Etapa 3
Bacabal (MA) – Barra do Corda (MA): etapa Maratona
Deslocamento inicial: 106 km
Trecho cronometrado: 149 km
Deslocamento final: 19 km
Total percorrido: 274 km
A grande novidade da 20º edição do Rali dos Sertões foi a inclusão dos UTVs. O veículo é derivado dos quadriciclos, mas compreende um banco adicional, destinado ao navegador, e também uma gaiola, sendo um pouco mais seguro que o quadri. Ainda assim, neste começo de prova, dois UTVs ficaram pelo caminho e pela mesma razão. Na abertura do Ral idos Sertões, Robert Nahas, que competia ao lado do luso Nuno Fojo, teve seu bólido destruído pelo fogo. Um dia depois foi a vez de Carlinhos Ambrósio e Dionízio Silva Neto sucumbirem às chamas e deixarem a competição.
Os dois pilotos, que guiaram UTVs fabricados pela Polaris, enfrentaram o mesmo tipo de problema, na bomba de combustível. Nesta terça-feira, no trajeto da primeira etapa Maratona do Rali dos Sertões, entre Bacabal e Barra do Corda, Sylvio de Barros quase enfrentou o mesmo problema, mas conseguiu chegar ao destino da terceira especial do Sertões.
Ao Grande Prêmio, Bruno Sperancini, Jason Oliveira e Cacá Clauset deixaram claro que a prioridade é chegar ao fim da prova, em Fortaleza, priorizando assim a cautela em detrimento da velocidade. Ambos deram suas opiniões sobre o assunto e divergiram quanto à preocupação com novos incêndios nos UTVs.
Sperancini, atual líder do Brasileiro de Cross-Country nos UTVs, vencedor da etapa Maratona desta terça-feira (21) e o único que corre no Sertões com um protótipo, minimizou os problemas enfrentados por Nahas e Ambrósio. “Foram problemas pontuais, com tanques específicos, importados. Então é preciso ter tranquilidade, porque os outros não tiveram problemas. Todos eles estão equipados com extintor de incêndio, então esperamos não ter mais problemas”, comentou o piloto, que corre ao lado do navegador Thiago Vargas.
Jason Oliveira, quarto colocado do dia, tem opinião bem diferente. Na contramão de Sperancini, o piloto, que tem experiência na Stock Jr., se mostrou bastante preocupado com o que aconteceu no início do Rali dos Sertões, ainda mais por contar com o mesmo equipamento de Nahas, Ambrósio e Barros. “Tudo preocupa. Ontem fui atrás deles para ver o que está acontecendo. Eles acham que é o tanque de gasolina, ou a bomba de gasolina. Eles trocaram o original por uma mais forte, aumentou muito a pressão, a válvula não aguenta e racha. Mas é estranho, é preocupante”, afirmou o parceiro de Marcos Lara.
Cacá Clauset, experiente piloto cross-country e vencedor do Rali dos Sertões de 1996 nos carros, entende que não há motivos para preocupação e considerou os incêndios com os dois UTVs fatos isolados. “Foram dois problemas pontuais com o equipamento instalado. Os equipamentos que pegaram fogo foram instalados pela mesma pessoa. Às vezes isso acontece. No caso, o mais grave foi o tanque de combustível, que não foi bem instalado, ou estava com defeito. Não dá muito para saber, até porque os carros ficaram destruídos.”
Contudo, Clauset entende que os incidentes não vão prejudicar o desenvolvimento dos UTVs como categoria em uma competição da envergadura do Rali dos Sertões. “Isso não tem nada a ver com a categoria, nem com os outros carros. O UTV veio para ficar, veio para ser uma categoria de ponta, só falta o ar condicionado. (risos)”, disse Cacá nos 35ºC de Barra do Corda.
Quanto à resistência dos UTVs, Sperancini entende que, na primeira participação da categoria em uma prova de longa duração, o mais importante é, antes de tudo, chegar ao fim. Tudo em nome do aprendizado. “O problema da prova é completar. É o primeiro ano dos UTVs, todo mundo está aprendendo. Tivemos alguns problemas de quebra, teve outros pilotos com problemas de incêndio e saíram da prova. Mas é um ano de aprendizado.”
Antes do resultado e do cronômetro, a preocupação de Bruno é manter o equipamento intacto e se garantir entre os ‘sobreviventes’ até o fim do primeiro Sertões da história dos UTVs. “Quem quebrar menos vai chegar ao final. Quem acelera muito anda rápido, quebra especial, mas nem sempre ganha o Sertões. Já vi muita gente assim. Então a ideia é completar o rali.”
Por sua vez, Jason falou que precisa adotar uma abordagem completamente diferente do que estava acostumado antes, na Stock Jr. É apenas a sua segunda prova em um UTV, e seu primeiro Rali dos Sertões. No Norte-Nordeste do Brasil, Oliveira diz que encara um universo distinto em sua carreira como piloto.
“A principal diferença é que, em um carro de corrida, você tem de acelerar ao máximo, tirar o máximo dele. Aqui não. Se você tirar o máximo, o carro não aguenta. Precisa ter cabeça para não acelerar tudo o que você pode. Mas é super prazeroso. É diferente de guiar um carro de corrida, mas o prazer é enorme”, salientou.
A palavra de ordem Cacá também é ‘chegar’. “É esquecer dos outros competidores. É correr para chegar em Fortaleza. O Rali dos Sertões é uma prova muito dura, muito diversificada, onde você tem areia, poeira, daqui a pouco tem pedra, areia de novo”, destacou Clauset, reforçando a importância de primeiro manter em bom estado seu equipamento para, depois, pensar em resultados em Fortaleza.