Para família faturar “milhão e dois”, Camilo encaixa largada perfeita e só lembra de dor no pé ao comemorar

A lesão no pé causada pela batida em Curitiba não impediu que Thiago Camilo guiasse no máximo para vencer a Corrida do Milhão neste domingo (16). Na verdade, a largada perfeita que tirou Camilo do 12º lugar começou a reação para a terceira vitória milionária do piloto na carreira

Quis a edição 2015 da Corrida do Milhão que os contornos dramáticos apontassem um dos lesionados após a gravíssima batida de Curitiba, Thiago Camilo, como o vencedor duas semanas depois. Em Goiânia, Camilo largou muito bem, guiou em grande estilo, viu a RCM trabalhar perfeitamente nos boxes e contou com alguma sorte também para vencer seu terceiro milhão.
 
Em entrevista exclusiva ao GRANDE PRÊMIO após a vitória, Camilo avaliou que fez uma largada com encaixe perfeito, ao sair do 12º lugar para se colocar no bolo da frente. Dali em diante, sempre pareceu na briga. Passou o então líder Daniel Serra quando a RCM foi mais rápida nos boxes e depois assumiu a liderança quando Ricardo Maurício teve problemas. É uma vitória, também, para a equipe que reconstruiu o carro após o estrago no Paraná.
 
"Eu sabia que teria um ritmo muito bom, mas também que a posição de largada me deixaria mais longe da luta pela vitória. Consegui pular de 12º para quarto, encaixou tudo perfeitamente ali", analisou. 
 
"Eu nunca tive dúvidas pelo carro, pelo potencial da equipe e pelo pé — tanto que não atrapalhou. Foi uma vitória de superação, mais da equipe do que minha. Se o carro não fosse construído com carinho, dedicação e esforço e não fosse competitivo da maneira que ele foi, eu não teria saído daqui com o milhão. A vitória é deles, sem dúvida", seguiu.
Camilo comemora vitória na Corrida do Milhão em Goiânia (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)
Thiago lembrou da batida na trave de 2013, quando a Corrida do Milhão encerrou a temporada. O problema que teve o impediu de vencer a terceira edição da prova especial seguida, além do título da Stock Car naquele ano. Disse que ali aprendeu a não esperar algo de uma corrida qualquer.
 
"Depois do que aconteceu comigo em 2013, posso te dizer que foi uma lição muito grande ter perdido aquela corrida a duas voltas do final por um problema mecânico — eu esperava vencer e ganhar o campeonato. É muito difícil você esperar alguma coisa numa corrida, é uma caixa de surpresas… mas a verdade é que a corrida se decidiu na largada", disse. 
 
Com lesões sérias num pé extremamente inchado, Thiago diz que não poupou nada a despeito da lesão. Terminou a corrida com alguns 'push to pass' ainda por usar, mas guiou em ritmo de classificação durante quase todos os 45 minutos mais uma volta.
 
"Quando você está na adrenalina e concentrado, o foco é fazer o melhor e não cometer erros, e como a Stock Car está extremamente competitiva, você tem de guiar o tempo inteiro no fio da navalha. Eu guiei em ritmo de classificação do começo até o fim da prova, não poupei nada — só um pouquinho no final, tanto que terminei a corrida com três 'pushes' —, mas eu não tive sossego", contou ao GP.
 
Mas e a dor? Ela apareceu, também, mas só depois, na hora da comemoração.
 
"A concentração é tanta que a dor de se superar é maior do que qualquer dor. Eu tive força até para subir no carro ali na hora da comemoração, e só na hora que apoiei o pé no chão, meio que deu uma travada. Foi aí que lembrei que estava machucado. Depois começou a latejar. Agora, está doendo", confessou.
 
Será um tempo relativamente de recuperação – ao menos dois meses. Thiago precisa cumprir antes que consiga voltar ao seu ritmo normal de preparação física.
 
"Agora é continuar as sessões de fisioterapia porque são dois meses de recuperação. Eu gosto de jogar bola, futevôlei, uso como minha preparação física também, e acabei terminando a prova debilitado e mais desgastado do que as outras provas porque fiquei todo este tempo parado", falou.
 
No bolão organizados nos confins do paddock entre jornalistas e não-pilotos, o único a apostar em Thiago foi Bel Camilo, seu pai. Uma aposta quente, sem dúvida, já que rendeu mais R$ 2 mil para a família Camilo. Só deu os Camilo em Goiânia. E Thiago dedicou uma grande parte da responsabilidade da vitória em seu pai.
 
"Ouvi dizer que foi meu pai (que ganhou o bolão), ele foi o único que apostou em mim… meu pai foi o cara que mais acreditou em mim, ele e minha família, mas foi ele que esteve do meu lado e investiu para que isso acontecesse. Ele tem bastante parte deste 'milhão e dois mil' aí, talvez uma parte maior que a minha", se derreteu.
 
Como vai ser a comemoração, Thiago? Devagar para poupar o pé?
 
"A comemoração não vai ser contida. Não é toda vez que a gente ganha uma prova dessa. E acho que a experiência de ganhar o primeiro milhão e comemorar, ganhar o segundo e comemorar, só faz esta terceira ser mais forte. Porque eu sei o quanto é difícil repetir uma vitória dessa. E é tão difícil que só meu pai apostou em mim — mais pelo coração do que pela razão", encerrou.

Nada mais justo que comemorar uma vitória assim em condições dificultadoras como estas.

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