Kanaan explica troca de Ganassi por McLaren: “Na hierarquia, eu era o último da lista”

Ao GRANDE PRÊMIO, Tony Kanaan falou sobre a troca da Ganassi pela McLaren para 2023 e sobre o sentimento de dever cumprido na segunda passagem pelo time

Tony Kanaan tem casa nova na Indy em 2023. Perto de completar 48 anos de idade, o brasileiro vai disputar a próxima edição das 500 Milhas de Indianápolis pela McLaren, depois de concluir a segunda passagem pela Chip Ganassi Racing. O anúncio veio nesta terça-feira (1). Em 2021, o baiano substituiu Jimmie Johnson nas provas em ovais, enquanto em 2022 disputou apenas a Indy 500.

Em entrevista exclusiva ao GRANDE PRÊMIO, Kanaan descreveu o processo de deixar a Ganassi pela segunda vez. O brasileiro já tinha passado pela equipe entre 2014 e 2017, e agora estava livre para negociar com outros times, já que ainda há indefinições no elenco de 2023. Jimmie Johnson, por exemplo, anunciou que não vai disputar a temporada completa.

“O meu contrato ele já tinha acabado depois das 500 Milhas, mas eu, por uma consideração e vocês sabem, que me acompanharam, me entrevistaram, a gente estava tentando até o último momento que eu voltasse nas próximas 500 Milhas com eles, não tinha motivo para trocar. Então, na verdade foi uma conversa e realmente a gente sentou e falou ‘bom, a gente tentou os últimos seis meses aí viabilizar alguma coisa’, infelizmente, com a história do Palou, é lógico que não ajuda para onde eu estou indo, porque existe realmente uma rivalidade aí entre os dois donos de equipe”, comentou Kanaan.

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Tony Kanaan foi terceiro na Indy 500 2022 (Foto: IndyCar)

A história de Álex Palou se refere ao impasse contratual do piloto espanhol, que chegou a assinar com a McLaren para 2023, mas a Ganassi exerceu uma opção para renovar o vínculo do piloto por mais um ano. Depois de uma batalha que chegou a ir para a justiça americana, as partes se acertaram e Palou vai seguir na Ganassi até o fim do contrato, mas pretende se transferir em 2024.

“Mas não tinha muito o que fazer, não é? Porque eles ainda estão tentando resolver quem vai guiar o quarto carro. Aí na fila tem o Jimmie Johnson pro quinto carro e o Tony Kanaan o quê? Pro sexto carro? O Jimmie já tinha dito que não faria o campeonato inteiro, então já deu uma complicada na minha vida nessa história. Na hierarquia de todos, eu era o último da lista e eu sabia, não falo isso num sentido pejorativo, muito pelo contrário, eu tinha plena consciência do meu lugar ali dentro”, citou Tony.

“Então a gente tentou e o acordo era que, enquanto ‘não aparecesse nada, eu estou com vocês.’ Vamos tentar, temos tempo. Se você for pensar que eu já assinei um contrato para uma corrida que é em maio, de uma corrida só, é muito antes isso e é muito atípico isso acontecer nos dias de hoje. Mas eu acho que é um fruto do meu ótimo trabalho nas 500 Milhas e uma coincidência de algumas coisas e aconteceu”, seguiu.

Tony Kanaan vai em busca da segunda vitória na Indy 500 (Foto: IndyCar)

Tony comentou sobre como informou Chip Ganassi da decisão de desembarcar na McLaren em 2023. O piloto revelou que o chefe de equipe entendeu a situação por ainda não ter nada garantido para oferecer ao brasileiro, que depois de duas temporadas guiando apenas em ovais na Indy, resolveu disputar apenas as 500 Milhas de Indianápolis em 2022.

“Sim, na verdade ele não tinha nada pra me oferecer nesse momento, ele falou ‘não vai ser justo eu mandar você esperar, porque depois pode não acontecer’. Ao mesmo tempo, eu falei ‘Chip, espero que você me respeite, que respeite a minha decisão, mas eu realmente não quero esperar’. Lógico que, de novo, ninguém discutiu com ninguém, mas cada um puxou pra um lado. Mas está tudo bem, a gente teve dois anos maravilhosos em relação à minha parte dentro da equipe, acho que eu consegui contribuir bastante e, não só ele, como outras equipes, viram o valor e o preço foi esse agora de receber três provas para poder fazer as 500 Milhas”, contou.

A primeira passagem de Kanaan pela Ganassi aconteceu entre 2014 e 2017. Apesar de uma vitória no ano de estreia, acabou deixando a equipe sem corresponder às expectativas e partiu para a Foyt em 2018. Ao encerrar o segundo ciclo na CGR, Tony sai com o sentimento de que cumpriu sua missão.

“Dever cumprido. Eu acho que eu entreguei exatamente o que eu tinha que entregar. A gente, no primeiro ano, a gente foi campeão e chegamos em segundo nas 500 Milhas com o Palou e esse a gente tinha quatro carros entre os doze primeiros. O que o Chip sempre tinha me pedido era para contribuir para que a equipe fizesse o melhor. Lógico que, individualmente, eu queria ter ganho. Então é uma sensação de dever cumprido, de que eu entreguei tudo o que eu podia, me dediquei, vocês que acompanharam esse ano viram também, dividindo meu campeonato de Stock Car e RSX, eu ainda fui para várias corridas, fiquei lá com o Jimmie Johnson, no timing stand dele, nos boxes. É uma sensação muito boa de que eu tive a oportunidade de agradecer essa segunda chance que me deram e de poder ir embora com uma sensação de dever cumprido”, completou.

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