Shell estreita laços com Toyota em intercâmbio Brasil-Argentina em 2020

Vicente Sfeir falou com o presidente da Toyota na Argentina, Daniel Herrero, e destacou a importância da parceria entre Shell e o ACTC, responsável pelo Turismo Carretera, a categoria mais antiga do mundo. O gerente de esportes a motor da marca também ressaltou o intercâmbio entre Brasil e Argentina e como a aproximação das suas principais categorias pode fomentar o automobilismo na América do Sul

A temporada 2020 tem tudo para marcar um novo momento no automobilismo da América do Sul. A chegada da Toyota à Stock Car neste ano representa não apenas a vinda de uma grande marca à principal categoria do esporte a motor brasileiro, mas também o estreitamento de laços que tendem a fortalecer e fomentar ainda mais a modalidade no continente. Na esteira da vinda da Toyota para a Stock Car, a Shell assinou uma parceria de três anos com a ACTC (Asociación Corredores Turismo Carretera) para fornecer combustíveis, lubrificantes e tecnologias ao Turismo Carretera — categoria mais longeva do automobilismo mundial — e as demais categorias da organização por meio de um contrato de três anos. É a porta de entrada de uma das principais petrolíferas do mundo em um dos países mais apaixonados pelo esporte a motor do planeta.
 
O intercâmbio mais agudo entre Brasil e Argentina visto nesta nova temporada, com a chegada da Toyota e de Matías Rossi à Stock Car e da Shell como fornecedora do Turismo Carretera pelos próximos três anos é também a oportunidade para a petrolífera, marca de responsabilidade da Raízen nos dois países, também se aproximar da Toyota. A montadora japonesa vai ter em um dos seus carros Ricardo Zonta, que vai correr pela RCM em 2020 na Stock Car. O paranaense tem um histórico com a marca, uma vez que já a representou na F1, no antigo Brasileiro de Marcas e tem até um carro do Mundial na sua casa como um presente entregue pela antiga equipe da categoria.
 
Vicente Sfeir, gerente de marketing e patrocínios da Raízen, falou no último fim de semana à rádio argentina ‘Campeones’. O executivo lembrou dos laços que tem com o país vizinho: filho de argentino, Vicente teve uma carreira como piloto antes de trocar de lado no pit-wall, sendo que sua última temporada foi pela F-Súper Renault argentina.
 
“Meu último ano como piloto foi na Argentina. Tenho boas lembranças. Gostava demais, sobretudo a paixão argentina pelo esporte a motor. Os eventos sempre cheios, em qualquer que fosse o circuito. A presença da imprensa… De modo que estou muito feliz em trabalhar novamente com os argentinos. Temos filosofias e pensamentos muito parecidos com os da Toyota no automobilismo”, destacou Sfeir.
Ao lado de Átila Abreu, Vicente Sfeir destaca intercâmbio Brasil-Argentina (Foto: José Mário Dias/Shell Racing)
O dirigente brasileiro conversou, durante a entrevista, com Daniel Herrero, presidente da Toyota na Argentina, que destacou a proximidade entre os trabalhos feitos pelas duas marcas na América do Sul. “Compartilho o que você disse antes, da paixão pelo automobilismo e a forma de trabalhar e pensar o automobilismo para o futuro muito parecida. De modo que, muito além de tudo, a ideia é trabalhar em conjunto, estamos nos entendendo muito bem, de modo que vamos trabalhar juntos para ver o que podemos fazer”, comentou o executivo argentino.
 
A nova aliança entre a Shell e o Turismo Carretera foi formalizada no fim de 2019, mas já vinha sendo costurada há alguns anos. A mola impulsora desta nova aliança foi justamente a paixão do argentino pelas corridas, o que fica evidenciado ainda mais na mais tradicional e antiga competição do mundo. Com grids lotados, arquibancadas tomadas pelo público e até rivalidade entre as montadoras, o Turismo Carretera empolga todo um público apaixonado pelas corridas.
 
“Muito orgulhoso também de ser parte deste projeto. É um projeto que começou a se desenhar há alguns anos, uma vez que temos o automobilismo bem difundido no Brasil, assim como em outros países do mundo, em categorias internacionais. E a Argentina era um desejo que tínhamos, por ser filho de argentino, por ter corrido na Argentina no meu último ano como piloto. Sei a paixão que o argentino tem pelo automobilismo, o profissionalismo que vocês têm com muitas categorias, grids sempre cheios”, observou Sfeir.
 
“Então era uma vontade muito grande. E assim como no Brasil, que temos o automobilismo com plataforma de desenvolvimento de produtos e tecnologias, e, obviamente, a Shell faz isso no mundo todo. Então teríamos de voltar, de alguma forma, e acredito que fazemos entrando pela porta mais importante do automobilismo no país”, completou.
 
Questionado sobre os planos de a Shell virar fornecedora do Súper TC2000, categoria igualmente forte da Argentina e que mais se aproxima tecnicamente da Stock Car, Vicente avisa que a temporada 2020, com a chegada ao Turismo Carretera, vai servir como uma espécie de adaptação ao automobilismo do país vizinho antes de dar o próximo passo.
 
“Esse é um plano que ainda estamos buscando. Não temos muito clara a forma como vamos trabalhar com equipes e pilotos, mas certamente é um desejo que temos. O primeiro passo é entrar de maneira institucional. Isso é algo importante também para que entenda como são as categorias, como estão as equipes, como estão os pilotos, como é o gerenciamento da parte comercial. Durante o ano de 2020, vamos trabalhar nos bastidores para entender qual a melhor maneira de estar com equipes e pilotos”, explicou.
 
“Tive uma semana de férias na Argentina e aproveitei para me aproximar da Toyota, de Darío Ramonda (vice-presidente) e Daniel Herrero (presidente da Toyota), porque o que temos na Toyota no automobilismo na Argentina é muito parecido com o que temos aqui no Brasil. Temos não somente a presença na Stock Car, mas somos a principal marca do automobilismo brasileiro: temos uma Academia de Pilotos, com presença em várias categorias distintas, começando com o kart, com pilotos entre 10 e 11 anos, categorias intermediárias e culminando na Stock Car, a categoria principal. Temos uma relação muito parecida com o que a Toyota tem no mundo no que diz respeito ao esporte a motor”, continuou.
 
Assim como a Shell tem sua Academia de Pilotos, que trabalha com nomes como Vitor e Felipe Baptista, Gianluca Petecof, Lucas Staico, Gabriel Crepaldi, Aurélia Nobels, Diego Ramos, Raphael Reis e os quatro competidores da marca na Stock Car — Átila Abreu, Zonta, Gaetano di Mauro e Galid Osman —, a Toyota Gazoo Racing também tem a sua academia, que visa desenvolver jovens talentos também por aqui. Daí, portanto, mais um aspecto das filosofias próximas das duas marcas.
 
Sfeir destacou também como Zonta, por conta de toda a sua ligação histórica com a Toyota, pode ser determinante para a Shell estreitar ainda mais os laços com a montadora japonesa neste novo momento do automobilismo sul-americano.
O Turismo Carretera é a categoria mais tradicional do automobilismo argentino (Foto: ACTC)
“Creio que em 2020 vamos estar próximos, sobretudo por conta da chegada da Toyota na Stock Car. Dos quatro carros que temos na Stock Car, um vai ser Toyota e pilotado pelo Ricardo Zonta, piloto que representou a marca em sua época na F1. Tenho certeza de que vamos estar muito próximos. Imagino que, nas corridas em que houver convites a pilotos, o Ricardo, como aconteceu anos atrás, nas datas que não coincidiam com a Stock Car, ele foi à Argentina para correr pela Toyota… Pode ser aí uma peça muito importante com a relação com a Toyota, não somente no Brasil, mas também pela nossa chegada à Argentina”, salientou.
 
Por fim, o dirigente brasileiro ressaltou a força da Stock Car e os efeitos que o intercâmbio Brasil-Argentina pode proporcionar aos dois países.
 
“Entendo que [a Stock Car] é a categoria que os fãs argentinos do automobilismo vão gostar mais. Assim como o Turismo Carretera, a Stock Car é uma categoria muito importante para nós. Não é somente a maior, mas tem mais de 40 anos de história, começou em 1979, e de anos para cá se profissionalizou muito. Pilotos brasileiros que não tiveram sucesso em carreiras internacionais, ou pilotos que tiveram passagens pela F1 voltaram ao automobilismo nacional. Porque aqui temos as principais empresas de tecnologia, farmacêuticas, empresas de lubrificantes, de combustíveis, apoiando o automobilismo com equipes”, disse.
 
“Temos uma categoria muito competitiva, com pilotos muito conhecidos — não somente em nosso país, mas na América do Sul e globalmente, como Ricardo Zonta, Rubens Barrichello, muitos pilotos que passaram pela F1 e que estão na nossa categoria. Agora, não somente com a chegada da Toyota, mas também de Matías Rossi, vamos ter de novo a possibilidade de, futuramente, mesclarmos mais o automobilismo brasileiro com o argentino. Acho que isso é muito saudável porque muitas das grandes empresas automotivas têm sua gestão, na América Latina, de forma unificada”, comentou Sfeir.
 
“Seria muito importante ter um trabalho conjunto, sobretudo no uso de investimentos. Imaginamos se futuramente a Stock Car virar sul-americana, com metade das etapas no Brasil e metade na Argentina, com três, quatro, cinco montadoras, com pilotos não somente do Brasil e da Argentina, mas de toda a América do Sul… quem ganha é a América do Sul, já que vamos ganhar uma competição, uma rivalidade, que nos anos 1990 foi muito importante para a divulgação da F3 Sul-Americana”, concluiu o gerente de marketing e patrocínios da Raízen, empresa que administra a marca Shell na Argentina e no Brasil.
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