Conta-Giro: Piloto do Mundial de Supersport, Clarke estreia em Hollywood como dublê em ‘Missão Impossível’

Piloto do Mundial de Supersport, Kieran Clarke fez sua estreia em Hollywood atuando como dublê no blockbuster ‘Missão Impossível: Nação Secreta’. Uma lesão, entretanto, afastou o piloto britânico das pistas e das telas

Kieran Clarke encarou uma missão impossível fora das pistas. Piloto do Mundial de Supersport em 2015, o britânico usou sua experiência no motociclismo para atuar como dublê no mais recente filme da franquia 'Missão Impossível: Nação Secreta’.
 
No blockbuster, Kieran não só atuou junto com o time de dublês, como também preparou o astro Tom Cruise para as cenas com motocicletas do personagem Ethan Hunt.
Kieran Clarke integrou equipe de dublês de Missão Impossível (Foto: Divulgação)
Em entrevista ao GRANDE PRÊMIO, Clarke relembrou uma carreira marcada por lesões e contou que sempre viu o papel de dublê como uma opção para o futuro. A chegada aos filmes, comerciais e televisão, entretanto, não foi a primeira grande mudança da carreira de Kieran, que precisou abandonar o motocross por conta de uma grave lesão no joelho. 
 
O fim do sonho do motocross é definido como “de partir o coração”, mas a transição para as pistas pareceu um passo natural para o filho de Stephen Clarke, que fez carreira no asfalto.
 
“Depois de perder a estrutura, a realização e autoestima aos 16 anos, era natural explorar outra disciplina que eu pudesse perseguir”, contou Kieran. “Foi de partir o coração perder meus objetivos e ambições de infância”, ressaltou.
 
A transição, entretanto, não foi das mais difíceis, já que o motocross é muitas vezes usado por pilotos de superbike e motovelocidade como modalidade de treino. 
 
“É o esporte mais duro do planeta para o corpo e a mente e a sua habilidade precisa ser muito grande para poder lidar com as condições em constante evolução da terra ou da areia. A aeróbica e a resistência da força são tão altas que o único esporte com que pode ser comparado é o boxe”, observou.
 
 O trabalho como dublê surgiu ainda aos 14 anos, com uma participação em ‘Peak Practice’, uma séria médica britânica. 
 
“Vindo de uma família de pilotos, correr de motos era inevitável”, disse Kieran. “Fui apresentado aos dublês quando tinha 14 anos e trabalhei na minha primeira série de TV, ‘Peak Practice’. Fiquei fascinado e empolgado, e sempre soube que adoraria estar na indústria quando me aposentasse das corridas”, relatou.
 
E as habilidades em duas rodas foram essenciais para dar sequência à carreira de dublê.
 
“Todos que trabalham como dublês são de primeira linha em suas respectivas áreas, como ginastas olímpicos, pilotos de carro de corrida, lutadores e etc. Correr de moto na elite é tão único que é fácil aprender novas disciplinas e habilidades, o que leva semanas ao invés de anos”, explicou. “Você pode viver uma vida no espaço de uma carreira nas corridas e as lições e experiências não têm preço”, defendeu.
 
Embora o trabalho como dublê não ajude tanto nas corridas, sempre tem algo nos sets que pode ser levado para as pistas.
 
“Posso dizer que encontrei novos níveis de calma e paciência. Aprendi novas habilidades, como lutar nos filmes e reações. Tive sorte de ter sido treinado por um dublê top de Hollywood, Rick English, que me deu um treinamento especializado. Tudo que te desafia mental e fisicamente é trunfo para correr”, ponderou.
 
O quinto filme da franquia ‘Missão Impossível’ foi o primeiro de Clarke em Hollywood. “Eu não estava pronto para voltar a correr em tempo integral e a equipe de dublês precisava de pilotos de primeira linha para um teste e eu estava disponível. Recebi uma ligação do meu agente e o resto é história”, contou.
 
 “Trabalhar com Tom Cruise, um dos melhores atores de todos os tempos, foi um privilégio. Não apenas foi legal desempenhar um papel no filme, mas passar um tempo com ele, treinando-o em preparação para suas próprias cenas na motocicleta. Foi fantástico e uma honra terem confiado a mim essa tarefa”, declarou. “As histórias dele são incríveis de ouvir também e foi até chato ter de pilotar, pois eram horas de uma fascinante conversa”, continuou. 
 
Questionado pelo GP sobre as semelhanças entre o ambiente de Hollywood e das corridas, Kieran respondeu: “É muito similar em termos de política, estrutura e competição. Você é tão bom quanto seu último filme, assim como é com sua última corrida”.
Missão Impossível foi primeiro filme de Kieran Clarke em Hollywood (Foto: Divulgação)
E, assim como nos autódromos, o risco também faz parte da atuação por trás das câmeras.
 
“Tem grandes riscos assim como nas corridas e quando você está em uma disputa na pista, tudo pode acontecer. No set, são riscos calculados, os treinos e a preparação envolvida para segurança da performance e da equipe são primordiais”, ressaltou. “Essa é a responsabilidade e a qualidade do coordenador de dublês, que se certifica de que não haja comprometimento. É vida real e nessas ações sempre têm riscos. Acidentes podem acontecer”, reconheceu. 
 
A volta aos bastidores do cinema, porém, acabou afetada por um acidente. Em maio passado, Kieran levou um forte tombo em Donington Park e as lesões foram tão graves que o processo de recuperação continua até hoje. 
 
“Eu estava treinando um cliente com quem trabalho há anos e foi uma queda estranha, com fluído no pneu traseiro”, relatou. “Eu estava bem mais lento do que a velocidade de corrida e bati contra o chão de forma estranha em uma parada repentina. Tive uma hemorragia enorme e não esperavam que eu sobrevivesse a aquela noite”, seguiu. 
 
“Eu estava tão mal que eles não podiam me operar usando anestesia geral, já que a minha pressão sanguínea estava muito baixa por causa da enorme hemorragia interna e, de qualquer forma, isso teria me matado. Passaram-se quatro dias antes que eles pudessem me operar e aí eu fiquei acordado o tempo todo. Foi a coisa mais difícil que enfrentei”, resumiu. “Removeram o meu baço, metade do meu rim esquerdo e a base do meu pâncreas, e meu pulmão esquerdo parou. Estou progredindo bem e me sentindo melhor a cada semana. É uma loucura pensar em todos esses danos depois de anos de quedas enormes que você tem correndo, mas o apoio da minha família, amigos e time foi incrível. Minha recuperação está em 80% e tenho sorte por estar vivo”, admitiu.
 
Por conta do acidente, os planos de voltar às pistas e às telas ainda são incertos, mas Kieran trabalha com opções interessantes para o futuro.
 
“Neste momento, minha recuperação vai se estender pelo próximo ano e é possível me recuperar completamente para correr, mas ainda não é certo e talvez leve mais um ano”, explicou. “Tive ofertas para trabalhar como agente e treinador para a equipe PTR Honda e é uma coisa que eu gostaria de explorar”, falou.
 
“Tive um verão movimentado planejando o malabarismo entre filmes e corridas, mas, infelizmente, com o acidente e as lesões, tive de recusar projetos como correr com o Stig em uma perseguição de carro em Hollywood para um programa de carros e também para trabalhar no novo filme do Bourne”, revelou. “Estou negociando alguns filmes para o futuro, mas ainda é tudo bem secreto, mas bastante empolgante”, concluiu.
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