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Em dia de rebelião satélite, Oliveira protagoniza conto de fadas em Portimão

Na primeira corrida em casa pela classe rainha do Mundial de Motovelocidade, o piloto da Tech3 conseguiu um grand chelem. E tudo isso em um dia em que o melhor resultado de uma fábrica foi um quarto lugar

Miguel Oliveira venceu duas vezes e foi um dos destaques da temporada (Foto: Red Bull Content Pool)

Miguel Oliveira venceu duas vezes e foi um dos destaques da temporada (Foto: Red Bull Content Pool)

 

A última corrida de 2020 pode não ter sido uma loucura compatível com o que aconteceu nesta temporada, mas nem por isso deixou de ser um final adequado. Em um ano onde as fábricas muitas vezes foram ofuscadas pelas estruturas satélites, Miguel Oliveira foi dominante no GP de Portugal deste domingo (22) para liderar um pódio 100% livre de equipes oficiais.

Correndo em casa pela primeira vez na classe rainha, Oliveira foi perfeito e fez um grand chelem justamente na despedida da Tech3: além da pole, o piloto da moto #88 liderou cada uma das 25 voltas, estabeleceu 1min39s855 como melhor volta da corrida e ainda venceu com 3s193 de vantagem.

Protagonistas do GP da Comunidade Valenciana, Jack Miller e Franco Morbidelli voltaram a se enfrentar, desta vez com o australiano levando a melhor em um confronto na última volta. No dia em que se despediu da KTM para partir para a Honda, Pol Espargaró não conseguiu nem pódio e nem a sonhada vitória, mas foi o melhor entre os oficiais, cruzando a linha de chegada na quarta colocação.

Oliveira comemora a segunda vitória de 2020 (Foto: Red Bull Content Pool)

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Até aqui, o último pódio apenas com pilotos satélites tinha sido registrado no GP do Catar de 2004, quando Sete Gibernau e Colin Edwards fizeram uma dobradinha para a Movistar Honda e Rubén Xaus foi terceiro pela D’Antin Ducati.

No placar final da temporada, a vantagem ficou com as menores no quesito vitórias: satélites 8 x 6 fábricas.

“É o formato das coisas e realmente de como as estrutura foram construídas e o negócio em torno das equipes. É possível ter o mesmo material, fornecido por uma equipe de fábrica para uma satélite, e cabe ao piloto fazer o trabalho dele”, disse Oliveira. “Claro, não seria uma surpresa se tivermos no futuro um campeão de uma equipe satélite, mas realmente depende de como a equipe em si lida com tudo. Não vejo motivo para, neste momento, equipes satélites não terem uma performance melhor do que as equipes de fábrica, especialmente no próximo ano, já que não teremos um grande desenvolvimento nas motos”, seguiu.

“A experiência adquirida neste ano vai compensar. Vai dar para encontrar coisas pequenas para ter uma performance melhor na próxima temporada”, indicou, considerando que o desenvolvimento foi congelado como medida para conter os gastos por causa da pandemia.

Mais experiente entre os três, Miller lembrou que o resultado de hoje é fruto de um processo, já que até poucos anos atrás, a situação era diferente. Em 2016, o australiano encerrou em Assen um jejum de dez anos sem vitórias de equipes privadas. Na época, Jack corria pela Marc VDS, usando uma Honda RC213V-RS, um protótipo na configuração Aberta, que contava com uma versão padrão do software fornecido pela Magneti Marelli.

Franco Morbidelli e Jack Miller completaram o pódio (Foto: SRT)

“Eu tive sorte de estar por aqui para passar por algumas eras nas equipes satélites. De chegar com a Honda Aberta lá atrás, fui eu que quebrei o recorde de dez anos, da seca de dez anos. E aí sento aqui hoje com três de nós no pódio. É algo que nem dava para imaginar”, comentou. “Mas, como Miguel disse, é uma coisa constante. Primeiro, foi a Honda com Cal [Crutchlow], dando a ele o equipamento de fábrica na garagem satélite. Depois, foi a Ducati com Danilo [Petrucci] e Scott [Redding]. Eles tinham essa coisa de que o vencedor do campeonato entre eles teria a moto de fábrica no ano seguinte. Aí, cada uma das fábricas começou a dar este apoio para as equipes satélites. E agora são três caras no pódio, todos em equipes que não são de fábrica e é incrível ver o quão longe a MotoGP cresceu só neste tempo em que eu estou aqui. Em cinco anos”, sublinhou.

“É ótimo de ver e espero que no futuro possamos ter mais, porque é ótimo ver os caras chegando na temporada de estreia. Franky esteve na mesma posição que eu, com um equipamento para fazer o melhor que pudesse, e agora temos um pouco mais de apoio e os resultados aparecem. Nós tivemos de construir isso, mas outros caras chegam da Moto2 e imediatamente são rápidos, com ótimo apoio. É legal de ver isso. Não precisar desses três ou quatro anos para escalar para o topo em termos de equipamento”, considerou.

Morbidelli lembrou que a melhora na performance das satélites também força os pilotos de fábrica a saírem da zona de conforto.

“Acho também que é melhor para o espetáculo. E ajuda o processo de crescimento natural do nível do campeonato. Quando os pilotos de fábrica estão apenas acima dos pilotos satélite, tecnicamente, podem se acomodar um pouco, relaxar”, opinou. “Agora, a situação na MotoGP faz com que os pilotos de fábrica estejam sempre e constantemente tentando estar na frente dos pilotos satélites e os satélites constantemente tentando mostrar o potencial deles para os caras de fábrica, então isso é algo que acho que ajuda o crescimento do nível e de tudo mais na MotoGP. Os pilotos vão treinar melhor, focar mais, se atentar mais aos detalhes só porque a competitividade do campeonato é maior”, ponderou.

Pol Espargaró foi o melhor entre os pilotos de fábrica (Foto: Red Bull Content Pool)

Embora a corrida da classe rainha não tenha sido um espetáculo cinco estrelas, é bom destacar que Portimão não foi apenas um bom tampão para uma temporada tumultuada pela pandemia do novo coronavírus. O traçado do Algarve mostrou ter totais condições de ser presença fixa na programação. Especialmente quando os fãs puderem estar de volta. Afinal, a torcida e Oliveira merecem a chance de comemorarem juntos.

“Sabia que tinha um ritmo bom, mas como disse ontem, era um pouco imprevisível o que aconteceria com os pneus depois da metade da corrida. Surpreendentemente, continuei fazendo [1min]40s1, 40s2 bem fácil sem correr muitos riscos, então os pneus aguentaram muito bem” falou. “Com cinco voltas para o final, realmente comecei a pensar em muitas coisas, então decidi perder alguns décimos e só tentei curtir o máximo possível. Em determinado momento, honestamente só queria que a corrida terminasse mais cedo. Liderei do começo ao fim, foi uma boa experiência para mim, Curti na moto, tive um pouco de pressão, mas consegui lidar com isso, o que foi o mais importante”, finalizou Oliveira.