ficou cinco dias em coma e precisou de uma cirurgia para remover um coágulo. Ele nunca mais correu profissionalmente e morreu em 2000 após um acidente rodoviário.
Stan Fox na grade após bater com Eddie Cheever (Foto: IMS)
Na relargada, Luyendyk mostrou a força da Menard-Lola e assumiu a ponta, enquanto Goodyear saiu muito mal e perdeu o segundo lugar para Michael Andretti, que marcou o líder e partiu para comandar o pelotão com menos de 20 voltas completadas. Arie também perdeu posição para o piloto da Tasman antes do desastroso primeiro pit-stop. Deixou o motor morrer e perdeu mais de um minuto nos boxes. 
 
Na volta 37, a bandeira amarela foi acionada por um motivo bizarro e começou a escrever a história do vencedor. Ao ultrapassar Scott Sharp na curva 1, Luyendyk reclamou das fechadas do oponente e mostrou o dedo médio, acertando o encosto de cabeça do carro, que foi parar na pista. Os boxes foram imediatamente fechados e o regulamento citava que eles só seriam abertos após o pace-car segurar o líder. Villeneuve não sabia que estava em primeiro e ultrapassou o carro duas vezes, em uma mistura de erro da Green e medo da pane seca.
 
A parada do canadense foi péssima, quase saindo com a mangueira de combustível grudada. Ele retornou em terceiro, atrás de Andretti e Goodyear, mas recebeu uma punição de duas voltas pela direção de prova, caindo para o 27º lugar.
 
Michael permaneceu na liderança por 45 voltas, mas tocou o muro ao passar Maurício Gugelmin, que estava entrando nos pits, e danificou a suspensão, abandonando e desperdiçando outra chance de vencer no Brickyard. Enquanto isso, Scott Sharp bateu na curva 4, causando uma nova bandeira amarela.
 
A relargada aconteceu na volta 84, com Gugelmin na liderança e Paul Tracy na segunda posição. Villeneuve já tinha recuperado uma volta e aparecia em 20º, mas a ação durou pouco, já que o pneu de Stefan Johansson estourou e causou nova entrada do pace-car. Com a nova bandeira verde, Maurício manteve a liderança, agora com André Ribeiro em segundo e Scott Goodyear em terceiro.
 
Os sonhos de Ribeiro acabaram na volta 124, quando um problema elétrico o fez perder muitas voltas. Gugelmin seguiu líder com Goodyear em segundo e Robby Gordon em terceiro. Villeneuve já aparecia no giro do líder, na 12ª posição.
Scott Goodyear foi um dos protagonistas da prova (Foto: Reprodução)
Tracy abandonou no giro 136, com problemas no acelerador. Coincidindo com pit-stops, a bandeira amarela mudou a ordem dos carros, colocando Jimmy Vasser em primeiro, Gordon em segundo e Goodyear em terceiro. Villeneuve já era sexto, mesmo após perder duas voltas na primeira metade da corrida. O canadense voltou a ser líder com paradas dos ponteiros e evitou uma nova punição no reflexo, percebendo a amarela causada por Davy Jones e se mantendo na pista.
 
Após 20 voltas liderando, Vasser antecipou a parada, mas voltou parando no muro. Goodyear assumiu a liderança na relargada, passando Pruett, que viu as chances de vitória encerradas na curva 2, na volta 184. 
 
Com poucos metros para a bandeira verde, Goodyear e Villeneuve deixaram o pace-car abrir margem. Scott acelerou e ultrapassou o Corvette, enquanto Jacques segurou a velocidade e relargou próximo de Christian Fittipaldi e Elizeo Salazar. Como o piloto da Tasman fez a ultrapassagem ainda em período de amarela, foi punido com um stop-and-go, mas não cumpriu e acabou desclassificado.
 
Na volta 196, a direção de prova já contabilizava Villeneuve em primeiro e Fittipaldi em segundo. O canadense caminhou tranquilamente para uma das vitórias mais incríveis já vistas em Indianápolis. "É o melhor sentimento que já tive no automobilismo. Vencer essa corrida é como vencer um campeonato", disse Villeneuve, segundo em 1994 e se tornando o quinto mais jovem a vencer a Indy 500. Por conta da punição no início, completou 202 voltas e 505 milhas.
Jacques Villeneuve posa para fotos após vencer Indy 500 (Foto: Reprodução/IMS)
Goodyear, que também bateu na trave em 1992 e 1997, deu o ponto de vista sobre o incidente e explicou os motivos de permanecer na pista mesmo após a bandeira preta.
 
"Descrença é a melhor palavra para descrever como estou. Sinto como se tivesse vencido. O pace-car estava muito devagar, quase bati, Scott Pruett quase bateu, Villeneuve quase bateu. Ele não estava acelerando, vi a luz verde e isso significa que é hora de acelerar. Só isso que posso dizer", declarou.
 
"Fiquei na pista porque, aos meus olhos, estava perfeito. E se eu entrasse e descobrissem que erraram? O que vou fazer? Seria tarde demais e não voltaria", completou.
 
Villeneuve, que já tinha vencido em Miami, também faturou as provas de Elkhart Lake e Cleveland, saindo campeão com 11 pontos de vantagem para Al Unser Jr. Em 1996, ele assinou com a Williams para competir na F1, conquistando o Mundial em 1997.

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