Barrichello cruza linha de chegada lado a lado com Camilo em batalha incrível para vencer Corrida do Milhão
Rubens Barrichello venceu pela primeira vez na carreira na Stock Car neste domingo (3), em Goiânia, justamente na prova mais importante: a Corrida do Milhão. E foi espetacular
Espetacular. Mais uma vez, a Corrida do Milhão foi espetacular. A prova trocou Interlagos por Goiânia em 2014, mas, pelo terceiro ano seguido, teve um desfecho imprevisível e terminou com um feito inédito na Stock Car: a primeira vitória de Rubens Barrichello no campeonato mais importante do país.
Pole-position, Barrichello não teve vida fácil. Manteve a ponta durante mais da metade da prova, mas a ameaça de Thiago Camilo era enorme. O piloto do #21, duas vezes vencedor da Corrida do Milhão, tinha ritmo muito forte e certamente ultrapassaria o #111. Ultrapassou duas vezes. Só não esperava pelas duas ótimas manobras do cara que mais GPs disputou no Mundial de F1.
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Em um ‘jogo de xadrez’ que envolvia o uso do push-to-pass, Barrichello passou de volta uma vez no fim da reta. Passou outra entre as curvas 1 e 2. Depois de entrar lado a lado na curva 1, mas pela linha de dentro, deixou Camilo na parte suja do traçado, saiu com mais ação e agarrou de vez a ponta.
Nas voltas finais, Camilo preferiu se poupar para dar um bote que fosse definitivo. Esperou pela última curva, fez uma linha que o permitiu entrar por dentro na reta de chegada e recebeu a bandeirada lado a lado, porém metros atrás. 0s186. Hoje não.
Foi a primeira vez que o pole-position venceu a Corrida do Milhão e a primeira vitória de Barrichello na Stock Car. Na prova mais importante do calendário e em Goiânia, o circuito para o qual ele tanto disse que gostaria de voltar.
O pódio foi completado pelo companheiro de Camilo, Galid Osman, que bateu Átila Abreu na luta pelo terceiro posto. Júlio Campos e Antonio Pizzonia, que chegou a liderar parte da disputa antes de fazer seu reabastecimento, apareceram na sequência.
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Confira como foi a Corrida do Milhão da Stock Car:
Ao contrário do que havia acontecido em julho, a largada não teve nenhum momento tumultuado no Autódromo Ayrton Senna. Rubens Barrichello saiu bem da pole-position e manteve a ponta sem dar chances para Átila Abreu dar o bote. Allam Khodair se manteve em terceiro e Thiago Camilo que foi perder posições: três, caindo para sétimo. Mas logo tratou de recuperar um posto ao passar o companheiro de equipe Galid Osman.
A prova então seguiu calma. Os pilotos pareciam esperar pela primeira janela de pit-stops, que determinava a troca obrigatória de pelo menos um pneu. Também havia certa economia de combustível, especialmente para aqueles que pensavam em, de repente, completar os 50 minutos de prova sem reabastecer.
Camilo foi quem tentou animar o negócio. Demonstrando bom ritmo de corrida, fez uma bela ultrapassagem dupla sobre Júlio Campos e Valdeno Brito na reta dos boxes e depois foi buscar Khodair. A essa altura, na décima volta, a vantagem do líder Barrichello para Átila, o segundo, era de 2s2.
Barrichello foi aos boxes no final da 13ª volta, uma volta depois de Átila, trocou o traseiro direito e contou com um ótimo trabalho da Full Time para manter a vantagem para o segundo colocado. O pit da RCM também foi bom, e Camilo se aproximou bastante do #51. Rapidamente, entraria em modo de ataque.
Terminada a janela de pit-stops para troca de pneus, a ordem era Barrichello, Átila, Camilo, Khodair, Galid, Campos, Antonio Pizzonia — que foi o último a parar —, Rafa Matos, Daniel Serra e Valdeno.
Passou um pouco mais e Camilo já deu o bote em Átila para iniciar a perseguição ao ponteiro. Seu ritmo de prova parecia excelente.
E ao completarem a 18ª volta, os pilotos deram início à segunda janela de paradas, para reabastecimento. Átila a inaugurou, optando por trocar os dois pneus do lado esquerdo ao mesmo tempo. Khodair entrou no giro seguinte e Barrichello aguardou mais outra. Também trocaram pneus.
Na pista, a dupla da RCM alongou o stint, e Camilo parou para o pit decisivo da prova na 23ª volta. O trabalho foi um pouco lento na troca de dois pneus do lado esquerdo e manteve a ordem — apesar do #111 ter ficado momentaneamente preso atrás de Wellington Justino.
À frente de Barrichello, ainda haviam três pilotos que seguiam sem executar o reabastecimento: Pizzonia, Lucas Foresti e Felipe Lapenna. Restavam 15 minutos para o fim. Algum deles arriscaria? Lapenna foi o primeiro a desistir. Pizzonia tomou o mesmo caminho pouco mais tarde.
A dez minutos do fim, Foresti tinha 19s4 de frente para Barrichello, que precisava se defender dos ataques de Camilo. Mas parecia inevitável que ele resistisse até o fim sem uma intervenção do carro de segurança.
Camilo deu conta do recado e passou o carro da Full Time. Vitória nas mãos? Errado. Valendo-se do recurso do push-to-pass, o ex-F1 deu o troco na volta seguinte. Teve troco do troco, e com uma variável a mais: teve de ser no início da reta.
Um toque de Matos em Valdeno na entrada da reta dos boxes danificou a carenagem do #77 e fez furar o traseiro direito do carro prata e vermelho, deixando destroços enormes de carro na entrada da curva 1. (E no meio tempo, Galid passou Átila para ser terceiro após o pit de Foresti).
Nada que impedisse mais uma devolução de Barrichello na mais apertada das disputas: de novo, no fim da reta, mas com os dois rasgando lado a lado pela reta oposta até Rubens, pela linha de dentro, fazer valer a preferência na tomada da curva e retomar o primeiro lugar.
Camilo então esperou. Quis atacar apenas na reta de chegada. Um ataque feroz que fez os dois receberem a bandeirada lado a lado. Faltou um pouco mais para Camilo embolsar o terceiro milhão da carreira — ele que ganhou um também na reta de chegada, em 2012, em Interlagos.
Stock Car, Goiânia, Corrida do Milhão, classificação final:
1 | 111 | RUBENS BARRICHELLO | SP | FULL TIME Chevrolet | 52:22.650 | 36 voltas |
2 | 21 | THIAGO CAMILO | SP | RCM Chevrolet | +0.186 | |
3 | 28 | GALID OSMAN | SP | RCM Chevrolet | +10.258 | |
4 | 51 | ÁTILA ABREU | SP | AMG Chevrolet | +13.533 | |
5 | 4 | JÚLIO CAMPOS | PR | MICO'S Peugeot | +15.607 | |
6 | 1 | ANTONIO PIZZONIA | AM | MICO'S Peugeot | +16.818 | |
7 | 18 | ALLAM KHODAIR | SP | FULL TIME Chevrolet | +19.388 | |
8 | 0 | CACÁ BUENO | RJ | RED BULL Chevrolet | +20.229 | |
9 | 90 | RICARDO MAURÍCIO | SP | RC Chevrolet | +23.008 | |
10 | 11 | NONÔ FIGUEIREDO | SP | AMG Chevrolet | +24.266 | |
11 | 73 | SÉRGIO JIMENEZ | SP | VOXX Peugeot | +28.645 | |
12 | 65 | MAX WILSON | SP | RC Chevrolet | +29.142 | |
13 | 70 | DIEGO NUNES | SP | C2 Chevrolet | +30.529 | |
14 | 12 | LUCAS FORESTI | DF | BASSANI Peugeot | +33.429 | |
15 | 88 | FELIPE FRAGA | TO | VOGEL Chevrolet | +33.773 | |
16 | 5 | DENIS NAVARRO | SP | VOXX Peugeot | +33.900 | |
17 | 10 | RICARDO ZONTA | PR | RZ Chevrolet | +38.531 | |
18 | 83 | GABRIEL CASAGRANDE | PR | C2 Chevrolet | +44.078 | |
19 | 25 | TUKA ROCHA | SP | RZ Chevrolet | +44.534 | |
20 | 100 | BIA FIGUEIREDO | SP | PRO GP Chevrolet | +45.402 | |
21 | 110 | FELIPE LAPENNA | SP | HOT CAR Chevrolet | +54.890 | |
22 | 74 | POPÓ BUENO | RJ | WA MATTHEIS Chevrolet | +1:09.845 | |
23 | 26 | WELLINGTON JUSTINO | GO | BOETTGER Peugeot | +1:12.084 | |
24 | 82 | ALCEU FELDMANN | PR | HANIER Peugeot | +1 volta | |
25 | 29 | DANIEL SERRA | SP | RED BULL Chevrolet | +2 voltas | |
26 | 80 | MARCOS GOMES | SP | CARLOS ALVES Peugeot | +3 voltas | |
27 | 77 | VALDENO BRITO | PB | WA MATTHEIS Chevrolet | NC | |
28 | 72 | FÁBIO FOGAÇA | SP | CARLOS ALVES Peugeot | NC | |
29 | 7 | LUCIANO BURTI | SP | VOGEL Chevrolet | NC | |
30 | 2 | RAPHAEL MATOS | MG | HOT CAR Chevrolet | NC | |
31 | 7 | BETO CAVALEIRO | SP | HANIER Peugeot | NC | |
32 | 8 | RAFAEL SUZUKI | SP | PRO GP Chevrolet | NC | |
33 | 46 | VITOR GENZ | RS | BOETTGER Peugeot | NC |