Temporada 2015 da Stock Car vê primeiro filho de campeão levar título, acidente brutal e novos casos de doping

A temporada 2015 da Stock Car foi marcada pela conquista de Marcos Gomes, o primeiro filho de campeão a obter o título da categoria. Porém, o ano também será lembrado pelo grave acidente sofrido por Thiago Camilo e Felipe Fraga em Curitiba, a punição polêmica de Cacá Bueno e dois novos casos de doping. Neste sábado (19), o GRANDE PRÊMIO traz a retrospectiva do campeonato que acabou em Interlagos no inicio deste mês

google_ad_client = “ca-pub-6830925722933424”;
google_ad_slot = “5708856992”;
google_ad_width = 336;
google_ad_height = 280;

A Stock Car viveu um ano de altos e baixos dentro e fora das pistas, mas o balanço geral é  positivo — afinal, são 13 vencedores diferentes em 21 corridas. Novamente, a categoria nacional disputou etapas em rodadas duplas e parece ter enfim consolidado o formato em 2015, bem como a prova que colocou no grid convidados do esporte a motor e que abriu o campeonato. A Corrida do Milhão já é um evento forte e que atrai público e atenção. A vitória de Thiago Camilo, a terceira de sua carreira, ainda emprestou um ar de 500 Milhas à disputa realizada de novo em Goiânia.
 
O ponto alto do campeonato acabou sendo mesmo Marcos Gomes. Fazendo valer uma impressionante regularidade ao longo do ano, o piloto da Voxx se mostrou um adversário fortíssimo até mesmo para campeões experientes, como Cacá Bueno e Rubens Barrichello. O fato é que Marquinhos se mostrou maduro e seguro de si, soube como administrar bem as rodadas duplas e se manteve longe de confusão. No fim, precisou de pouco para conquistar seu primeiro título na Stock Car, para se tornar o primeiro filho de campeão a levar também a taça.
Marcos Gomes é o campeão da Stock Car (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)
Só que 2015 não foi só alegria. A controvérsia também marcou a temporada. E isso se traduziu mais nitidamente na polêmica punição dada a Cacá Bueno. Irritado com o desfecho confuso da primeira corrida em Ribeirão Preto, o pentacampeão bradou severamente contra os comissários da CBA, os xingou em conversa com sua equipe e acabou tendo de cumprir uma suspensão. Seguramente, o campeonato poderia ter tido a oportunidade de acompanhar uma briga mais acirrada, não fosse a ausência do piloto da Red Bull na segunda passagem da Stock por Curitiba. 
 
O esporte ainda reviveu casos de doping na última parte da temporada. Raphael Matos e Lucas Foresti foram flagrados no exame e suspensos preventivamente por 30 dias. Ambos acabaram perdendo a etapa final em Interlagos. Enquanto Matos acabou suspenso por dois anos — em que pese o recurso, baseado em medicamentos para o tratamento de um tumor —, Foresti tenta também se defender, tentando provar que foi vítima de um erro na manipulação de um remédio. Em nenhum dos casos as substâncias encontradas foram divulgadas.
 
Além do doping a Stock Car também se deparou com o medo de graves acidentes. E Curitiba foi o palco de um susto gigantesco. Na décima volta da primeira prova no circuito paranaense, Thiago Camilo enfrentava problemas e se arrastava na pista na reta dos boxes quando foi acertado em cheio por Raphael Matos. Então vários carros foram envolvidos na pancada, como os de Luciano Burti, Felipe Lappena e Felipe Fraga.
 
A forte batida causou um ferimento e inchaço no tornozelo esquerdo de Camilo, enquanto Fraga e os demais saíram ilesos. Ainda assim, o acidente acendeu a luz amarela, e a fabricante dos carros da Stock, a JL, iniciou uma investigação sobre o incidente e ainda estuda modificações para melhorar a segurança dos modelos da categoria nacional.
Felipe Fraga foi o grande afetado pelo acidente em Curitiba (Foto: Reprodução/Twitter)
No mais, a Stock Car ainda precisou readequar seu calendário devido especialmente ao cancelamento das duas provas em Brasília – o autódromo do Distrito Federal iniciou uma grande reforma, inicialmente para receber a Indy, em março, mas as obras ficaram sem conclusão, e a série norte-americana acabou desistindo da etapa brasileira. A cidade de Salvador também deixou o campeonato, e isso provocou mudanças. E a capital do Paraná acabou absorvendo as ausências, sediando três rodadas. 
 
Diante disso, o GRANDE PRÊMIO relembra como foram as etapas da temporada 2015 da Stock Car e o que demais marcante aconteceu no 36° ano do tradicional campeonato. 
União Brasil-Argentina 
Goiânia, 22 de março
Pole-position: Nelsinho Piquet/Átila Abreu
Vencedor corrida: Ricardo Maurício/Néstor Girolami
 
A abertura da temporada 2015 da Stock Car aconteceu longe de casa. Com o autódromo de Interlagos já fechado para a segunda fase de reformas, a direção da categoria nacional escolheu o novo circuito de Goiânia para sediar a primeira etapa, disputada em duplas. 
 
Novamente, a corrida atraiu nomes de peso do automobilismo no Brasil e no mundo. Nelsinho Piquet fez parceria com Átila Abreu, Marcos Gomes teve a companhia do australiano Mark Winterbottom, Valdeno Brito dividiu o carro com o belga Laurens Vanthoor, Ricardo Maurício fez dobradinha com Néstor Girolami, enquanto Thiago Camilo e Allam Khodair escolheram Lucas Di Grassi e Antônio Félix da Costa como parceiros, respectivamente. Já Cacá Bueno foi atrás do José María López. Entre tantos nomes, Ingo Hoffmann ainda tomou parte do carro do campeão Rubens Barrichello e por vai.
 
E quem acabou saindo da pole-position foi Piquet, que pareceu ter o carro da AMG totalmente nas mãos para colocar o titular na posição de honra do grid. A corrida, entretanto, se mostrou bem mais complicada.
 
Contando com um trabalho perfeito da RC nos boxes, Ricardo Maurício e o convidado argentino Néstor Girolami souberam como driblar os rivais para tomar a liderança e vencer a etapa que deu início ao campeonato.
O carro dos vencedores Ricardo Maurício e Néstor Girolami (Foto: Fernanda Freixosa/Vicar)

Partindo da segunda fila, Maurício pulou para a segunda colocação na primeira metade da prova, depois de superar Valdeno Brito na largada e Átila Abreu pouco mais tarde. O bote decisivo ocorreu em meio aos pit-stops. O pódio foi completado por Winterbottom/Gomes e Khodair/ Félix da Costa.

 
O rádio polêmico
Ribeirão Preto, 5 de abril
Pole-position: Max Wilson
Vencedor corrida 1: Cacá Bueno
Vencedor corrida 2: Tuka Rocha
 
A Stock Car viajou de Goiás para o interior de São Paulo, para realizar a segunda etapa da temporada e a primeira rodada dupla do ano em pleno domingo de Páscoa. E as ruas de Ribeirão Preto testemunharam uma grande confusão que terminaria com a suspensão de Cacá Bueno no segundo semestre.
 
Max Wilson foi quem conquistou a pole para a corrida 1, mas cometeu um erro na parte final da prova e viu o adversário Cacá o superar para vencer. O pentacampeão cruzou a linha de chegada sem receber a bandeirada, que, no melhor estilo Pelé, só foi dada para o terceiro colocado. Por causa disso, o carioca ainda viveu o susto de ser atacado por Gomes na que seria a 'volta da vitória'. 
 
Pelo rádio, o piloto da Red Bull esbravejou e foi à direção de prova reclamar, "do bando de imbecis", fazendo menção aos representantes da CBA. O caso oi parar nos tribunais mais tarde e, embora tenha conseguido um efeito suspensivo em um primeiro momento, Cacá teve mesmo de cumprir a suspensão na etapa de Curitiba em 2 de agosto.
Cacá Bueno (Foto: Gabriel Pedreschi/Grande Prêmio)
A corrida 2 viu a vitória estratégia de Tuka Rocha, em uma disputa também tumultuada, em função da chuva que atingiu à pista e ao regulamento confuso da CBA. De todo o modo, foi a primeira vitória do carioca na categoria nacional. 
 
Cacá na liderança 
Velopark, 26 de abril
Pole-position: Marcos Gomes
Vencedor corrida 1: Daniel Serra
Vencedor corrida 2: Max Wilson
 
Daniel Serra usou da inteligência e da frieza para vencer no Velopark na primeira corrida, que teve a largada em fila indiana. Fazendo valer um ritmo forte e consistente, o piloto da Red Bull superou o pole-position Marcos Gomes na pista, foi melhor na estratégia de pit-stop e conduziu com maestria para assegurar o triunfo.
 
Na segunda prova do fim de semana gaúcho da Stock Car, Max Wilson usou bem a regra do grid invertido e, saindo da pole, garantiu a vitória de ponta a ponta. Cacá Bueno foi o segundo e tirou Marcos Gomes da liderança do campeonato. 
 
A primeira de um curitibano 
Curitiba, 31 de maio
Pole-position: Galid Osman
Vencedor corrida 1: Daniel Serra
Vencedor corrida 2: Júlio Campos
 
Daniel Serra tirou proveito mais uma vez da boa adaptação que possui com o circuito de Curitiba e, ainda contando com a destreza de escapar de uma confusão na largada — como de costume no traçado curitibano —, foi o primeiro piloto a vencer duas vezes na temporada. Depois de sair em sexto, pulou para segundo e bateu o pole Galid Osman, para triunfar na corrida 1.

Já a prova 2 viu o piloto da casa cruzar na primeira posição. Julio Campos se tornou o primeiro curitibano a vencer uma prova da Stock Car no Autódromo Internacional de Curitiba. Campos saltou de terceiro e não demorou para bater Rubens Barrichello, o segundo, e o o pole-position Valdeno Brito. Uma vez na frente Julio se mostrou imbatível e liderou todas as votas até a vitória. E de quebra, ainda assumiu a ponta do campeonato. 

Julio comemora o grande triunfo em Curitiba (Foto: Miguel Costa Jr./MF2)
O campeão e sua primeira vitória 
Santa Cruz do Sul, 28 de junho
Pole-position: Valdeno Brito
Vencedor corrida 1: Marcos Gomes
Vencedor corrida 2: Valdeno Brito
 
Ainda transitando pelo sul do Brasil, a Stock Car foi ao Rio Grande do Sul correr em Santa Cruz e lá viu a primeira vitória de Marcos Gomes no ano. O piloto da Voxx apresentou grande ritmo de corrida, adotou a melhor estratégia ao trocar os dois pneus do lado direito e conquistou um belo triunfo na corrida 1. 
 
Em uma corrida de desfecho sensacional, Valdeno Brito se destacou pela pilotagem aguerrida ao se defender da fortíssima pressão de Cacá Bueno ao longo de toda a prova 2 do fim de semana gaúcho. Mas o paraibano resistiu aos ataques e mesmo com o problema no defletor para triunfar pela primeira vez na temporada 2015.
 
Brito abriu a segunda prova da rodada dupla em terceiro lugar, mas logo na primeira curva ganhou as posições de Gabriel Casagrande e Daniel Serra, e daí por diante não foi mais superado.
 
O grande susto
Curitiba, 2 de agosto
Pole-position: Marcos Gomes
Vencedor corrida 1: Marcos Gomes
Vencedor corrida 2: Sérgio Jimenez
 
Depois do passeio mais ao sul, o campeonato fez uma pausa de pouco mais de mês e de novo voltou a Curitiba, para uma segunda rodada dupla. E a etapa no circuito paranaense foi assustadora, devido a um grave acidente sofrido ainda na corrida 1. Como se não bastasse, a pista ainda foi invadida por crianças. 
 
A vitória na prova que abriu os trabalhos teve como vencedor Marcos Gomes, que inclusive também conquistou a posição de honra do grid. Mas o triunfo foi o que menos importou. Thiago Camilo teve problemas em seu carro ainda no início da prova e vinha lento pelo lado direito, quando foi acertado por Raphael Matos. A pancada ainda sobrou para Luciano Burti, Felipe Lappena e Felipe Fraga. A parte traseira do carro de Matos foi destruída.
O resto do carro de Thiago Camilo (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)
Compreensivelmente, a paralisação para o resgate e limpeza da pista foi longa, quase uma hora. Camilo e Fraga tiveram ferimentos, mas os demais saíram ilesos da batida.
 
A segunda corrida viu bem menos incidentes e teve como vencedor Sérgio Jimenez, de ponta a ponta. 
A redenção de Thiago Camilo
Corrida do Milhão – Goiânia, 16 de agosto
Pole-position: Marcos Gomes
Vencedor: Thiago Camilo
 
A Stock Car chegou a Goiânia ainda perplexa pelo gravíssimo acidente ocorrido na etapa anterior, em Curitiba, no começo de agosto. Apesar da terrível batida, Thiago Camilo e Felipe Fraga, que sofreram lesões, foram confirmados para disputar a etapa mais importante do campeonato, a Corrida do Milhão. Sem dúvidas, o grid ganhava muita força com dois reais concorrentes à vitória.
Cacá Bueno após alinhar seu carro no grid para a Corrida do Milhão (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)
Do outro lado, o ambiente também era de certa tensão depois que Cacá Bueno voltava de uma polêmica suspensão imposta pelo STJD da CBA. O piloto da Red Bull, de fora da rodada dupla de Curitiba, ficou muito atrás na luta pelo título contra o líder do campeonato, Marcos Gomes, que estava em grande fase.
 
E foi justamente Gomes quem conquistou a pole-position da Corrida do Milhão, levando para casa o Troféu Ayrton Senna depois de vencer uma grande batalha com Daniel Serra, ficando a apenas 0s099 do piloto da Red Bull. Barrichello garantiu o terceiro lugar, à frente do surpreendente Lucas Foresti, enquanto Fraga fechou o top-5. Sexto, Allam Khodair foi punido por ter o peso do carro abaixo do peso mínimo e teve de largar em último. Assim, Cacá Bueno, então nono, e Camilo, 13º, ganharam uma posição cada no grid.
 
Era para Camilo estar lá. Era para Camilo correr. E era para Camilo vencer. Tudo conspirou a favor do #21 naquele 16 de agosto em Goiânia. Desde o começo. Em 12º, Thiago era tudo, menos favorito. Esse papel era de Gomes. Mas o pole largou mal e perdeu muitas posições, assim como Barrichello e Foresti. Por sua vez, o piloto da RCM subia para quarto ao fim da primeira volta. E brilhou com agressividade e fazer o movimento certo na hora certa. Ganhou o terceiro lugar de Ricardo Zonta e ultrapassou, na raça, Daniel Serra para subir para segundo.
Depois do susto em Curitiba, Thiago celebra a vitória na corrida do milhão com o pai, Bel Camilo (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)
E no fim, agraciado pela sorte, deixou a tristeza e o susto pelo acidente vivido em Curitiba no passado para, mesmo com muitas dores no pé lesionado, vencer, pela terceira vez, a Corrida do Milhão. A estrela do milionário Thiago Camilo brilhava de novo na Stock Car.
 
Valdeno, o maior pontuador das rodadas duplas
Cascavel, 30 de agosto
Pole-position: Valdeno Brito
Vencedor corrida 1: Valdeno Brito
Vencedor corrida 2: Thiago Camilo
 
O intenso mês de agosto foi fechado com a rodada dupla de Cascavel, no desafiador e muito veloz Autódromo Zilmar Beux, que tem como ‘estrela maior’ a Curva do Bacião. A partir desta etapa, Gomes passou a administrar a boa vantagem para Cacá Bueno na luta pelo título da Stock e começava a correr para somar o maior número possível de pontos, jogando com o regulamento debaixo do braço. O fim de semana em Cascavel, no Oeste do Paraná, começou bem atípico: primeiro, pelo fato de um boi aparecer na pista e atrasar a programação na sexta-feira. E depois, pela liderança de Luciano Burti no primeiro treino livre.
 
E Burti foi personagem central de uma polêmica que envolveu também Átila Abreu. Ambos se tocaram durante o segundo treino, já na manhã de sábado, e o sorocabano não economizou nas críticas ao adversário, o chamando de “perigoso e sujo”. Alheio às tretas, Valdeno Brito manteve o bom momento da sexta-feira, quando foi o segundo, e garantiu a pole-position em Cascavel, dividindo a primeira fila com Cacá, enquanto Marcos Gomes partia em sexto.
Valdeno Brito brilhou na primeira corrida da Stock Car em Cascavel (Foto: Rafael Gagliano/Hyset)
Foi no domingo que Valdeno Brito coroou um grande fim de semana com a melhor performance individual desde que a Stock Car passou a adotar o regime de rodadas duplas, no ano passado. Na corrida 1, depois de largar na pole, o paraibano da A. Mattheis simplesmente passeou e não deu chances a ninguém, perdendo a liderança somente durante a janela para pit-stops. Para a festa ficar completa para o time patrocinado pela Shell, Ricardo Zonta cruzou a linha de chegada em segundo lugar.
 
Com a vitória na corrida 1, Valdeno teve de largar em décimo, obedecendo à regra do grid invertido. O pole foi Diego Nunes, com Átila partindo em segundo, Sergio Jimenez em terceiro e Camilo em quarto. Aí quem levou a melhor foi Thiago, que tinha melhor ritmo dentre os pilotos que estavam à sua frente no grid e subiu para a liderança depois de ultrapassar Nunes. Camilo seguiu na ponta e cruzou a linha de chegada para conquistar sua 20ª vitória na Stock Car.
 
Valdeno, para fechar um fim de semana dourado, deu um verdadeiro show em Cascavel. Ao travar grandes disputas com Cacá Bueno, Vitor Genz e Ricardo Maurício, o paraibano faturou um excelente segundo lugar, somando nada menos do que 37 pontos nas duas corridas. Tranquilo na liderança, Gomes só administrava a vantagem de cerca de 30 pontos perante Cacá, que ainda sonhava com o hexa, embora a luta estivesse cada vez mais difícil.
 
Vitória dupla da Voxx Racing e Gomes cada vez mais perto do título
Campo Grande, 13 de de setembro
Pole-position: Marcos Gomes
Vencedor corrida 1: Marcos Gomes
Vencedor corrida 2: Felipe Fraga
 
A nona etapa da Stock Car estava originalmente marcada para Brasília. Mas sem um autódromo de fato, uma vez que as obras de reforma da pista e da estrutura do Autódromo Internacional Nelson Piquet sequer recomeçaram, a Vicar encontrou em Campo Grande uma alternativa para preencher o espaço no calendário. Era o retorno da Stock Car ao Mato Grosso do Sul depois de quatro anos fora.
 
Mas as condições da pista, sobretudo, não eram das mais animadoras. Depois de um longo período de inatividade, o asfalto se mostrou bastante abrasivo, e isso meio que determinou até mesmo a estratégia dos pilotos ao longo do fim de semana. Um fim de semana verde para a Stock Car.
Felipe Fraga comemora muito sua vitória em Campo Grande (Foto: Duda Bairros/Vicar)
Isso porque Gomes, na melhor fase da carreira, superou o não menos ótimo Allam Khodair, que vinha com uma grande performance em Campo Grande, e conquistou a pole-position. Cacá Bueno, na luta para tentar diminuir a diferença para Gomes, garantiu o sexto lugar, atrás também de Ricardo Maurício, terceiro, Daniel Serra, quarto, e Thiago Camilo, outro que vinha em boa fase.
 
A abertura da rodada dupla, na tarde de domingo em Campo Grande, marcou a consolidação do grande momento de Marcos Gomes. Dono de uma pilotagem cada vez mais madura, o ribeirão-pretano segurou a pressão imposta pelo rápido Khodair e faturou mais uma vitória, a terceira na temporada. Camilo superou Maurício na raça e sem direção hidráulica, o que deixou o piloto da RCM esgotado, mas foi mais uma amostra de que ele é um dos melhores pilotos da categoria. Cacá chegou em décimo e, desta forma, abriu o grid da corrida 2.
 
E, de fato, o desfecho da etapa de Campo Grande foi marcado por uma baita corrida e por um grande duelo entre mentor e pupilo. Cacá largou na pole e manteve a liderança, mas não esperava que Felipe Fraga, que largou em quarto, mostrasse tanta força. Na briga pelo terceiro lugar, Max Wilson e Daniel Serra se enroscaram, com o piloto da Red Bull levando a pior. O tocantinense ganhou uma posição e partiu para cima de Max.
 
Brilhante, em uma das melhores performances do ano, Fraga não tomou conhecimento do campeão Wilson e de Julio Campos, que vinha em segundo, e fez uma dupla ultrapassagem. Aí restava apenas um carro a superar: justo o do ‘mestre’ Cacá Bueno. Foi uma incrível disputa, já que Fraga chegou a ultrapassar o pentacampeão, mas errou na última volta e foi novamente superado. Mas na última volta, usando o derradeiro botão de ultrapassagem na hora exata, Felipe conseguiu passar Cacá de forma incrível para vencer em Campo Grande. 
 
Foi um fim de semana todo dominado pela Voxx Racing, que despontava para ser a grande equipe da temporada 2015.
 
Foresti brilha, Wilson também vence e Gomes amplia liderança
Curitiba, 18 de outubro
Pole-position: Marcos Gomes
Vencedor corrida 1: Lucas Foresti
Vencedor corrida 2: Max Wilson
 
A décima etapa da temporada, em Curitiba, trouxe algumas mudanças no grid. Fora da Hot Car, o jovem Fabio Fogaça deu lugar a Mauro Giallombardo, que voltava à Stock Car depois de disputar a Corrida de Duplas, no começo a temporada. Outra novidade era a entrada de Felipe Guimarães como piloto a Boettger. O goiano radicado em Brasília faria o restante da temporada em paralelo com o Brasileiro de Turismo.
 
Também pairava a expectativa sobre o iminente fim do Autódromo Internacional de Curitiba. Desta forma, o fim de semana teve um certo quê de despedida, embora, meses depois, a Vicar anunciou que São José dos Pinhais ainda vai receber outra corrida, que vai abrir a temporada 2016.
Toda a festa de Lucas Foresti em Curitiba (Foto: Duda Bairros/Vicar)
Como não poderia ser, fez muito frio na região metropolitana de Curitiba naquele fim de semana. Mas seja no frio ou no calor, no sol ou na chuva, apenas havia uma certeza: os carros da Voxx Racing eram os mais rápidos. Prova disso foi que Marcos Gomes liderou os dois treinos livres e garantiu a pole depois de travar um duelo empolgante com Cacá Bueno na fase final da classificação. O dono do carro #80 estava, definitivamente, iluminado. Mas, para seu grande adversário, Gomes “estava endiabrado”.
 
Mas no domingo marcado pelo céu nublado em Curitiba, Gomes não conseguiu fazer das suas diabruras. Foi uma corrida bastante curta para o líder do campeonato, que se envolveu em um grande incidente na entrada do S, logo na primeira volta, e acabou ficando pelo caminho. Cacá também levou azar e caiu para o fim do grid, mas ao menos conseguiu seguir na corrida. Assim, o caminho ficou aberto para quatro pilotos em especial: Átila, que havia assumido a liderança, Camilo, Khodair e Lucas Foresti.
 
A corrida seguia seu ritmo, com Átila à frente de Camilo. Mas o sorocabano foi ‘entregue’ pelo oponente, que percebeu o carro #51 com falha ao acionar a luz de freio. Abreu acabou sendo chamado para recolher aos boxes, mas como não cumpriu com a determinação, foi desclassificado. Camilo, então, assumiu a liderança, com Khodair em segundo e Foresti em terceiro. Mas foi aí, na janela de pit-stops, que o piloto da AMG deu o pulo do gato: com uma estratégia de trocar apenas um pneu, Foresti voltou na liderança, à frente de Khodair, enquanto Camilo havia caído para sexto.
 
Com dois pneus novos, contra um de Foresti, Khodair pressionou muito para tentar a vitória em Curitiba. Mas, no peito e na raça, o brasiliense Lucas subiu pela primeira vez no topo do pódio, que foi completado pelo ‘Japonês Voador’ e por Maurício, que se recuperou bem e fechou em terceiro. Cacá ainda conseguiu salvar alguns pontos ao terminar em 13º, mas perdeu uma chance de ouro ao tentar se aproximar ainda mais de Gomes.
 
Já a corrida 2 foi toda da RC, que colocou seus dois pilotos no pódio no fim de semana em que foi anunciada a renovação de contrato da dupla. Max Wilson tinha um ótimo ritmo para cumprir a prova mais curta do fim de semana depois de ganhar preciosas posições após mais uma largada confusa em Curitiba. Depois de se aproximar do líder Khodair, Wilson assumiu o primeiro lugar e por lá ficou. No fim da prova, Maurício também ultrapassou o piloto da Full Time e consolidou um pódio todo da equipe de Rosinei Campos, o Meinha.
 
Melhor ainda foi para Gomes. Depois de reagir após o revés da primeira corrida, o líder do campeonato largou em 31º e penúltimo, mas deu um show de pilotagem para terminar em quarto. De quebra, ainda viu Cacá sofrer problemas em seu carro e ter de abandonar. Assim, o título escava cada vez mais próximo para Gomes, restando apenas duas etapas, ou três corridas, para o fim do campeonato. Só um milagre poderia salvar Cacá, distante 36 pontos de Marquinhos.
 
O último respiro de Cacá na briga pelo hexa
Tarumã, 8 de novembro
Pole-position: Allam Khodair
Vencedor corrida 1: Allam Khodair
Vencedor corrida 2: Cacá Bueno
 
Diante de tamanha vantagem para Cacá, Gomes poderia até sair da última rodada dupla e a penúltima etapa da temporada da Stock Car com o título. Bastaria algumas combinações de resultados, levando em conta que sete pilotos, além de Cacá, ainda tinham chances de batê-lo: Rubens Barrichello, Thiago Camilo, Max Wilson, Ricardo Maurício, Daniel Serra, Allam Khodair e Julio Campos.
 
Mas bastava a Gomes manter um bom ritmo, marcar Cacá e estar entre os primeiros. E foi o que o ribeirão-pretano no começo do fim de semana da etapa de Tarumã. Na disputa pela pole, Marquinhos não resistiu à melhor performance de Khodair, rápido o fim de semana todo, e viu o ‘Japonês Voador’ garantir a pole. Mas Gomes não tinha motivos para se queixar, uma vez que estava lá na primeira fila, enquanto Cacá era o 11º do grid.
Cacá Bueno em Tarumã (Foto: Fernanda Freixosa/Vicar)
A corrida 1 foi ainda mais favorável para Gomes, que se manteve entre os ponteiros desde o começo e garantiu mais um pódio na temporada. O líder só foi superado pelo companheiro de equipe, Fraga, que buscou até o fim ultrapassar Khodair para vencer em Tarumã. Mas o dono do carro #100 naquele fim de semana resistiu à pressão para voltar a subir no topo do pódio da Stock Car. Cacá terminou em nono e viu a diferença para Gomes aumentar para 43 pontos.
 
Ou seja: se Marquinhos abrisse mais cinco pontos de vantagem, deixaria o Rio Grande do Sul antecipadamente como campeão da Stock Car. Para Cacá, era vencer ou vencer.

Era a corrida da sobrevivência para Cacá, que largou em segundo pela regra do grid invertido, dividindo a primeira fila com Vitor Genz. No começo da prova, Bueno ainda chegou a ser ultrapassado por Serra, mas depois se manteve entre os ponteiros. Com a perda de ritmo de Serra, Cacá conseguiu fazer a ultrapassagem e partiu para cima de Genz, que tinha seus pneus muito desgastados. Assim, o piloto do carro #0 da Red Bull assumiu de vez a liderança da prova.

 
Cacá escapou de vez na liderança e respirava, já que Gomes estava apenas em posição intermediária. A decisão para a derradeira corrida, em São Paulo, estava garantida. Serra conseguiu ultrapassar Genz, mas acabou sendo ultrapassado no fim por Barrichello. Nas últimas voltas, Rubens até chegou a se aproximar de Cacá, mas não o bastante para levar sua primeira vitória na temporada. O triunfo ficou com Bueno, enquanto Marquinhos cruzou a linha de chegada em 12º.
Khodair venceu a corrida 1 (Fernanda Freixosa/Vicar)
O roteiro estava traçado: de um lado, o favorito Gomes; do outro, o desafiante e pentacampeão Cacá. A diferença era significativa: 31 pontos em favor de Marquinhos. Mas numa corrida disputada em Interlagos, sempre dona de clima incerto, e com pontuação dobrada, o velho jargão era mais do que justo: tudo podia acontecer.

google_ad_client = “ca-pub-6830925722933424”;
google_ad_slot = “5708856992”;
google_ad_width = 336;
google_ad_height = 280;

 
Na grande final, a coroação de um novo campeão
Interlagos, 15 de dezembro
Pole-position: Valdeno Brito
Vitória: Átila Abreu
 
Havia quase dois anos que a Stock Car não corria em Interlagos. De modo que estar novamente no templo do automobilismo brasileiro era um alento para todos: pilotos, equipes, organização da categoria e também para o público. Era também o palco perfeito para o desfecho de uma temporada que poderia coroar o melhor ano da carreira de Gomes ou então premiar o aguerrido Cacá com a conquista do hexa.
 
Além da briga pelo título, a grande final teve outras situações em pauta: sobretudo, a suspensão de Lucas Foresti e Raphael Matos por testarem positivo no antidoping em Curitiba. Assim, Lucas foi substituído pelo tio, Constantino Jr. na AMG, enquanto a Carlos Alves antecipou a estreia do argentino Néstor ‘Bebu’ Girolami no lugar do mineiro. Outra novidade foi a presença de Beto Monteiro no carro #69 da Hot Car para a última prova de 2015.
Cacá Bueno (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)
Para Cacá, precisava dar tudo certo desde a sexta-feira para que o milagre acontecesse. Mas aconteceu exatamente ao contrário. Logo no primeiro treino livre, o pentacampeão acabou sofrendo um leve acidente ao bater na saída da chicane em Interlagos. Gomes também teve problemas no cardã e também no motor e fechou a sexta-feira em antepenúltimo. Jimenez liderou a sessão na sua despedida da equipe C2.
 
No sábado pela manhã, depois de outro treino desfavorável e cheio de problemas, Cacá ficou só em 30º, enquanto Gomes foi o sétimo colocado. A liderança da segunda sessão antes do treino classificatório ficou com Luciano Burti.
 
Aí, na definição do grid de largada, veio o improvável. Valdeno Brito havia marcado o melhor tempo quando, no grupo seguinte, a chuva aprontou em Interlagos e desabou com força. Assim, muitos pilotos que poderiam pleitear a pole, como Allam Khoair, Thiago Camilo, Julio Campos, Max Wilson, Ricardo Maurício, Rubens Barrichello e, principalmente, Cacá e Marquinhos, tiveram prejuízo. Mas, prejuízo por prejuízo, pior para Cacá.
 
Valdeno largou na pole na sua última prova pela A. Mattheis, com Átila em segundo e Jimenez em terceiro. Cacá ficou em 26º, uma posição à frente de Gomes. Assim, bastava a Marquinhos ficar perto do piloto da Red Bull ao longo da prova para chegar à tão sonhada taça.
 
Aí veio o domingo da decisão. Diferente do clima incerto de sábado, o céu estava ensolarado e muito propício para uma grande corrida. Era aguardada uma grande recuperação de Cacá e Marquinhos na batalha final pelo título da Stock Car, e também uma bela disputa pela vitória envolvendo alguns dos bons nomes do grid, como Valdeno e Átila.
 
Mas logo na primeira volta, aconteceu um verdadeiro drama com uma série de incidentes. Entre os líderes, tudo certo. Mas na ‘zona da confusão’, como diria Vanderlei Luxemburgo, Rafael Suzuki rodou e foi acertado pelo carro de Rubens Barrichello. Max Wilson e Marcos Gomes, que vinham logo atrás, também bateram, com o líder do campeonato parado na barreira de proteção. Por um bom tempo, Marquinhos ficou por lá, mas conseguiu voltar à corrida e seguiu para os boxes para fazer os reparos na parte dianteira do carro. Cacá não se envolveu no acidente, mas também parou nos boxes para arrumar a dianteira avariada.
 
Na prática, não houve nada o que Cacá pudesse fazer depois disso para reagir e ganhar posições, já que o piloto havia perdido muito tempo para reparar seu carro. Assim, Gomes, mesmo com sete voltas atrás em relação ao líder, só precisou acelerar para completar a corrida que confirmou seu título.
 
Lá na frente, Átila ganhou a liderança de Valdeno por conta de uma ironia do destino. O paraibano enfrentou um problema no sistema de luz de freio e teve de abandonar, levando o sorocabano ao topo depois de muito bater na trave. Foi a despedida perfeita para o piloto da AMG, que vai substituir exatamente Valdeno no ano que vem.
Marcos Gomes festeja o título da Stock Car, conquistado neste domingo (Foto: Duda Bairros/Vicar)
Melhor ainda para Gomes, que fez história com a conquista do título, repetindo o feito do pai, o mítico Paulão Gomes. Assim, Marquinhos era o primeiro filho de campeão a ser campeão na Stock Car. Uma trajetória conquistada na base da regularidade e comemorada com muitos sorrisos, lágrimas, emoção e champanhe. Um título muito merecido e que coroou o melhor piloto ao longo de toda a temporada. 

google_ad_client = “ca-pub-6830925722933424”;
google_ad_slot = “8352893793”;
google_ad_width = 300;
google_ad_height = 250;

fechar

function crt(t){for(var e=document.getElementById(“crt_ftr”).children,n=0;n80?c:void 0}function rs(t){t++,450>t&&setTimeout(function(){var e=crt(“cto_ifr”);if(e){var n=e.width?e.width:e;n=n.toString().indexOf(“px”)

var zoneid = (parent.window.top.innerWidth document.MAX_ct0 = '';
var m3_u = (location.protocol == 'https:' ? 'https://cas.criteo.com/delivery/ajs.php?' : 'http://cas.criteo.com/delivery/ajs.php?');
var m3_r = Math.floor(Math.random() * 99999999999);
document.write("”);

PADDOCK GP EDIÇÃO #11: ASSISTA JÁ

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias do GP direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.