Palco de finais emocionantes, Interlagos decide Mundial de F1 pela sexta vez em oito anos. Relembre

Vice-líder do campeonato, Fernando Alonso retorna ao palco em que comemorou seus dois títulos mundiais para buscar o tri contra Sebastian Vettel. Contra o espanhol, jogam não só a inferioridade do carro da Ferrari, mas o histórico da prova brasileira: apenas Kimi Räikkönen conseguiu virar o jogo em Interlagos para ficar com o título

► As imagens das decisões da F1 em Interlagos

Desde que passou a ser disputado na reta final da temporada, em 2004, o GP do Brasil se tornou o palco favorito das decisões de campeonato na F1. O embate marcado para o próximo domingo (25), entre Sebastian Vettel, da Red Bull, e Fernando Alonso, da Ferrari, será o sexto que terá Interlagos como palco nas últimas oito edições do Mundial. E a prova deste ano já promete ser histórica, antes mesmo de as equipes e pilotos chegarem ao circuito paulistano, pois encerrará aquele que é considerado como o melhor campeonato de todos os tempos coroando um novo – e mais jovem – tricampeão.

E as temporadas decididas em São Paulo tiveram desfechos de todos os tipos. Desde campeões antecipados até campeões decididos depois do tremular da bandeira quadriculada. Campeões coroados por um ponto, vice-campeão que deu show em sua corrida de despedida e um campeão que silenciou a multidão que torcia pelo piloto da casa, que venceu a corrida, mas chorou de tristeza no pódio.

Alonso chega a Interlagos querendo repetir o que fez em 2005 e em 2006. Os dois títulos do bicampeão foram festejados aqui. No ano seguinte, em 2007, ainda voltou com chances, mas acabou derrotado por Kimi Räikkönen. Ironicamente, o espanhol alcançou a glória maior do automobilismo num lugar onde nunca conseguiu triunfar. Também é a quarta vez que a Ferrari chega ao Brasil em desvantagem na tabela de pontuação.

O concorrente, por outro lado, subiu ao degrau mais alto do pódio no Brasil em 2010, ano do primeiro título. Mas naquele ano a disputa acabou se estendendo até a corrida seguinte, em Abu Dhabi. Entretanto, nas duas edições anteriores da prova, ele exerceu papéis de destaque. Em 2008, era apenas um coadjuvante, só que daqueles que se cruza com o protagonista e muda toda a história da novela: Vettel, de Toro Rosso, quase tirou a taça das mãos de Lewis Hamilton. Em 2009, voltou para Interlagos com chances remotas de superar Jenson Button. Chances que acabaram de vez quando o inglês da Brawn cruzou a linha de chegada em quinto, uma posição atrás de Vettel, e conquistou o mundo antecipadamente.

Alonso foi campeão pela primeira vez em Interlagos (Foto: Getty Images)

O bicampeonato de Fernando Alonso

Em 2004, o GP do Brasil encerrou o Mundial de F1. Mas o título já estava sacramentado há muito tempo, desde o GP da Bélgica, em favor de Michael Schumacher. Assim, foi só em 2005 que a decisão aconteceu no Brasil. Curiosamente, em uma prova que não fechava o calendário, mas que representou a primeira grande oportunidade de Fernando Alonso selar o destino daquele campeonato.

Chegando à primeira corrida decisiva da carreira, Alonso, vencedor de seis GPs até então na temporada, cravou a pole-position. Só que o espanhol estava muito mais leve que a dupla da McLaren, formada por Juan Pablo Montoya e Kimi Räikkönen, o adversário que precisava somar cinco pontos a mais para seguir com chances de título. Já nas primeiras voltas, a McLaren mostrou que a vitória, pelo menos, seria possível e, apesar de seus carros estarem mais pesados, Montoya e Räikkönen logo abriram caminho sobre o Alonso.

Mas a estratégia da Renault era administrar a situação. Ao mesmo tempo que não era capaz de acompanhar o ritmo da equipe rival , Alonso também não permitia a aproximação de Michael Schumacher na quarta posição, o que lhe adiaria a festa. Sem cometer deslizes, ele foi ao pódio junto de Montoya – que vencia pela última vez na F1 – e de Räikkönen.

A conquista do asturiano, impulsionado pela febre que foi a ‘Alonsomania’ durante o ano, quebrou um recorde estabelecido 33 anos. Aos 24 anos, ele superava Emerson Fittipaldi como o mais jovem campeão de todos os tempos, e justamente no Brasil. E isso não terminaria ali, em 2005. Um ano depois, com a Renault continuando a distribuir as cartas na F1, Alonso voltou a São Paulo para disputar com o maior campeão de todos os tempos, Michael Schumacher, que estava se aposentando.

Dessa vez, a situação era um pouco mais delicada, apesar da vantagem de dez pontos construída graças à quebra no motor da Ferrari do alemão na penúltima etapa, no Japão. O GP do Brasil foi o último de 2006 e, portanto, não haveria uma segunda chance em caso de erro. Mas a sorte o acompanhou. Primeiro, na classificação, quando Schumacher teve um problema que o limitou ao décimo lugar no grid de largada; Alonso partiria em quarto e a pole-position ficou com Felipe Massa.

Na corrida, Schumacher começou muito bem. Na segunda volta, já era sexto, atrás de Alonso e Fisichella, companheiro do espanhol na Renault. Depois de um período de safety-car, partiu para cima do italiano e, na quarta volta de duelo, a nona da corrida, os dois se tocaram no S do Senna, resultando em um furo no pneu da Ferrari. Fim de campeonato, começo do show de Schumacher, que começou a ganhar uma posição de cada vez, até reencontrar e passar Fisichella e fazer uma manobra sensacional sobre Räikkönen a três voltas do fim para chegar à quarta posição, em que concluiu o último GP da primeira fase de sua carreira.

No pódio, Alonso fez a festa pelo segundo ano consecutivo. Festa que ainda contou com a presença de um piloto que pode ajudá-lo na final de 2012: Massa. Após 13 anos, um brasileiro voltava a vencer em Interlagos. A Renault também comemorou o título do Mundial de Construtores.

Räikkönen foi o único a virar uma decisão de campeonato e ficar com o título (Foto: Getty Images)

A única virada

Após uma fraca primeira metade da temporada de 2007, ninguém esperava que Kimi Räikkönen estivesse na briga pelo título da F1. Entretanto, com uma longa sequência de pódios, além de vitórias na Bélgica e na China, o finlandês chegou ao Brasil com chances matemáticas de ficar com a taça. Só que a situação não era simples. Kimi tinha 100 pontos e ocupava a apenas a terceira colocação. Na frente estavam Fernando Alonso, com 103, e o então novato Lewis Hamilton, com 107.

Para piorar as coisas, Kimi foi somente o terceiro colocado no grid de largada, ficando atrás do companheiro de equipe, Felipe Massa, que saía na pole-position, e também de Lewis Hamilton. A situação, porém, começou a mudar na primeira curva. Os dois carros da Ferrari tracionaram bem e dividiram o S do Senna, com Hamilton precisando frear para não bater. Com isso, britânico ainda acabou ultrapassado por Fernando Alonso.

Enquanto Felipe Massa dominava a prova, a situação de Räikkönen começava a melhorar. O piloto já ocupava a segunda colocação, quando Hamilton deu uma escapada na Curva do Lago, caindo para a oitava posição. Apesar disso, o britânico não teve maiores problemas para ganhar terreno, retomando os postos de Jarno Trulli e Nick Heidfeld.

Apesar da luta para voltar às primeiras posições, não demorou muito para que Hamilton sofresse o golpe final. O piloto teve um problema mecânico ao trocar uma marcha e começou a se arrastar pela pista. Milagrosamente, o carro da McLaren voltou a funcionar, mas o inglês já ocupava o 18º posto.

Com uma estratégia diferenciada nos boxes, ele conseguiu subir para o sétimo lugar e passou a torcer por algum abandono dos rivais para terminar com a taça. Enquanto isso, Kimi conseguiu superar Felipe Massa em uma camarada estratégia da Ferrari nos boxes, assumindo a liderança. Como as posições não mudaram até o fim da corrida, o finlandês pôde celebrar o título, ao chegar a 110 pontos, deixando Alonso e Hamilton, com 109.

Massa venceu, mas não levou o título em 2008 (Foto: Getty Images)

O mais emocionante de todos

A decisão da temporada 2008 começou antes mesmo da última corrida. Após 17 etapas, Felipe Massa ocupava a segunda colocação no Mundial, com 87 pontos, contra 94 de Hamilton. Era a terceira vez consecutiva que um piloto da Ferrari chegava em desvantagem à final. Como o brasileiro precisava que o adversário terminasse no máximo com a sexta posição, a torcida começou uma campanha para que Rubens Barrichello – que se arrastava pela Honda – batesse propositalmente no britânico para ajudar o compatriota.

A campanha não passou de uma brincadeira, mas mostrou o clima de disputa que antecedia a decisão. Na pista, Massa saiu na frente ao cravar a pole-position, sendo seguido por Trulli, Räikkönen e Hamilton. Para aumentar ainda mais a angústia dos pilotos, no domingo, a corrida começou atrasada em dez minutos porque uma forte chuva atingiu o circuito de Interlagos momentos antes da largada.

Apesar disso, quando a prova foi iniciada, Massa manteve a liderança no começo, enquanto era pressionado por Sebastian Vettel, então na Toro Rosso. Os dois chegaram a trocar voltas mais rápidas, mas o ferrarista conseguiu manter a liderança, com certa facilidade. A ordem dos pilotos só mudou a partir das paradas nos boxes, quando Felipe continuou na ponta, mas seguido por Alonso, Räikkönen, Hamilton e Vettel.

A situação começou a mudar na volta 63, quando uma leve chuva atingiu o circuito de Interlagos, obrigando os pilotos a pararem nos boxes. A única equipe que havia optado por ficar fora, mesmo com pneus de pista seca, foi a Toyota. Com isso, Timo Glock chegou a entrar na briga pelo pódio, mas o piloto nada pôde fazer quando a tempestade aumentou, no giro 69.

Para aumentar o drama, Vettel conseguiu ultrapassar Hamilton no fim da prova, o que daria matematicamente o título a Massa. O piloto da McLaren acelerou ao máximo para tentar dar o troco no alemão, mas era tarde demais. Só que havia uma luz no fim do túnel, aliás, no fim da corrida. O carro de Glock não conseguia manter o ritmo de prova por causa da pista molhada e foi ultrapassado na curva da Junção, a menos de 1 km da linha de chegada.

Com isso, Felipe Massa cruzou a linha de chegada e pôde comemorar o título por quase 40s. Ou melhor, esperar por 38s907 para saber se poderia celebrar. Esse foi o tempo que Hamilton demorou para superar Glock, cruzar a linha de chegada na quinta posição e poder comomorar a conquista do campeonato mundial por um único ponto. O piloto marcou 98, contra 97 do brasileiro. O prêmio de consolação para a Ferrari foi a conquista do Mundial de Construtores.

Button foi campeão em Interlagos com a antiga Brawn (Foto: Getty Images)

Campeão por antecipação

Ao contrário dos últimos anos, o GP do Brasil de 2009 não foi a última prova da temporada. Ainda havia o GP de Abu Dhabi para ser realizado, mas Jenson Button poderia ficar com o título caso acabasse com dez pontos de vantagem para Rubens Barrichello e para Sebastian Vettel. O inglês chegou a Interlagos, com 85 pontos, contra 71 do brasileiro e 69 do alemão.

O treino classificatório, aliás, contribuiu para que a taça continuasse em disputa. Após 2h40min de atividade, devido à forte chuva na capital paulista, Barrichello terminou com a pole-position. Jenson Button largou apenas em 14º, enquanto Vettel ficou ainda mais atrás, em 16º. Como os dois rivais precisavam fazer uma corrida de recuperação, o brasileiro da Brawn aproveitou para liderar as primeiras voltas da prova.

No entanto, Rubens precisava abrir uma boa vantagem para os rivais para que a estratégia de uma parada a mais desse certo. Além de não ter um ritmo voador, o piloto ainda foi prejudicado pelo safety-car. Assim, quando retornou dos boxes, já estava tanto atrás de Mark Webber quanto de Robert Kubica.

Com uma estratégia diferente, Button chegou a ocupar o terceiro posto, mas caiu para sétimo depois da parada. O piloto ainda foi beneficiado pelos problemas de Heikki Kovalainen e de Rubens Barrichello – que teve um pneu furado – para subir para a quinta colocação e garantir o título de pilotos. Vettel foi o quarto na corrida, enquanto o piloto brasileiro terminou em oitavo. Com isso, Button alcançou 89 pontos na tabela, e não poderia mais ser alcançado por Vettel, com 74 e Rubens Barrichello, com 72. A prova também deu à Brawn o título de construtores na única temporada de existência do time.

O Grande Prêmio vai acompanhar a decisão do Mundial 2012 da F1 'in loco' em Interlagos com grande equipe: Flavio Gomes, Victor Martins, Evelyn Guimarães, Fernando Silva e Juliana Tesser.

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