Com figuras carimbadas na Arábia Saudita, Dakar abre calendário 2021 do automobilismo

A pandemia chegou a criar incertezas, mas o Rali Dakar acontece normalmente em 2021. A competição acontece inteiramente na Arábia Saudita, reunindo os astros da modalidade para dar a largada na temporada do esporte a motor

2021 já é realidade. O ano virou e, com ele, chegou a hora de aproveitar o primeiro evento de esporte a motor: o Rali Dakar, que parte para sua segunda edição na Arábia Saudita. Com o começo das atividades marcado para este domingo (3), é hora de analisar os detalhes da disputa, indo da trajetória aos favoritos de cada categoria, passando pelos representantes brasileiros no rali mais famoso do mundo.

O trajeto a ser percorrido é simples: Jedá, principal centro financeiro da Arábia Saudita, é palco da largada e da chegada do Dakar. A ideia inicial era expandir a disputa e incluir países vizinhos do Oriente Médio, mas a pandemia forçou uma mudança de planos. Com a dificuldade de atravessar fronteiras, ficou decidido por seguir em um país só.

Antes do primeiro estágio, há o tradicional prólogo a ser realizado em Jedá, determinando a ordem de partida no primeiro estágio. São apenas 11 quilômetros no sábado, dia 2. A tropa do Dakar nem sai da cidade, o que só acontece no domingo, dia 3. Os participantes vão para a cidade de Bisha em um deslocamento de 622 quilômetros, dos quais 277 contam para a cronometragem de tempos. O trecho pode parecer longo, mas não se engane: é um dos estágios mais curtos, com a média diária de quilômetros cronometrados variando na casa dos 400.

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O Rali Dakar superou adversidades para acontecer em 2021 (Foto: Reprodução)

No dia 4, segunda-feira, o destino é a cidade de Wadi ad-Dawasir, ainda na região sul da Arábia Saudita. São 457 quilômetros cronometrados em um estágio que promete ser dos mais exigentes. A caravana do Dakar segue na mesma cidade na terça-feira, 5, realizando estágio mais curto, sem sair das redondezas.

Na quarta-feira, 6, o quarto estágio leva o Dakar à capital saudita, em Riyadh. Será o maior deslocamento, de 813 quilômetros. Curiosamente, o trecho cronometrado é relativamente curto – 337 quilômetros. Passagens por Buraydah e Ha’il, incluindo estágios respectivamente de 419 quilômetros e 485 quilômetros, levam ao encerramento da primeira semana do rali. É aí, em 9 de janeiro, que os participantes ganham um dia de descanso antes de partir para os últimos seis de disputas.

Após o dia de folga, a caravana do Dakar volta à ativa com o estágio maratona. A etapa, intensa também por uma série de dunas ao longo dos primeiros 100 de 471 quilômetros, leva todo mundo até Sakaka, já no norte da Arábia Saudita. Na aproximação de Neom, destino do oitavo de 12 estágios, o panorama fica menos arenoso, com as dunas virando coisa do passado.

Neom segue como a casa do Dakar 2021 no nono estágio, que por lá começa e termina. Trata-se de um raro flerte da competição com a água, com o Mar Vemelho próximo do traçado a ser percorrido. Isso pode soar como indicativo de um terreno mais plano, mas não é necessariamente assim, como bem prova o décimo estágio: a ida até Al Ula reserva uma região montanhosa, sempre aumentando o risco de falhas mecânicas e abandonos.

Ricky Brabec tenta defender o título entre as motos (Foto: Honda)

Só que o dia que promete ser verdadeiramente decisivo no Dakar 2021 é o seguinte, o do 11° estágio. Além de ser o penúltimo dia de competição, trata-se também do mais longo, com 511 quilômetros cronometrados. O destino é Yanbu, já não muito distante da linha de chegada em Jedá. O deslocamento entre essas duas cidades é um dos mais curtos, com 225 quilômetros. Ao fim do 12° estágio, chega ao fim também o Dakar.

O Rali Dakar 2021 não tem grandes novidades no que diz respeito às classes: motos, carros, caminhões, quadriciclos e UTVs dominam as atenções, as existe a nova classe dos clássicos, carros e caminhões construídos antes do ano 2000 ou com especificações pré-2000 e que terá uma rota diferente, que se encaixe com esses veículos mais antigos. São 26 inscritos nos clássicos e, como se trata de uma competição nova, os favoritos ainda estão por ser decididos.

Destas classes mais estabelecidas, as motos é que contam com o maior número de inscrições: 108. Quem tem menos é a categoria dos quadriciclos, com 21. Ao todo, 322 inscritos fazem parte do Dakar 2021.

MOTOS

Dentre os mais de 100 inscritos nas duas rodas, o #1 fica com o atual campeão, o estadunidense Ricky Brabec. Ainda como piloto da Honda, fábrica que defendeu em 2020 para quebrar a histórica sequência de 18 títulos seguidos da KTM. A montadora japonesa não vencia nas motos do Dakar desde o distante 1989.

Entre campeões dos últimos anos, a competição conta com outros três – todos ainda defensores da KTM pela qual foram vencedores. O #3 é Toby Price, dono da glória máxima em 2016 e 2019, além de terceiro colocado em 2015, 2018 e 2020 – sempre perto da conquista. Sam Sunderland, campeão de 2017, terá a moto #5, ao passo que Matthias Walkner, vencedor em 2018 e vice em 2017 e 2019 estará na motocicleta #52.

O eslovaco Štefan Svitko será o dono da KTM #11. Além de lenda do Dakar, que já disputou ao menos dez edições do rali, ainda foi o vice-campeão em 2016; outro vice dos últimos cinco anos, 2018, é o argentino Kevin Benavides. O latino estará na Honda #47 na edição 2020 do Dakar.

O representante mais destacado da Husqvarna é o chileno Pablo Quintanilla, com a moto #2. O terceiro colocado de 2016 segue um dos grandes candidatos ao título inédito. Gerard Farrés Guell, outro que terminou no top-3 das motos em 2017.

Além do quê, há uma série de inscritos com a designação de lendas do Dakar. São eles: o espanhol Juan Pedrero García #17, o eslovaco Ivan Jakeš #23, o romeno Emanuel Gyenes #29, o tcheco David Pabiška #37, o espanhol Joan Barreda Bort #88, o sérvio Gabor Saghmeister #89 e o francês Willy Jobard #127. Ainda tem Laia Sainz, principal, pilota do rali internacional na atualidade, no #44 da Gas Gas.

Carlos Sainz teve sucesso no Dakar em 2020 (Foto: Reprodução/Twitter)

CARROS

São 67 competidores inscritos nos carros. O primeiro deles, evidentemente, é Carlos Sainz. Campeão em 2010, 2018 e 2020, o pai do piloto da Ferrari na Fórmula 1 está em grande momento da carreira mesmo perto de completar 59 anos de idade. E, assim, defende a Mini no carro #300 em 2021.

O Monsieur Dakar Stéphane Peterhansel, sete vezes campeão nos carros e seis nas motos, está a bordo do #302 também da Mini. Nasser Al-Attiyah, no Toyota #301, é outro tricampeão na batalha.

Estes três competidores, Sainz, Peterhansel e Al-Attiyah, são os vencedores das seis edições desde 2015 e de quase todas as edições desde 2010 – a exceção é 2014. Naquele ano, o campeão foi Nani Roma, espanhol que está com um carro Prodrive BRX Hunter, no #311. Campeão de 2009, o sul-africano Giniel de Villiers está no Toyota #304.

O multicampeão do WRC e vice do Dakar em 2017, Sébastien Loeb, está com o BRX Hunter #305 na busca do primeiro título do maior off-road do planeta. Cyril Despres, pentacampeão nas motos e terceiro colocado nos carros em 2017, está no Peugeot #314.

Há outros pilotos com a etiqueta de lenda do Dakar: o polonês Jakub Przygoński #307, o argentino Orlando Terranova #309, o holandês Erick van Loon #313, os franceses Dominique Housieaux #321, Ronan  Chabot #322, Christian Lavieille #326, Jean Pierre Strugo #336 e Marco Piana #369, os espanhóis Isidre Esteve Pujol e Manuel Pérez Plaza, o lituano Antanas Juknevičius, o japonês Akira Miura e o holandês Tim Coronel.

Os brasileiros na disputa são Marcelo Gastaldi, com Lourival Roldan – também lenda do Dakar – como copiloto. No carro #358, piloto estreante e copiloto lendários estarão a bordo de um Century C6. Já a dupla Guilherme Spinelli e Youssef Haddad estão de volta ao Dakar após cinco anos de ausência. E com uma mudança de última hora: pela equipe veterana X-Raid, estarão num Mini All4Racing, em vez do planejado Mitsubishi L200 Triton Sport Racing.

A categoria de UTVs compete em 2021 sem seu campeão de 2020 (Foto: Reprodução)

UTVs

A terceira classe com mais inscritos no Dakar 2021 é a dos UTVs, com 58 participantes. Mas o campeão de 2020, o norte-americano Casey Currie, declarou ausência por conta da pandemia do novo coronavírus. Ele promete participar novamente em 2022, mas, por hora, ficará de longe e com a promessa de divulgar podcasts sobre o rali.

O campeão de 2019 é o chileno Francisco López Contardo, o ‘Chaleco’ López, que vai para a competição no UTV da Can-Am #401. Ao lado dele, está Juan Pablo Latrach Vinagre.

Os dois primeiros campeões da classe, nos anos de 2017 e 2018 foram duplas brasileiras. A dupla de 2018 foi desmembrada. O piloto Reinaldo Varela está no UTV #404 da Can-Am, mas terá Maykel Justo como copiloto. Gustavo Gugelmin, vencedor como copiloto daquela edição, acompanhará o piloto estadunidense Austin Jones, no Can-Am #408. Já Leandro Torres, piloto vencedor de 2020, está fora do rali, ao passo que Lourival Roldan, como destacado, está na competição dos carros.

Vice-campeões em 2020, a dupla russa Sergey Kariakin e Anton Vlasiuk estão no Can #382 na Snag Racing; já Gerard Farrés Guell, ao lado do também espanhol Armand Monleon, estão no Can-Am #405. Farrés Guell já ficou entre os três primeiros das motos e foi vice nos UTVs em 2019.

Além destes, os pilotos-lenda inscritos para os UTVs estão a italiana Camélia Liparoti #391, o holandês Kees Koolen com o compatriota Jurgen van den Goorbergh, o tcheco Josef Macháček. Há também copilotos considerados lendas. Ao lado de Kris Meeke, veterano do WRC, está Wouter Rosegaar; Jean Brucy acompanha Jean Remy Bergounhe, Rafal Marton está ao lado de Marek Goczal, Rafael tornabell Córdoba está com Ferdinando Brachetti Peretti, enquanto Steven Griener, copiloto de Patrice Garrouste, no vice de 2018, está com Jeremie Warnia.

Andrey Karginov vem para mais um título em 2021? (Foto: Reprodução)

CAMINHÕES

Dos 42 inscritos na competição dos caminhões, quem chega com favoritismo é o grande dominador do Dakar 2020: Andrey Karginov. O russo está no #500 da Kamaz. Campeão do ano passado e de 2014, Karginov venceu sete das 12 especiais de 2020. Já o tricampeão entre os anos de 2017 a 2019, Eduard Nikolaev, trabalhará será o braço-direito do chefe da Kamaz, Vladimir Chagin, em termos técnicos e de organização.

Vencedor em 2015, Airat Mardeev está no #509 da Kamaz, enquanto o vice do ano passado, Anton Shibalov e o vice de 2017 e 2019, Dmitry Sotnikov, também defendem a Kamaz nos caminhões, respectivamente, #501 e #507. Siarhei Viazovich, de Belarus, está no #502 da MAZ e tenta o primeiro título após ser segundo colocado em 2018.

O único não-russo campeão na última década, o holandês Gerard de Rooy, está fora da disputa de 2021 por conta da decisão da Iveco de se ausentar nesta edição do Rali Dakar.

Quem faz a estreia nos caminhões é o chileno Ignacio Casale, três vezes campeão nos quadriciclos, inclusive em 2020. Casale debutará no caminhão #517.

Os pilotos-lenda nos caminhões são: o tcheco Aleš Loprais #504 e Tomáš Tomeček #538, os holandeses Martin van den Brink #506, Gert Huznik #511, Pascal de Baar #515 e Richard de Groot #525, o japonês Teruhito Sugawara #508, os espanhóis Alberto Herrero #521 e Jordi Juvanteny #526, o alemão Mathias Bahringer #522, o italiano Giulio Verzeletti #535, o húngaro Zsolt Darzsi #539, o andorrano Jordi Ginesta #547 e o francês Sylvain Besnard #549.

QUADRICICLOS

Nesta classe, 21 inscritos lutam pela conquista do Rali Dakar 2021. O atual campeão, Casale, como destacado, está nos caminhões para este ano. Desta feita, o destaque de campeões está para o argentino Nicolas Cavigliasso, no quad #150, da Yamaha.

Além do argentino campeão em 2019, o polonês Rafal Sonik, vencedor em 2015, também está na competição com um Yamaha: o #151. Sonik é o único dos inscritos, aliás, que detém o selo de lenda do Dakar.

Apesar de contar com apenas dois competidores novatos, a disputa dos quadriciclos tem grande mudança de guarda: tirando Cavigliasso e Sonik, nenhum dos pilotos que esteve nos top-3 desde a inclusão da classe no Dakar, em 2009, está no combate.

Estão na disputa, porém, outros quatro vencedores de especiais em 2020. São os poloneses Kamil Wisniwewski e Arkadiusz Lindner, nos quadriciclos #155 e #170, o francês Romain Dutu, no #157 e o chileno Giovanni Enrico, no #159.

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