2013 do turismo e do rali vê consagração de Kristensen, hexa de Johnson e adeus de Loeb ao WRC

Firmando-se como lendas do automobilismo, Tom Kristensen e Jimmie Johnson alcançaram marcas importantíssimas no ano de 2013, enquanto Sébastian Loeb encerrou um ciclo de muito sucesso no WRC. Augusto Farfus, Lucas Di Grassi e Bruno Senna foram os destaques brasileiros

Tom Kristensen, Jimmie Johnson e Sébastien Loeb: esses três pilotos vem escrevendo, nos últimos anos, a história do automobilismo a cada metro de asfalto que percorrem. Em 2013, não foi diferente. Donos de números impressionantes, todos os três passaram por momentos bastante marcantes nos últimos 12 meses – embora distintos. Um bateu seu próprio recorde, outro se aproximou das lendas, enquanto o terceiro se despediu de vez dos palcos onde se consagrou.

Aos 46 anos, Kristensen, o maior vencedor da história das 24 Horas de Le Mans, finalmente conseguiu colocar no vitorioso currículo um título mundial. Oito anos mais novo, Johnson levantou a taça na divisão principal da Nascar pela sexta vez em oito campeonatos: mais um e ele alcança Dale Earnhardt e Richard Petty. Já Loeb fez as últimas quatro aparições no WRC, subindo ao pódio em três delas. Um gênio do off-road.

Tom Kristensen, o mito, comemorou a ampliação do seu recorde de vitórias em Le Mans (Foto: Audi Sport/Facebook)

Os sucessos destes três pilotos em 2013 propiciaram imagens de destaque nas principais categorias de turismo, endurance e rali do planeta. Além dos acontecimentos já citados, essa temporada viu a afirmação de Mike Rockenfeller e Augusto Farfus no DTM, o surgimento de um novo campeão no WRC, Sébastien Ogier, e as mudanças de rumo de dois dos principais pilotos brasileiros da atualidade: Bruno Senna e Lucas Di Grassi.

O ano, contudo, teve um ponto bastante baixo: a morte do dinamarquês Allan Simonsen no início das 24 Horas de Le Mans. Uma perda que, sem dúvida, manchou o 90º aniversário da tradicional prova francesa, mas que, por outro lado, reforçou uma das características mais exigidas para quem quer obter êxito em Sarthe: superação.

MUNDIAL DE ENDURANCE

Dá para dizer que o Mundial de Endurance viveu um bom ano enquanto preparava a transição para a nova era que virá em 2014. Depois de ser recriado com sucesso pela FIA em 2012, o campeonato perdeu as 12 Horas de Sebring, substituídas pelas 6 Horas do Circuito das Américas, mas celebrou um aumento de público e, especialmente, de visibilidade das corridas de longa duração.

A batalha pela LMP1 é que acabou decepcionando um pouco. A Toyota estreou muito bem na segunda metade de 2012, prometendo brigar de igual para igual neste ano. A Audi percebeu e reagiu, dando a resposta na pista ao ganhar seis das oito etapas – incluindo as cinco primeiras. Nem deu graça.

Sem Sebring, o campeonato começou em grande estilo no Reino Unido: as 6 Horas de Silverstone foram definidas somente nas voltas finais, quando Allan McNish ganhou a corrida para o R18 e-tron quattro #2 com uma bela ultrapassagem sobre Benoît Tréluyer. Era o início do domínio e da resposta do trio Kristensen/McNish/Loïc Duval ao título conquistado por André Lotterer/Marcel Fässler/Tréluyer no primeiro ano de vida do WEC.

Bandeirada final: Kristensen cruza a linha de chegada e alcança seu nono triunfo em Le Mans (Foto: Getty Images)

A cereja do bolo, é claro, foi Le Mans. A 90ª edição foi histórica, apesar da morte de Simonsen: marcou o nono triunfo do também dinamarquês Kristensen, que se viu ainda mais motivado para perseguir a vitória e homenagear o compatriota. Foi uma prova especial para Lucas Di Grassi – a primeira em Le Mans –, que subiu ao pódio em terceiro.

Na reta final, um dilúvio marcou a etapa de Fuji, que sequer teve bandeira verde – ainda assim, a Toyota, que não largou na pole, venceu, visto que o #1 não resistiu à chuva.

O ano fechou no Bahrein com Kristensen/McNish/Duval campeões. Kristensen e McNish, experientíssimos no automobilismo, puderam bater no peito pela primeira vez e dizerem que ganharam um título de um campeonato mundial homologado pela FIA. A Audi, claro, foi a melhor das montadoras da LMP1. A OAK ganhou na LMP2 e a Ferrari, com a AF Corse e a 8 Star, faturou, respectivamente, as taças da GTE Pro e da GTE Am. A Larbre, de Fernando Rees, sofreu com a equalização estipulada pelo Automóvel Clube do Oeste (ACO) e nem chegou perto de ficar com o bi.

Fora da F1, Bruno Senna aproveitou 2013 para redescobrir o "gostinho de correr". Ele exalava alegria após as 6 Horas de Silverstone, que venceu ao lado de Darren Turner e Stefan Mücke. O piloto também flertou com a vitória nas 24 Horas de Le Mans, superando a morte do companheiro Allan Simonsen. O sonho foi por água abaixo com a batida forte de Fred Makowiecki na chuva, quando o carro #99 era o líder da GTE Pro. Nas 6 Horas de São Paulo, um outro acidente, no qual Senna não teve culpa alguma, praticamente minou as chances de título. Ainda assim, ele conseguiu fechar o ano com bons resultados e deixando uma boa impressão no endurance.

DTM

A Audi voltou a vencer no DTM após dois anos. A bola da vez foi Mike Rockenfeller. O alemão havia sido o melhor piloto da marca das quatro argolas em 2012 e, por isso, foi escolhido para liderar a operação em 2013. Correspondeu muito bem ao pontuar em todas as nove primeiras provas e assegurar o título com uma prova de antecipação.

Rockenfeller deu indícios de que faria bonito ao cravar a pole em Hockenheim, na primeira rodada. Aquela ele não levou, contudo: perdeu para Augusto Farfus. Mas, na segunda, em Brands Hatch, Rocky não decepcionou e venceu com sobras, ao passo que o brasileiro abandonou e perdeu 18 pontos certos com problemas de câmbio.

O alemão continuou sendo regularíssimo e venceu uma segunda corrida, em Moscou, em agosto. Farfus não teve a mesma sorte. O piloto da BMW enfrentou problemas não só na Inglaterra, como também em Lausitz e em Norisring – nessa última, em Nuremberg, a BMW andou mal como nunca.

Espírito esportivo não faltou para Rockenfeller e Farfus no DTM (Foto: DTM)

A reação de 'Ninho' iniciou com pódios em Moscou e em Nürburgring e foi catalisada com a vitória em Oschersleben. Esses bons resultados permitiram que Farfus voltasse a aparecer na briga pelo título, mas a distância para Rockenfeller já era grande: nem mesmo a terceira vitória, em Zandvoort, foi capaz de frear o rival na final antecipada.

A parte da luta pelo título, o campeonato teve bons e cômicos momentos: a etapa de Norisring teve uma disputa sensacional na pista, mas ficou manchada pela desclassificação do vencedor Mattias Ekström, que teve uma garrafa d’água colocada dentro de seu macacão por um mecânico no Parque Fechado. Depois de alçar Robert Wickens ao primeiro posto, a CBA alemã julgou o caso e recolocou o canadense em segundo, deixando a prova sem ganhador.

Wickens não demorou para reconquistar, dessa vez, do jeito que tem que ser, a primeira vitória da carreira. Foi na chuva, em Nürburgring, com direito a uma ultrapassagem memorável sobre Farfus e Adrian Tambay. O ano terminou de forma semelhante, com Timo Glock mandando bem na estratégia na encharcada Hockenheim e subindo ao alto do pódio na festa de encerramento das atividades na firma.

Jimmie Johnson comemora o sexto título na Nascar (Foto: Getty Images)

NASCAR

Falta apenas um degrau para Jimmie Johnson subir para chegar ao Olimpo dos maiores nomes da Nascar. Depois de ser pentacampeão consecutivo de 2006 a 2010, o #48 retornou das ‘férias’ de dois anos para conquistar o sexto título da categoria. Dale Earnhardt e Richard Petty têm sete.

Johnson fechou 2013 com 19 pontos de vantagem para Matt Kenseth e 34 para Kevin Harvick, tendo vencido duas vezes no Chase, o playoff decisivo. Na finalíssima, em Homestead, foi nono.

O Chase, a propósito, contou com 13 pilotos em vez de 12. Não foi nenhuma jogada de marketing com o ano em que estamos, e, sim, fruto de uma polêmica resolvida no tapetão da Nascar.

Na última corrida da temporada regular, em Richmond, a Michael Waltrip pediu para Clint Bowyer rodar propositalmente e chamou seus pilotos aos boxes para beneficiar Joey Logano. Assim, o piloto da Penske ultrapassaria Jeff Gordon e conseguiria classificar Martin Truex para o Chase. As consequências foram severas: Truex foi eliminado para a entrada de Ryan Newman, e Gordon, considerado prejudicado em meio ao rolo, recebeu a chance de brigar pela taça nas dez provas finais em uma inédita 13ª vaga.

Outro fato de destaque foi o assustador acidente da abertura da temporada da Nationwide, em Daytona. Numa tarde de sábado, uma batida na linha de chegada destruiu o alambrado e deixou 28 pilotos feridos. O que aconteceu foi que, após um forte impacto, o motor de Kyle Larson voou em direção às arquibancadas. Dois dos feridos ficaram em estado grave, mas ninguém morreu.

Acidente em Daytona na Nationwide (Foto: Getty Images)

WRC

Um Sébastien francês por outro: assim surgiu o sucessor de Loeb no trono do Mundial de Rali. Correndo com a Volkswagen, Sébastien Ogier conquistou seu primeiro título no WRC com larga vantagem para a concorrência.

É bem verdade que Loeb, que supostamente não levaria tão a sério este ano de 2013, surpreendeu ao vencer o Rali de Monte Carlo e chegar em segundo no Rali da Suécia. “Ah, mas ele vai ganhar tudo mesmo?”

Era o que o eneacampeão queria. Loeb disputou também o quinto rali do ano, na Argentina, faturando outra vitória. Mas o programa da lenda viva francesa incluía somente quatro rodadas, e ele voltou para fazer sua despedida em casa, na França, onde não conseguiu completar.

Sébastien Ogier venceu com larga vantagem o WRC em 2013 (Foto: Red Bull/Getty Images)

Ogier venceu um total de oito ralis ao longo da temporada 2013, chegando a 290 pontos. O belga Thierry Neuville, que é bastante promissor, acabou como vice-campeão com 176, deixando para trás os medalhões finlandeses Jari-Matti Latvala e Mikko Hirvonen. Loeb foi oitavo. Esse foi o primeiro campeonato completo da Volkswagen em seu retorno ao WRC, após passar 2012 apenas preparando o regresso. Dá para dizer que o trabalho foi muito bem feito.

E não dá para falar de WRC sem falar de Robert Kubica. O polonês disputou a classe WRC2, na qual se sagrou campeão. O desempenho foi bem constante: ou ele ganhava, ou ele batia – ou quase isso. O piloto aparentemente não cansou de capotar seus Citroën por aí. Ele saiu rolando algumas vezes em outros ralis dos quais participou, e até mesmo em treinos. Apesar de ter reencontrado o caminho dos bons resultados, Kubica sempre admite que gostaria mesmo é de poder competir novamente no Mundial de F1.

Yvan Muller dominou o WTCC em 2013 e ainda venceu em Macau (Foto: WTCC)

WTCC

O WTCC viveu um ano não tão forte em 2013, com a saída da equipe de fábrica da Chevrolet. Os carros da montadora seguiram em atividade com equipes independentes, porém, e foi novamente a gravata borboleta que despontou, com o francês Yvan Muller e a RML. O título, aliás, foi conquistado com certa antecipação: na penúltima rodada dupla, Muller havia assegurado matematicamente o troféu. Ele terminou o ano com 431 pontos, contra 242 do vice, Gabriele Tarquini.

Nesse ano, o Mundial de Carros de Turismo não passou pelo Brasil. A rodada de Curitiba foi substituída por duas baterias no novo autódromo de Termas do Río Hondo, na Argentina. Na ocasião, aliás, o piloto local ‘Pechito’ López conseguiu vencer uma das provas. Alguns rumores ligaram o retorno da categoria ao Brasil para corridas em Cascavel, e conversas de fato aconteceram, mas nenhum acordo foi firmado.

Para o ano que vem, o campeonato espera atrair bem mais os olhares do público com a chegada da Citroën e de Loeb.

Jordan Taylor e Max Angelelli foram campeões da Grand-Am (Foto: Facebook/Jordan Taylor)

GRAND-AM

Jordan Taylor e Max Angelelli foram os campeões da temporada 2013 da Grand-Am, que viu um ‘renascimento’ de Christian Fittipaldi. Há algum tempo longe dos holofotes, Christian voltou com tudo pela equipe Action Express e teve um desempenho muito bom no endurance norte-americano. Ele acabou concluindo a temporada na quarta posição, tendo vencido duas etapas.

A corrida de 24 Horas de Daytona, que abriu a temporada, foi também a melhor, decidida no final após um show de Juan Pablo Montoya. Correndo pela Ganassi, o colombiano comemorou a vitória ao lado de Scott Pruett, Memo Rojas e Charlie Kimball.

Ozz Negri e Antonio Pizzonia foram outros brasileiros que alinharam no grid, mas enfrentaram problemas diversos. Negri se ausentou por mais de dois meses para tratar uma fratura na perna, enquanto Pizzonia deixou a MSR no meio do ano, sem patrocínios.

Essa foi a última temporada da existência da Grand-Am. Em 2014, o campeonato passará por uma fusão com ALMS, nascendo, assim, a United SportsCar.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias do GP direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.