Diários de Viagem: Tempestade, alguns escaravelhos e Mr. Lonely

O fim de semana em Cascavel começou com uma tormenta, passou por enormes insetos e foi a primeira cobertura deste repórter 100% sozinho pelo GRANDE PRÊMIO. Na pista, tudo saiu de lá empatado

Dentre as muitas coisas que eu jamais tinha feito, duas eram: conhecer o estado do Paraná e realizar completamente sozinho uma cobertura pelo GRANDE PRÊMIO. Bom, nada disso é mais verdade hoje, mas era até quinta-feira passada. Lá na sexta, bem cedinho, eu parti para riscar esses dois itens da minha lista.
 
Muito cedo, mais cedo do que seres humanos são programados para acordar, estava eu pronto para o aeroporto do Galeão. Cheguei até com sobras para partir a Foz do Iguaçu. Aqui, aliás, registro um alívio: na Corrida do Milhão, em Interlagos, fui informado que era isso ou um avião menor com pouso assustador direto em Cascavel. Fiquei bem aliviado que a opção foi a primeira.

Antes de seguir, um convite para vocês acompanharem todo o noticiário da Stock Car aqui.

 
Depois do voo e da viagem de carro – umas 3h – até Cascavel, a chuva chegou logo após eu me estabelecer na sala de imprensa, montada numa tenda depois do fim do paddock. O vento era assustador e começou arrancar as placas de isopor que serviam de teto abaixo da estrutura da tenda. O problema é que as partes de metal começaram a mexer. Quando a água começou a cair violentamente, não havia como ficar por ali. Com mochilas nas costas, saíamos, eu e uma porção de outros membros da imprensa, para algum refúgio mais seguro. 
A tormenta deixou coisas pelo caminho (Foto: Pedro Henrique Marum/Grande Prêmio)
O refúgio encontrado foi o box da Shell Racing. Entre o trabalho dos mecânicos e a passagem dos pilotos, estávamos lá, era um assentamento. Cerca de 40 minutos de uma incrível chuva de ventos até diminuísse um pouco e permitiu que a sala de imprensa servisse novamente a esse propósito. Não era o fim da chuva, que ainda seguiria caindo forte e dificultando os trabalhos, mas o vento diminuiu e parou de ameaçar a sala de imprensa. Ainda bem. 
 
Saí de lá muito molhado, confesso, porque andei pelo paddock na chuva em busca de entrevistas e alguns materiais para aquele dia e o seguinte. Sério, poucas sensações são tão desgostosas quanto andar com a meia molhada durante horas.
 
Era necessário que chovesse, porque fazia tempo que a cidade não recebia água – quando você passava na estrada a vegetação estava queimada, típico de um lugar em que o clima não está ajudando. 
 
O resto do fim de semana correu bem. O sábado viu sol, o domingo viu mormaço – e chuva depois da corrida, mas pouco. No divertido traçado de Cascavel, muito rápido, mais do que a chuva era a terra que atrapalhava na pista. Havia bastante, deixando a pista suja. Um recapeamento não cairia tão mal, a pista tem ondulações muito agressivas. Não é algo que torne o Autódromo Zilmar Beux proibitivo, mas uma reforma – que está nos planos – vai melhorar a situação.
 
Na pista, estava evidente, logo de cara, que Daniel Serra e Ricardo Maurício não estavam andando tão forte e que Thiago Camilo ia muito bem. Mesmo assim, foi enorme surpresa ver Maurício fora do Q2 no sábado, enquanto Serra classificava em quarto. E mais do que isso: Camilo perdia a pole para Gabriel Casagrande.
 
Casagrande estava muito rápido, mas as corridas são corridas. Não fosse o acidente de Bruno Baptista, provavelmente venceria. O safety-car que a batida rendeu tirou de Casagrande a possibilidade de abrir vantagem. No pit-stop, trabalho melhor para Felipe Fraga. Casagrande, claro, ficou chateado, mas acabou o dia como o cara que mais pontuou. A outra vitória foi de Átila Abreu, visivelmente muito feliz em vencer após o ano que teve.
Átila Abreu (Foto: José Mário Dias)
Fraga teve a corrida 2 atrapalhada por uma batida de Felipe Lapenna, que todo mundo viu e rendeu uma punição que irritou o piloto. Daniel Serra também reclamou de um toque de Valdeno Brito, embora tenha sido algo de corrida. É a complexa briga entre quem tem aspirações no campeonato e quem já não tem mais. 
 
O campeonato saiu animado. Serra e Maurício estão empatados, enquanto Camilo e Barrichello estão, respectivamente, 16 e 24 pontos atrás.
 
Em questões profissionais, o que resta é o desejo de que a Stock Car consiga segurar os pilotos por mais tempo no paddock após a prova. Entre reuniões e voos, muita gente vai embora bastante rapidamente. No aguardo dos vencedores e daqueles que vão ao pódio na corrida 2, a espera é longa. É preciso haver uma maneira de segurar os pilotos um pouco mais. Estou advogando em causa própria, sim, mas não só isso. Fora da TV aberta quase que completamente e limitada a dois dias de atividades em diversos fins de semana de 2019, a exposição midiática nunca foi tão necessária. Falar com a imprensa é exposição.
Os escaravelhos carnívoros de 'A Múmia' (Foto: Reprodução)
Por fim, insetos. Nenhum voou em mim, nada assim, mas vi escaravelhos de um tamanho que só havia visto em 'A Múmia'. Gigantes do tipo que poderiam reverter a realidade histórica e dar uma chinelada em mim. Felizmente eles se movem menos que as baratas.
 
Bom, creio que é isso. Depois de alguns anos, foi a minha primeira cobertura como solitário membro do GP. Lembrei da música da Adriana Calcanhoto e daquela que o Akon regravou nos anos 2000, mas é na real do Bobby Vinton. Ou 'All by Myself'. Sei lá.
 
Espero que tenham gostado da cobertura, agradeço a todos que ajudaram sem que tivessem obrigação [obrigado mesmo]. Estarei de volta em três semanas, no Velo Città.
 

Paddockast #38
CORRIDAS POLÊMICAS DA F1

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