Conta-giro: Stock Car muda estratégia, adia introdução do carro novo e opta por atualizações de segurança para 2016

A JL, a empresa que fabrica os carros da Stock Car, decidiu mudar a estratégia para 2016 e vai adiar a introdução do novo carro. Apesar da manobra, a fabricante chefiada por Zequinha Giaffone optou por lançar mão de componentes novos para melhorar o atual modelo, priorizando a segurança. Entre as principais mudanças, estão o tanque de combustível e a caixa de direção

A Stock Car precisou mudar a estratégia que tinha traçado para 2016. A ideia original era fornecer às equipes e pilotos um novo carro, mas o cenário econômico no Brasil, entre outros fatores, fez a JL, a empresa que fabrica os bólidos da categoria nacional, alterar os planos para o campeonato. Ainda assim, os competidores terão em mãos na próxima temporada um modelo atualizado.

 
O trabalho da fabricante chefiada por Zequinha Giaffone ficou concentrado em melhorias relacionadas à segurança. As novas peças foram testadas à exaustão desde o ano passado, e vários componentes com conceitos diferentes também foram avaliados pelos engenheiros da fornecedora. 
 
Em entrevista ao GRANDE PRÊMIO, já após o encerramento dos testes, Giaffone falou um pouco mais sobre o desenvolvimento do carro e as atualizações que serão colocadas em prática já a partir da primeira corrida da temporada que vem. Ao todo, a JL realizou treinos em Goiânia, Piracicaba e em Cascavel.
Rodrigo Sperafico guiou o carro de teste da JL em Cascavel (Foto: Carsten Horst/Hyset)
“Na verdade, não é um carro novo”, afirmou Zequinha. “A gente decidiu mudar um pouco a estratégia, em março ou abril, não lembro exatamente. Nós estamos trabalhando em alguns upgrades no carro atual em componentes ligados à segurança, além de alguns pequenos problemas que tem o carro desde que nasceu. E agora meio que finalizamos os testes aqui em Cascavel. A princípio está tudo finalizado e pronto”, revelou o engenheiro.
 
O responsável pela JL contou que o foco esteve no aperfeiçoamento do tanque de combustível, agora em carbono e um pouco mais baixo. “O principal ponto com relação à segurança é o tanque de combustível. Nós vamos fazer esse tanque com materiais mais nobres, materiais diferentes do que a gente usa hoje. A posição é basicamente a mesma, mas ele vai ser mais reforçado”, explicou. 
 
Piloto que esteve ao volante do carro nos testes conduzidos pela JL em Cascavel, Rodrigo Sperafico contou um pouco mais sobre as mudanças e disse que o objetivo foi testar a confiabilidade dos novos componentes. “Toda a parte frontal do carro e o assoalho serão sendo feitos em fibra de carbono. Existe uma preocupação em melhorar o radiador e todo o fluxo de ar e refrigeração do carro, para gerar menos calor”, declarou o paranaense ao GRANDE PRÊMIO.
 
“O tanque de combustível e a caixa de direção também serão novidades. Então, andamos muito para testar a confiabilidade. Testamos junto com todo mundo em condições de corrida, em situações reais. E não tivemos nenhum problema, nenhuma quebra. Focamos o trabalho nos freios e na caixa direção também, portanto toda essa parte frontal foi avaliada e está tudo certo”, assegurou o piloto de testes, que chegou a participar de alguns treinos livres junto com os pilotos da Stock.
 
Sperafico ainda revelou que as carenagens podem sofrer mudanças para 2016. “Na verdade, para o ano que vem, a gente vai ter vários novos pequenos componentes e o que fizemos até aqui foi testar a resistência deles. O que pode mudar de mais visível para o ano que vem é estética das carenagens. Quer dizer, fomos testando esses novos componentes, enquanto ainda não há a troca do chassi, que deve acontecer mais para frente. Então, fomos melhorando o carro aos poucos”, acrescentou.
 
A preocupação com a melhoria da segurança foi corroborada por Maurício Slaviero, diretor da Vicar, a empresa que organiza e promove a Stock Car. O dirigente também confirmou a introdução do tanque e da caixa de direção. 
 
“A nossa prioridade é sempre a segurança, então nós fomos mexer primeiro com isso. O carro já provou ser muito seguro. Mas nós queremos sempre melhorar e nunca pode parar. Para o ano que vem, vai mudar o tanque de combustível e a caixa de direção, que foram os dois componentes que foram testados bastante”, explicou o empresário. 
Stock Car terá atualizações de segurança em seu carro para 2016 (Foto: Duda Bairros/Vicar)
Questionado sobre passos com relação ao novo carro, Slaviero  prefere aguardar o próximo ano. “Para 2017, a gente vai entender antes como vai estar a situação econômica do país, para então definir o que será colocado em prática”, completou.
 
As lições do acidente de Curitiba
 
A Stock Car viveu um fim de semana dramático neste ano. Na rodada dupla de Curitiba, realizada em 2 de agosto, a corrida 1 testemunhou um grave acidente entre Thiago Camilo, Felipe Fraga, Raphael Matos, Luciano Burti e Felipe Lapenna. 
 
Na décima volta da primeira prova curitibana, Camilo teve problemas e vinha lento pela pista na reta dos boxes quando foi acertado em cheio por Matos. Além dos dois, Burti, Lapenna e Fraga também foram envolvidos. A parte traseira do carro de Matos foi destruída.
 
Apesar da violência da batida – uma das mais fortes dos últimos anos na categoria —, todos os pilotos saíram ilesos. Camilo e Fraga, que chegaram a ser transportados para o hospital, não sofreram fraturas. Mas o piloto da RCM teve uma lesão no tornozelo esquerdo e precisou até de uma sapatilha especial para correr (e vencer) em Goiânia e Cascavel.
O que restou do carro de Felipe Fraga (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)
A pancada, claro, levantou questões sobre a segurança do carro da Stock. A JL revelou ao GP que promoveu um estudo minucioso sobre as circunstâncias da batida no autódromo paranaense e que, inclusive, algumas precauções serão tomadas no futuro para garantir a perfeita sobrevivência do habitáculo do piloto. 
 
Zequinha Giaffone se mostrou satisfeito em ver que o carro suportou a força do acidente, mas disse que ainda não é o ideal. “De fato, o carro se comportou bem, mas depois que se tem um acidente desses — porque não é possível ensaiar, simular uma batida dessa —, você percebe o tanto de coisa que dá para melhorar. Então, nós já estamos desenvolvendo novas peças para que em um eventual próximo acidente, a gente tenha um resultado melhor do que esse. Foi bom, mas poderia ter sido melhor”, afirmou o responsável pela JL. 
 
A opinião foi compartilhada também por Camilo. “O carro, com certeza, é mais seguro. Depois dos acidentes fatais do Rafael Sperafico, do Gustavo Sondermann e até do Laércio Justino lá trás, quando era gaiola ainda, houve uma grande evolução. Na verdade, a gente aprende muito com esses acidentes. Talvez se essas batidas não acontecessem, nós nunca saberíamos onde ainda é possível para melhorar. Sem isso, nós não estaríamos onde estamos agora, com toda essa evolução”, acrescentou Thiago ao GRANDE PRÊMIO.
 
Para o piloto, uma prova do bom desenvolvimento foi a introdução do banco em fibra de carbono, há três anos. “O carro é mais seguro, sim, e eu me sinto mais confortável dentro do carro, especialmente depois de um acidente como esse em que todos os envolvidos não saíram com lesões graves. Houve lesões, mas dentro das proporções do que foi o acidente… Por exemplo, o banco aguentou o impacto, ele passa por crash-test e tudo mais. Talvez, se fosse o antigo, não suportaria. Quer dizer, esse banco é uma evolução grande de segurança”, assegurou.
 

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“Só que, assim, não pode parar”. A frase é do três vezes vencedor da Corrida do Milhão. Camilo entende que esse acidente precisa deixar lições valiosas. “Já tiramos algumas coisas daquele acidente. Por exemplo, a batida do Fraga foi do lado direito, se fosse do lado esquerdo, provavelmente ele teria se machucado, especialmente na região das pernas e pés. Então, aí você já vê que a gente precisa de uma evolução neste sentido. No meu acidente, por exemplo, o meu pé sai debaixo ali da proteção onde tem os pedais, isso não pode acontecer, é algo a se pensar. Quer dizer, deu para ver que o carro é seguro, mas precisamos buscar essa evolução.” 
 
“Eu tenho certeza de que vamos conseguir. Na verdade, a gente aprende com esses acidentes. Eu conversei muito com o pessoal da JL, o Zequinha me ligou e foram eles que passaram esses dados da pedaleira”, emendou Thiago.
 
Zequinha seguiu a mesma linha do piloto e revelou que já há um estudo de como aperfeiçoar a proteção dos pés e pernas dos competidores. “Se o acidente fosse do lado dele [Fraga], acho que ele machucaria as pernas. Mas estamos cuidando disso, com novos componentes. Seria uma estrutura em carbono para proteger as pernas dos pilotos naquele lado ali. Neste momento, nós estamos terminando os estudos sobre tudo que envolveu o acidente, levantando todos os dados e informações, para já termos uma proposta de melhoria”, afirmou.
 
“Segurança nunca é demais. Risco sempre tem, mas precisamos aprender com os acidentes a minimizar os riscos”, finalizou Camilo.

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