Opinião GP: Feliz, Barrichello usa Stock Car não só para fãs o conhecerem, mas também se conhecer melhor

RUBENS BARRICHELLO SE ENCONTROU NA STOCK CAR. Quando foi obrigado a deixar a F1 no fim da temporada 2011, o veterano simplesmente se recusou a parar de correr. Uma aposentadoria forçada estava totalmente fora de cogitação. Ainda tinha energia e paixão genuína pelas corridas, por isso, nunca desistiu de voltar ao campeonato em que esteve durante 19 anos, mas o danado destino o levou para outros caminhos. 
 

Foi aos EUA na temporada seguinte, ajudado pelas mãos do amigo de toda vida Tony Kanaan. Porém, nem a companhia fraternal conseguiu mantê-lo na Indy. Rubens sofreu por lá. Tentou um pouco mais e, sem grandes perspectivas, decidiu fazer o voo de retorno para casa. E descobriu na série brasileira uma maneira de se manter competitivo e na ativa, o que, no fim das contas, era o que mais queria. Além disso, o ambiente não era tão estranho. O veterano sempre acompanhou o campeonato à distância e a esposa, Silvana, também faz parte do clã dos Giaffone, que tem grande participação na categoria.

Ainda em 2012 e aproveitando o fim do campeonato da série norte-americana, Barrichello finalmente acertou a participação na Corrida do Milhão, em Interlagos, mas acabou fazendo duas provas antes, em Curitiba e em Brasília. Logo depois da etapa especial em São Paulo, veio o acordo para a temporada completa pela Full Time. O ano foi de adaptação e aprendizado. Ainda assim, fechou a disputa com um pódio.

Na sequência, Rubens deu continuidade ao trabalho com a equipe de Maurício Ferreira. A primeira parte de 2014 foi complicada e marcada por resultados irregulares, mas a vitória na Corrida do Milhão mudou o caminho e colocou o piloto e o time no trilho do campeonato. Todas as oportunidades que surgiram foram aproveitadas, culminando com o título deste domingo (30) em Curitiba.

Barrichello foi o personagem do fim de semana paranaense, como se pode imaginar. Cercado por fãs a todo o momento, o experiente piloto nunca conseguia caminhar sem interrupções, sempre tinha mais uma foto para fazer. E a tensão que a decisão de um título poderia causar não o afetou.

Rubens se mostrou calmo e tranquilo durante todos os dias e conduziu tudo com muita naturalidade e bom humor. O destaque ficou para a corrida. Mesmo com o erro que entregou a liderança a Daniel Serra ainda na primeira volta, Barrichello soube se recuperar e tratou de jogar com as cartas que tinha na manga.

Mas mais do que isso, o título ajudou a revelar o momento que o recordista de GPs disputados na F1 vive. Barrichello está feliz. Genuinamente feliz. Como disse em vários momentos ao longo do fim de semana, Rubens se sente totalmente adaptado à Stock e muitíssimo à vontade. Ao que parece, soube tirar o que precisava da Stock e a Stock soube também proporcionar o que Barrichello precisava.

 

Mais de uma vez, Rubens disse que a Stock está lhe dando a chance de as pessoas o conhecê-lo. Mas talvez esteja lhe dando a oportunidade de também se conhecer melhor. E tirar um proveito ainda maior da experiência de 19 anos na F1.

As imagens da Stock Car em Curitiba
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Com os filhos já correndo de kart e sempre que possível ao lado do pai nas etapas, não é difícil também de perceber que o piloto de 42 anos está desfrutando de fato esse momento único. Em Curitiba, o veterano levou o motorhome ao circuito, dormiu na pista, fez churrasco, jogou bola com os meninos e não foi raro vê-los andando de bicicleta ou patinete na parte interna da pista. E esse clima só deve ajudar o paulista a perpetuar a participação na Stock.

Enquanto Barrichello tiver fôlego — e isso significa cultivar o amor que demonstrou em todos os dias —, Barrichello segue na Stock Car. Para desespero da mulher Silvana. Para o bem de quem gosta de ver um piloto entregue por sua paixão muito antes daquele título da F3 Inglesa.

O Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.

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