Serra coroa auge da carreira com bi da Stock Car valorizado por grande campanha de Fraga

Rei da regularidade, Daniel Serra confirmou o bicampeonato da Stock Car com um trabalho irrepreensível ao lado da RC Eurofarma, comandada por Rosinei Campos. O feito comprova o auge vivido desde o ano passado e é valorizada pelo notável trabalho realizado por Felipe Fraga

A tradicional eleição dos Melhores do Ano, promovida pelo GRANDE PRÊMIO, lista Daniel Serra em duas votações: a de melhor piloto brasileiro e também a de melhor piloto que corre no Brasil. O paulista de 34 anos faz por muito por merecer as menções. Nos últimos anos, os resultados são incríveis: vencedor das 24 Horas de Le Mans com a Aston Martin na LMGTE-Pro e campeão da Stock Car em 2017; dono da vitória na não menos tradicional Petit Le Mans e bicampeão da principal categoria do Brasil em 2018, confirmado nesta manhã de domingo (9) em Interlagos. Feitos que só provam que Serrinha vive o auge da carreira nas pistas.
 
O ano de Daniel na Stock Car foi marcado principalmente pela regularidade. Diferente do ano passado, quando venceu quatro corridas em sua estrada rumo ao título, em 2018 o #29 subiu ao topo do pódio em ‘apenas’ duas oportunidades: Corrida de Duplas, com JP Oliveira em Interlagos, e a segunda prova da rodada dupla do Velopark. Contou bastante o fato de ter completado 18 das 21 corridas do ano entre os dez primeiros, sendo 14 vezes no top-5. 
 
Mesmo quando não tinha o carro mais competitivo do grid (o que foi raro, diga-se), Serra estava lá pontuando bem e não apenas nas corridas 1, mas também nas provas 2 das rodadas duplas. A classificação final do campeonato mostra o quanto os resultados nas corridas complementares foram determinantes.
Daniel Serra é o bicampeão da Stock Car (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)

Há que se ressaltar também o casamento perfeito entre piloto e preparador. Ao lado de Rosinei Campos, o ‘Meinha’, e toda a competente equipe baseada em Curitiba, Daniel contou com um equipamento vencedor desde a primeira vez em que sentou ao carro, ainda no ano passado. A marcante união resultou em muitas vitórias e títulos.

 
A campanha memorável de Serra em 2018 começou com a ajuda de outro excelente piloto. João Paulo de Oliveira enfrentou uma longa viagem do Japão, onde mora, para Interlagos e teve pouquíssimo tempo para conhecer o carro da Stock Car. Mesmo assim, JP brilhou e levou Daniel à pole-position e à vitória da Corrida de Duplas que abriu a temporada. Um prenúncio do que estava por vir.
 
Cacá Bueno conseguiu a façanha de empatar em pontos com Serra (60) ao vencer a corrida 1 do Velopark. Mas Daniel fez valer a cabeça boa e o melhor carro, aproveitou o regulamento do grid invertido, triunfou na corrida 2 e jamais foi superado desde então. Da vitória no Velopark até a etapa de Santa Cruz do Sul, a última antes da pausa de dois meses e meio para a Copa do Mundo, Serrinha foi top-5 em todas as cinco corridas, o que o levou a abrir nada menos que 43 pontos para o então vice-líder do campeonato, Marcos Gomes.
 
Com tamanha regularidade, carro extremamente competitivo e vantagem confortável, nada poderia indicar que Serra perderia o título, certo? Na prática, a teoria é outra, e em um grid tão parelho como o da Stock Car, o jogo só acaba quando termina, como diria o poeta.
 
 
Fraga valoriza título de Serra com raça e ano notável
 
Foi justamente no retorno das férias da Stock Car que Serra enfrentou seu momento mais difícil no campeonato. Em contrapartida, Felipe Fraga iniciou uma arrancada que quase culminou com o título. Ao término da rodada dupla de Santa Cruz do Sul, o mais jovem campeão da Stock Car estava 60 pontos atrás de Daniel. Na Corrida do Milhão, Serrinha tinha tudo para abrir ainda mais vantagem na ponta. 
 
Contudo, depois de largar na pole no anel externo de Goiânia, o piloto sofreu com um problema no pit-stop e finalizou em oitavo. Fraga, em quarto, começava a encostar, mas o piloto mais próximo ainda era Marcos Gomes, com 130, 35 a menos que o líder da tabela. Só que o #80 da Cimed começou a perder terreno justamente na etapa seguinte. Em contrapartida, Fraga tomou a linha de frente como perseguidor a Serra.
Daniel Serra enfrentou a forte concorrência de Felipe Fraga em 2018 (Foto: Duda Bairros/Vicar)

A primeira grande batalha por vitória entre os pilotos que viriam a ser os grandes rivais e protagonistas do ano aconteceu duas semanas depois da Corrida do Milhão. Em Campo Grande, Serra largou na pole, com Fraga em segundo — superado por Daniel na classificação por míseros 0s027. A corrida 1 reservou um duelo empolgante e que levantou o público nas arquibancadas. Fraga levou a melhor.

 
A segunda corrida no Mato Grosso do Sul representou o início de uma espécie de inferno astral para Serra. Não que tivesse faltado competitividade nesse período, longe disso, mas uma série de azares atrapalhou o campeão. Em Campo Grande, Daniel foi um dos pilotos excluídos da prova por conta de toda a polêmica com a irregularidade no procedimento de pit-stop. Serrinha chegou a cruzar a linha de chegada em quarto — que seria terceiro com a retirada da vitória de Ricardo Zonta, mas perdeu os pontos que havia conquistado.
 
Em Cascavel, outro revés para o #29: no terceiro treino livre, o piloto sofreu uma quebra e perdeu o controle do carro justamente em uma das curvas mais rápidas da temporada, o temido Bacião — Serra bateu contra a barreira de pneus. Na corrida 1, o primeiro (e único) abandono do ano, resultado de um pneu furado. Daniel largou dos boxes na segunda prova, ganhou nove posições, mas não foi o bastante pra pontuar. Fraga, que chegou em segundo — depois de ser batido em grande batalha travada com Lucas Di Grassi — na corrida 1 e sétimo na 2, crescia muito no retrovisor, reduzindo para apenas 12 pontos a vantagem do líder do campeonato.
 
Mas foi no Velo Città que Fraga chegou mais perto de Serra ao triunfar na primeira prova daquele quente domingo em Mogi Guaçu. Daniel não conseguiu alcançar Fraga, mas marcou pontos importantes ao finalizar em segundo. Assim, a diferença entre os dois caiu de 12 para oito. Só que o #29 respirou e partiu para uma arrancada definitiva para o título justamente no Velo Città, na corrida 2. Encerrando o inferno astral, o piloto faturou outro segundo lugar e foi o maior pontuador do fim de semana. A diferença, que era de 12 e havia caído para oito, passava a ser de 17 pontos.
 
Pode-se dizer que etapa posterior ao Velo Città, no retorno da Stock Car a Londrina, foi decisiva para Fraga ficar fora da batalha. O #88 tinha tudo para sair do Autódromo Internacional Ayrton Senna com uma vitória depois de marcar uma pole memorável. Entretanto, uma falha no pit-stop lhe tirou qualquer possibilidade. 
 
Veio mais uma chance ao largar na ponta também da segunda prova — consequência do décimo lugar e da regra do grid invertido. Aí, quando estava liderando e teve de fazer a parada obrigatória, Felipe sofreu o mesmo revés de minutos atrás. Serra aproveitou a oportunidade e fez a maior pontuação da etapa. E a vantagem voltava a subir bem, daquela vez para 34 pontos.
 
Na penúltima etapa do ano, no regresso da Stock Car a Goiânia, Fraga e Serra travaram um novo duelo, com direito a toque e declarações no calor do momento pouco depois. Com um P2 e outro P3 o #88 foi o maior pontuador da última rodada dupla do ano, mas Serrinha somou pontos importantes para não deixar que a diferença caísse tanto. Ao fim da penúltima etapa da temporada, a vantagem de Daniel foi de 24 pontos, algo importante, mas que não deixou o campeão descansar. Afinal, a corrida derradeira da temporada contava com pontuação em dobro, e qualquer um dos dois poderia sair de Interlagos com o título.
 
A vantagem permitiu a Serra correr em Interlagos em sequer precisar da vitória. Um quarto lugar já bastava para comemorar o bicampeonato. Só que Fraga sofreu para tirar do carro a melhor performance nas condições mistas do asfalto em Interlagos, foi eliminado da classificação ainda no Q1 e obteve apenas o 18º lugar no grid. Serra foi bem melhor, ficou perto da pole e abriu a terceira fila. Ou seja, apenas um milagre ajudaria Fraga a superar Daniel e chegar ao bi.
 
O milagre não veio, e o ótimo e cerebral Daniel Serra conquistou com todos os méritos o bicampeonato da Stock Car com um quarto lugar em Interlagos. Título de suma importância para sua carreira e muito valorizado não apenas pelo melhor grid da categoria desde sempre, mas também pelo trabalho de um valente Felipe Fraga, que tem tudo para conquistar outros tantos títulos ao longo da sua carreira.
 
O GRANDE PRÊMIO cobre ‘in loco’ a etapa final da Stock Car em Interlagos com Felipe Noronha, Fernando Silva e Rodrigo Berton.

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