Coluna Pisando Fundo, por Renan do Couto: Tudo sobre o começo de ano da Stock Car

Uma ótima corrida abriu a temporada da Stock Car e viu a volta do reabastecimento e problemas nos novos pneus, que também são bem mais rápidos que os antigos. Também foi a primeira prova com Carlos Col fora da Vicar de 1999

A temporada 2013 da Stock Car começou com uma ótima corrida em São Paulo. Os 40 minutos de prova foram imprevisíveis e vários pilotos brigaram pela vitória, decidida em um final emocionante. Cacá Bueno, Valdeno Brito e Átila Abreu bateram roda e trocaram ultrapassagens até a penúltima volta. Aí Átila saiu da briga e Cacá conseguiu evitar que Valdeno o superasse para conquistar sua 30ª vitória na Stock Car. Uma corrida daquelas de empolgar.

É um bom início para um campeonato que tem mudanças importantes: a principal delas é o retorno da Pirelli ao fornecimento de pneus. Estreia aguardada por pilotos e equipes e, no geral, bem avaliada, apesar dos problemas. Cinco pneus traseiros direitos estourarem mostra que algo precisa ser corrigido para evitar que isso vire um expediente comum ao longo do ano.

Eu estava lá em Interlagos desde sexta-feira, junto do Felipe Giacomelli, do Rodrigo Berton e do Felipe Tesser fazendo toda a cobertura da abertura desta temporada. Abaixo seguem alguns pitacos e algumas informações a respeito do que aconteceu no fim de semana, começando pelos pneus.

Antes, cabe uma breve apresentação. A coluna ‘Pisando Fundo’, que o primo e chefe nepotista Victor Martins me convidou a escrever a partir desta segunda, não será semanal. Ela será publicada nas segundas-feiras seguintes às provas da Stock Car e do DTM, e eventualmente após o WEC ou algum outro evento. Espero que gostem!

Cacá Bueno e Valdeno Brito brigaram até a última volta da corrida (Foto: Bruno Terena/Red Bull)

Pneus rápidos e constantes
A melhor volta da corrida de ontem foi de Valdeno Brito: 1min40s542. Em 2012, a melhor volta foi de Allam Khodair: 1min43s352. É uma diferença gritante, em alguns treinos, se mostrou ainda maior. Mas esse não foi o único elogio feito aos pneus Pirelli: eles possuem um decaimento pequeno. O desempenho dos Goodyear era bem ruim neste sentido. O tempo de volta dos pilotos variou pouco durante os 40 minutos de corrida.

Pilotagem também mudou
O fotógrafo Rodrigo Berton comentou isso comigo, e os próprios pilotos confirmaram: os carros estão muito mais rápidos nas curvas. Antes, era como se eles ficassem “parados”. É um dos motivos para o tempo de volta baixar tanto e o consumo de combustível subir, tornando o reabastecimento quase que obrigatório. Com os novos pneus, os carros também ficaram mais estáveis, mais fáceis de guiar. Ponto positivo.

Os problemas
O pneu traseiro direito de cinco carros apresentou problemas cuja causa ainda não é precisada pela Pirelli: Thiago Camilo, Julio Campos, Rubens Barrichello, Sérgio Jimenez e Denis Navarro. Além disso, fiquei sabendo que, se não para nos boxes para reabastecer aproveita para trocar o pneu, Fabio Fogaça também entraria nessa lista. Esses problemas foram constatados pela primeira vez em Tarumã, no ano passado, durante um teste privado. Aquela pista exige muito dos compostos, é verdade. Interlagos não exige tanto, mas mesmo assim os problemas se repetiram. Minha impressão, diante de tudo que ouvi em Interlagos: é uma questão de se descobrir melhor até onde é possível explorar esses pneus. Mas é preciso fazer isso rapidamente.

A questão da estratégia
Desde o momento em que foi determinada a obrigatoriedade do reabastecimento que a hipótese de se parar na primeira volta começou a ventilar. Mas a estratégia mais rápida não era essa, era parar por volta da décima volta, como fizeram Valdeno Brito e Átila Abreu. O único risco era o safety-car entrar na pista e toda a vantagem dos dois sobre os demais sumir instantaneamente. Cacá Bueno também pensava nessa estratégia, mas resolveu ir aos boxes quando viu que Rodrigo Sperafico havia rodado na primeira volta – vários outros pilotos o seguiram. Julio Campos entrou na terceira passagem, e admitiu que deveria ter dado algumas voltas mais usando o push-to-pass para abrir uma passagem maior. Átila parou na décima volta e voltou tranquilo à frente de Cacá Bueno, mas…

Pilotos entram nos boxes na primeira volta da corrida em Interlagos (Foto: Rodrigo Berton / Grande Prêmio)

Bomba de combustível ou pescador?
A cinco voltas do fim, uma luz de alerta acendeu no painel do carro #51. Imediatamente, Átila perguntou pelo rádio se todo o combustível havia entrado na hora do reabastecimento. “Mais do que precisava”, ouviu. O problema, portanto, não foi falta de combustível. A suspeita é de que a falha foi ou na bomba de combustível ou no pescador. Na penúltima volta, a situação se tornou insustentável, justamente quando Valdeno e Cacá se aproximaram para brigar pela vitória. Átila cruzou a linha de chegada na 12ª posição.

Vitor Genz
Fazendo sua primeira corrida na Stock Car, o gaúcho Vitor Genz liderou seis voltas. A estratégia da Gramacho era tentar não parar nos boxes. Seu companheiro, Rodrigo Pimenta, também atrasou ao máximo o pit-stop. Genz resistiu até a 20ª volta. Bastaria um safety-car um pouco mais longo para que ele conseguisse chegar ao fim, disse-me o campeão do Mini Challenge em 2012. Seria sensacional se o ano começasse com um estreante vencendo uma prova dessa maneira, e com uma equipe modesta dando um baile de estratégia nas grandes equipes.

Arrendondando
40 minutos de corrida já é pouco, e reabastecimento em corridas curtas é estranho. Mas, no momento, não há o que fazer, até que encontrem uma solução para permitir que os carros completem esse tempo sem precisar reabastecer. Nas próximas etapas, o expediente deverá ser o mesmo.

Novatos
Rubens Barrichello é o mais famoso dos novatos da Stock Car, mas nem de longe foi o que mais se destacou neste fim de semana. De notável, apenas a liderança no primeiro treino livre. Foram outros dois paulistas que se destacaram bastante: Sérgio Jimenez e Fabio Fogaça. Jimenez andou muito bem no treino classificatório, garantindo a quinta posição no grid. Mas uma largada ruim e um furo no pneu impediram um bom resultado. Fogaça se deu muito bem na corrida: com uma estratégia de parar o mais tarde possível, o filho de Djalma liderou por três voltas e teve a chance de brigar pelo pódio. Perdeu essa chance nos boxes, com uma entrada lenta no pit-lane e ao deixar o carro morrer na hora do reabastecimento. “Nenhuma outra categoria em que eu andei tinha reabastecimento”, lamentou. Fogacinha acabou em nono. Importante mencionar também Raphael Matos, que fez sua terceira prova na Stock Car, a primeira com a Hot Car, e terminou em décimo.

Campos na pole
Voltando ao sábado, vale comentar a pole-position de Julio Campos, sua primeira na Stock Car. Essa foi a primeira corrida de Campos na Mico’s. Chegou bem, o paranaense, que fez um ótimo ano correndo na Carlos Alves em 2012.

A Vicar sem Col
Carlos Col não é mais membro da Vicar, como publicamos no último sábado. Saiu em silêncio para tomar conta de um novo projeto. Ele pensa em CBA, e comenta-se que pode seguir trabalhando com a F3 – que continua sob a tutela da promotora da Stock Car. O silêncio deve ser quebrado em breve. Col criou a Vicar em 1995 e assumiu a Stock em 1999. É ele o responsável pela categoria ser o que é hoje – aí, julguem se isso é bom ou ruim.

Público pequeno
A olho nu, a impressão que ficou foi que poderia ter o dobro de gente nas arquibancadas de Interlagos. Para a principal categoria do país, dá para dizer que o público foi decepcionante. É um conjunto de fatores: o campeonato começou cedo, antes mesmo da F1 – o público geral ainda não está ligado no automobilismo; ingresso a R$ 40; menos espaço na TV Globo, que não passou a corrida. Um cenário bem diferente do que tivemos em dezembro, quando os ingressos para a Corrida do Milhão se esgotaram um dia antes da prova.

Grid formado e lugares vazios nas arquibancadas (Foto: Rodrigo Berton / Grande Prêmio)

 

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