Com destino mudado na Corrida do Milhão, Stock Car fecha 2014 com primeiro título de Barrichello em 23 anos

Desde a conquista da F3 Inglesa em 1991 que Rubens Barrichello não sabia o que era gritar campeão. O destino do piloto de 42 anos começou a mudar no dia 3 de agosto, com a vitória na Corrida do Milhão, que marcou o início de uma sequência que o levou ao título da principal categoria do automobilismo nacional. A trajetória da categoria nacional é o tema de hoje da RETROSPECTIVA 2014 do GRANDE PRÊMIO

No dia 3 de agosto de 2014, quase cinco anos depois do GP da Itália de 2009, Rubens Barrichello voltou a vencer uma corrida. Emocionante, aquela foi a sua primeira vitória na Stock Car — e justamente na prova mais importante da temporada, a Corrida do Milhão, realizada na nova pista de Goiânia. Foi um triunfo que marcou uma mudança no rumo do campeonato e que, quatro meses mais tarde, culminou no título.
Rubens Barrichello venceu a Corrida do Milhão (Foto: Bruno Terena)
Até chegar a Goiânia, após a longa pausa que a categoria fez para a Copa do Mundo, os números de Barrichello na Stock Car eram apenas modestos. Ele só tinha feito uma pole, em Cascavel. No campeonato de 2014, era apenas o quarto colocado na tabela, 19 pontos atrás do líder Marcos Gomes. Só a vitória já rendeu cinco posições e mudou o status do piloto dentro da categoria nacional.
 
Mas não foi apenas o crescimento de Barrichello que mudou o destino do campeonato. A própria categoria teve um dedo grande de participação nisso, com todas as mudanças que promoveu para a temporada 2014.
 
Qual é a chave do sucesso?
 
A introdução de rodadas duplas em nove das 12 etapas do calendário de 2014 deixou aquela pulga atrás da orelha: como se dar bem? O fato de o reabastecimento ser vetado entre as corridas logo trouxe à tona as estratégias kamikazes de se investir tudo em uma prova, a mais longa, abrindo mão da segunda.
 
Um dilema que começou a ser vivido na segunda prova.
 
Na primeira, disputada em duplas em Interlagos, apenas uma bateria foi realizada — e terminou com a vitória de uma jovem promessa: Felipe Fraga. Em sua estreia na elite do automobilismo brasileiro, Fraga, aos 18 anos, formou dupla com o experiente Rodrigo Sperafico e contou com uma estratégia certeira para subir degrau mais alto do pódio pela primeira vez na carreira.
 
O tocantinense largou na segunda colocação e se manteve na briga pela liderança até as paradas de box começarem. Ficando mais tempo na pista, entregou o carro para Sperafico na ponta depois que a troca da Red Bull foi lenta e prejudicou a dupla Cacá Bueno e Pato Silva. Dali em diante, Sperafico fez o que prometera ao colega: segurou a ponta e venceu. Fraga, ali, quebrou o recorde de precocidade de Thiago Camilo, até então o mais jovem vencedor da Stock Car.
Sperafico e Fraga comemoram a vitória em Interlagos (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)
 A categoria tornou a se encontrar em Santa Cruz do Sul, em abril, aí sim no formato de rodada dupla. Valdeno Brito venceu a prova longa, e Antonio Pizzonia foi outro piloto a vencer pela primeira vez no campeonato em uma emocionante corrida curta. A Voxx estava muito bem com Denis Navarro e Sergio Jimenez, mas ambos ficaram sem combustível nos metros finais. No caso de Jimenez, a realidade foi ainda mais cruel: ele entrou na reta de chegada como líder até faltar etanol e Pizzonia e Daniel Serra passarem.
 
No anel externo de Brasília, foi a vez de Átila Abreu, grande crítico do regulamento no início do ano por não gostar das tais estratégias kamikazes, fez uso delas para vencer. Largando da pole com o grid invertido, Thiago Camilo aproveitou bem a chance e ganhou. Fez o mesmo no começo de junho, em Goiânia, para já aparecer bem na briga. Na primeira prova, foi Fraga, de novo, quem levou.
 
Nesse meio tempo, já ia dando para perceber que talvez abrir mão da segunda corrida não seria a melhor das táticas: em Brasília, Julio Campos, sexto e segundo, foi quem mais pontuou.
 
Um novo campeonato após a Copa do Mundo
 
A longa pausa de dois meses entre as duas corridas em Goiânia, fruto da Copa do Mundo de futebol, terminou com o início de um novo campeonato. Além do trabalho feito nos bastidores durante esse período, outro fator importante foi o acúmulo de corridas em um curto intervalo de tempo — foram cinco etapas só em agosto e setembro. Foi quando separou-se o joio do trigo.
 
Para começo de conversa, já se vislumbrava a possibilidade de um campeão inédito surgir. Dos dez primeiros colocados, apenas Cacá Bueno, o sétimo na pontuação, tinha um título no currículo. Gomes, Valdeno, Átila, Jimenez, Campos, Camilo, Fraga, Barrichello e Pizzonia ainda sonhavam.
 
No Planalto Central, a Corrida do Milhão foi muito emocionante. Thiago Camilo fez o melhor que pode para tentar ganhar pela terceira vez o prêmio milionário, mas não foi capaz de se segurar à frente de Barrichello. O equilibradíssimo duelo nas voltas finais teve um belo “xis” do ex-piloto de F1, que conseguiu respirar depois disso e vibrou com a primeira vitória.
Thiago Camilo e Rubens Barrichello duelam na reta de Goiânia (Foto: Fernanda Freixosa/Vicar)
Emendou a segunda consecutiva duas semanas depois, em Cascavel, mostrando que não estava mais na Stock Car apenas no papel de figurante. Estava disposto a buscar o título, mesmo. Gomes ganhou na segunda prova, mas jamais voltou a andar realmente forte no restante do campeonato. As táticas kamikazes já haviam sido jogadas fora.
 
O terceiro fim de semana seguido com vitória de Barrichello quase aconteceu. Em Curitiba, sob chuva, ele e Ricardo Maurício duelaram ferrenhamente pelo triunfo na corrida curta, mas dessa vez foi o piloto da RC que mostrou excelência na tocada defensiva. Antes, Daniel Serra encerrara o jejum da Red Bull em prova encurtada por causa da tempestade.
 
No Velopark, Campos deveria ter vencido sua primeira prova, porém um disco de freio quebrado tirou o troféu que estava nas suas mãos. Foi só dois meses mais tarde, em Tarumã, que o paranaense acabou com a espera e se recolocou na disputa pelo título. Nesse meio tempo, Galid e Maurício ganharam no Velopark, e Camilo e Rafa Matos foram ao alto do pódio em Santa Cruz.
Dobradinha da Prati marca domingo em Tarumã (Foto:Duda Bairros)
Em Tarumã, aliás, a Mico’s se tornou o primeiro time a vencer duas vezes em uma rodada dupla, com Antonio Pizzonia na prova 2. E em Salvador, na única prova de rua do ano, mais dois pilotos triunfaram — o que levou a categoria a um total de 14 vencedores diferentes em 2014: Allam Khodair e Sergio Jimenez.
 
Sete contra Barrichello
 
Tamanho equilíbrio significou que, também por causa da pontuação dobrada na última etapa, oito pilotos chegaram a Curitiba com chances matemáticas de título. Na prática, a batalha estava entre Barrichello, Átila, Camilo e Campos. Pizzonia, Jimenez, Cacá e Khodair se viam em uma posição bem mais difícil.
 
Sem pestanejar, Barrichello anotou a pole-position. Só mesmo um contratempo grande para derrubá-lo.
 
E o susto veio nas voltas iniciais: uma poça de óleo na pista foi a casca de banana, e o piloto caiu para terceiro. Ali, permaneceu durante o restante da prova e sequer precisou fazer contas para comemorar o título. Uma conquista, sem dúvida alguma, merecidíssima.
Rubens Barrichello comemora título da Stock Car (Foto: Carsten Horst/Hyset)
“Nós tivemos um começo de ano bem difícil. O chassi não estava da maneira que a gente sonhava, mas, com todo o trabalho da equipe Full Time, conseguimos modificar o que faltou para mim no ano passado. Eu procurei saber o que o carro precisava de mim e o que eu precisava do carro. E aí a gente começou realmente a despontar e eu fiquei muito feliz”, explicou Rubens logo depois da derradeira prova da temporada.

O campeão ainda viu o triunfo na Corrida do Milhão como o ponto de virada do ano. “Acho que aquilo que realmente mudou o meu ano foi a vitória na Corrida do Milhão. Ali ficou claro que a gente tinha condições de lutar pelo campeonato. E hoje foi uma soma de tudo isso”, destacou. “A equipe me deu um carro sensacional pelos pontos. É um orgulho estar correndo com estes caras”, encerrou.

EM ANO DE MÁRQUEZ, MOTOGP FOGE DA MONOTONIA COM RENASCIMENTO DE ROSSI

Depois de surpreender o mundo do esporte com uma estreia espetacular, Marc Márquez voltou mais forte em 2014 e estendeu seu domínio na MotoGP. Mesmo com renascimento de Valentino Rossi e recuperação de Jorge Lorenzo, o piloto da Honda venceu as dez primeiras provas do ano — 13 no total —, mas não tornou o Mundial monótono.

Leia a RETROSPECTIVA MOTOGP 2014 no GRANDE PRÊMIO.

EM ANO DE DOMÍNIO DA PENSKE, POWER ENFIM GARANTE TÍTULO DA INDY 

A temporada 2014 da Indy teve emoção até o fim. Em ano dominado pela Penske, Simon Pagenaud foi o único a se meter na disputa entre os companheiros de equipe e brigou pelo caneco até a prova final em Fontana. Will Power foi o grande campeão, deixando Helio Castroneves com o vice pela quarta vez na carreira.

Leia a RETROSPECTIVA INDY 2014 no GRANDE PRÊMIO.

ENFIM, O ANO DA CONSAGRAÇÃO

A REVISTA WARM UP acompanhou de perto e traz todos os detalhes de como Rubens Barrichello viveu o fim de semana que voltou a lhe proporcionar o grito de ‘é campeão’: os erros e os acertos, o peso e o alívio, o filho que pergunta e antevê o título. "Já se sente campeão?", disse, na manhã da corrida decisiva. E o pai que sorri

Leia a reportagem completa na REVISTA WARM UP.

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