25 anos após morte de Enzo, Ferrari se mantém como maior vencedora da F1 graças à ‘Era Schumacher’

Os números da Ferrari antes e depois da morte de seu fundador, Enzo, são até que semelhantes, mas com uma diferença fundamental: quase que todo o sucesso obtido desde 1988 está ligado ao nome de Michael Schumacher

Há exatos 25 anos, morria o comendador Enzo Ferrari, fundador da fábrica mais famosa do automobilismo mundial. Nascido em Modena em 18 de fevereiro de 1898, Enzo construiu, ao longo de seus 90 anos de vida, um vasto império. A marca Ferrari é uma das mais valiosas do planeta, enquanto a escuderia é a mais vitoriosa da principal categoria do esporte a motor, a F1.

A homenagem que recebeu dias após a morte, no GP da Itália de 1988, não poderia ter sido mais perfeita e ficou marcada na história da F1. Gerhard Berger e Michele Alboreto formaram uma dobradinha inesquecível. A corrida de Monza foi a única das 16 disputadas em 1988 que não foi vencida por um dos pilotos da McLaren – Ayrton Senna jogou a vitória fora nas voltas finais ao bater com o retardatário Jean-Louis Schlesser na Variante Ascari.

Foi a maior festa dos tifosi em anos. A crise que assolava Maranello era terrível. A Ferrari não ganhava um Mundial de Pilotos desde 1979, com Jody Scheckter. O Mundial de Construtores, desde 1983. Uma crise que piorou ainda mais nos anos seguintes e só foi mudar na ‘Era Schumacher’.

Mas, se a ‘Era Schumacher’ fez a Ferrari reassumir o posto de maior campeã da F1, ela também é uma exceção no período pós-Enzo. 24 campeonatos foram disputados entre 1989 e 2012, com os italianos comemorando seis títulos de Pilotos e oito de Construtores.

Enzo Ferrari é um dos personagens mais marcantes da história do automobilismo (Foto: Getty Images)

Esse período pós-Enzo pode ser subdividido. A crise mais feroz se estendeu até 1992 – ano em que Luca di Montezemolo recebeu da Fiat a responsabilidade de reerguer a escuderia. Em 1993, Montezemolo contratou Jean Todt. Depois, chegaram Michael Schumacher e Ross Brawn, que levaria consigo o colega Rory Byrne. A reconstrução foi concluída em 1999, quando o time foi campeão do Mundial de Construtores. Até 2004, Schumacher e a Ferrari dominaram a F1.

Aos poucos, porém, o conjunto vitorioso foi se desmanchando após 2006. Kimi Räikkönen foi campeão em 2007, Felipe Massa bateu na trave em 2008 e, desde então, a Ferrari não comemora nada. Esse jejum já dura o mesmo tempo que Enzo viu a equipe ficar na seca entre 1983 e sua morte.

Apesar desse apego à ‘Era Schumacher’ no quesito conquistas no período pós-Enzo, o comparativo com os números do tempo em que a Ferrari era tocada pelo comendador indicam certa semelhança.

A principal diferença é que nas 38 primeiras temporadas da escuderia na F1, seis pilotos diferentes foram campeões: Alberto Ascari, Juan Manuel Fangio, Mike Hawthorn, Phil Hill, John Surtees e Niki Lauda. No pós-Enzo, apenas Schumacher e Räikkönen.

E os dois momentos tiveram duas grandes secas: 11 anos (1964 a 1975 e 1988 a 1999) e cinco anos (1983 a 1988 e 2008 a 2013).

A Ferrari com e sem Enzo (Fotos: Getty Images/Arte: Rodrigo Berton)

Aposentadoria? Que nada

Aos 82 anos, Bernie Ecclestone segue implacável comandando os negócios da F1, sem estabelecer uma data para se aposentar. Talvez a inspiração do britânico venha de Enzo Ferrari, que trabalhou até os últimos dias da vida. Os dois, inclusive, respeitavam bastante um ao outro.

O comendador já tinha 90 anos quando contratou Nigel Mansell para pilotar pela Ferrari em 1989. O ‘Leão’ foi o último piloto escolhido por Enzo para a equipe. Outro que tinha um vínculo com o empresário era Roberto Pupo Moreno, então nas categorias de base. O brasileiro chegou a testar com a equipe antes de estrear na F1 com a Coloni. O acordo incluía uma cláusula que permitiria a ele andar na Ferrari no terceiro ano, o que não se concretizou com o novo comando do time.

Brasileiros só foram correr pela Ferrari mais de dez anos depois. Ayrton Senna era um grande sonho de consumo, e Rubens Barrichello foi considerado para 1996, mas se mudou para Maranello no início de 2000. Permaneceu por lá até 2005, quando saiu para dar lugar a Felipe Massa.

Em seus últimos meses, Enzo também tomou decisões importantes com relação ao futuro de sua firma. Pendeu para o lado de John Barnard, por exemplo, quando o futuro dos motores turbo era debatido e deu o aval para o projeto de um novo motor V12, e escolheu Pier Giorgio Cappelli, da Fiat, como substituto, ainda que este não tenha permanecido por muito tempo.

Carros ganham corridas, pilotos as perdem

Essa era uma das máximas de Enzo Ferrari. Também por isso, era difícil ver pilotos se firmando por muito tempo na escuderia. 107 pilotos já correram pelo time na F1, um número bem alto. A imensa maioria – 92 – até 1988.

Luca di Montezemolo aprendeu direitinho as lições de Enzo Ferrari (Foto: Ferrari)

A máxima continuou valendo após a morte do comendador. Valeu para Alain Prost, que fez várias críticas ao equipamento que tinha em 1991 e acabou demitido antes do fim do campeonato. E, mais recentemente, Luca di Montezemolo deu mais um exemplo de como a Ferrari se considera maior do que qualquer piloto ao criticar abertamente o espanhol Fernando Alonso.

O bicampeão foi contratado em 2009 como uma grande esperança de títulos. Pensava, também, que seria fácil ser campeão com a Ferrari. Porém, nas quatro temporadas disputadas desde 2010, esse caminho não foi tão fácil, e ele tem demonstrado certa insatisfação com a equipe. Ouviu do presidente que precisa colocar os interesses da equipe à frente dos interesses pessoais. Onde quer que esteja, Enzo deve ter gostado da atitude de seu ‘herdeiro’.

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