Polêmica entre ídolos deixa marca, mas MotoGP vive temporada de glória, recordes e popularidade em alta

A confusão envolvendo Valentino Rossi, Marc Márquez e Jorge Lorenzo deixou uma marca, mas a MotoGP não pode reclamar de 2015. A classe rainha do Mundial de Motovelocidade viu o retorno de duas fábricas — Suzuki e Aprilia —, a volta da Ducati à competitividade, recordes sendo superados e arquibancadas abarrotadas por onde quer que passou

A MotoGP fecha 2015 com muitos motivos para celebrar. Embora o tumulto entre Valentino Rossi, Marc Márquez e Jorge Lorenzo tenha deixado uma marca na história do Mundial, a confusão não apaga o que foi a 67ª temporada da categoria rainha do Mundial de Motovelocidade.
 
Antes mesmo de as luzes se apagarem na reta de largada do GP do Catar, FIM (Federação Internacional de Motociclismo) e Dorna, promotora do campeonato, já tinham motivos para festejar.
Classe de 2015 fez um trabalho impecável na MotoGP (Foto: Ducati)
A Suzuki cumpriu a promessa de voltar ao grid da MotoGP e a Aprilia decidiu antecipar seu retorno para usar 2015 como um ano de testes para a próxima temporada. Além da volta das duas marcas, o Mundial também testemunhou o renascimento da Ducati.
 
Sob a batuta de Gigi Dall’Igna, a casa de Bolonha trouxe uma Desmosedici mais forte, mais competitiva, dando a Andrea Iannone e Andrea Dovizioso chances mais concretas de brigar pelo pódio. A meta inicial era lutar pela vitória, mas, ao fim das 18 etapas do ano, o sonho do triunfo foi mais uma vez adiado.
 
Mesmo assim, a fábrica de Borgo Panigale têm razões de sobra para comemorar. A Ducati soube aproveitar muito bem os benefícios do regulamento Aberto — e aqui cabe um elogio à Honda e Yamaha, que permitiram concessões para a fábrica rival em favor de um esporte mais competitivo — e evoluiu com o projeto da Desmosedici para tirar o atraso dos anos anteriores.
 
 Honda e Yamaha, por outro lado, vieram fortes como sempre, mas a fábrica dos três diapasões conquistou o maior presente do ano: a tríplice coroa. No aniversário de 60 anos da Yamaha Motor, a equipe de Jorge Lorenzo e Valentino Rossi conquistou os títulos de Equipes, Construtores e Pilotos.
 
Para aumentar ainda mais a alegria em Iwata, Rossi, aos 36 anos, voltou ao auge, naquela que para muitos foi sua melhor temporada nesses 20 anos de Mundial de Motovelocidade. O italiano foi ao pódio com frequência, venceu, fez poles, teve boas disputas e foi o promotor de sempre para o esporte que tanto ama.
 
Lorenzo, por outro lado, conquistou o quinto título da carreira no Mundial, o terceiro na MotoGP, e fecha o ano como o piloto que mais venceu, embora não seja uma unanimidade entre os fãs, nem mesmo os espanhóis. 
GP do Catar teve um pódio completamente italiano (Foto: Divulgação/MotoGP)
Do lado da Honda, a coisa não saiu tão bem como esperado. A RC213V segue sendo uma moto incrível, mas o motor de 2015 não é dos melhores já produzidos em Saitama. 
 
Com dificuldades para lidar com a agressividade do propulsor japonês, Márquez deitou e rolou, literalmente, e acabou fora da briga pelo título ainda em meados da temporada.
 
Dani Pedrosa também não teve vida fácil com o protótipo 1000cc nipônico, mas foi o físico que cobrou um preço alto do #26. Logo após a prova do Catar, o espanhol chegou a colocar a sequência da carreira em dúvida por conta da síndrome compartimental, mas uma nova cirurgia, seguida por uma ausência de três provas, conseguiu manter o pequenino piloto em atividade. 
 
Como já fez tantas vezes antes, Pedrosa trocou o rótulo de ‘piloto acabado’ pelo de ‘renascido’ e apareceu mais forte na reta final da temporada, inclusive com uma vitória espetacular no Japão
 
 Fora do ‘Quarteto Fantástico’, vale destaque a atuação de Iannone, que massacrou completamente Dovizioso. Ao longo da temporada, o caçula dos pilotos da Ducati foi se mostrando mais e mais adaptado ao equipamento e fez o companheiro de equipe comer poeira. 
 
Melhor estreante de 2015, Maverick Viñales teve atuações de encher os olhos, confirmando a fama de ‘especial’. A atuação do jovem #25 ligou a alerta na MotoGP e, se a Suzuki bobear, vai perder seu promissor e talentosíssimo piloto.
 
Os melhores momentos e a polêmica resultante
 
A temporada 2015 foi uma coleção de bons momentos, mas, como é preciso optar pela concisão, Catar, Argentina, Holanda, Grã-Bretanha, Austrália, Malásia e Valência, pela ordem, merecem destaque. Até pelo caráter decisivo.
 
Na prova de Losail, Rossi foi impecável, lutando contra todo mundo para garantir seu primeiro triunfo na temporada. Oitavo no grid, o italiano não fez uma boa saída, mas ainda na volta inicial chegou ao quarto posto, atrás de Iannone. 
Valentino Rossi fez a festa na Argentina (Foto: Yamaha)
Depois de deixar o mais jovem dos Andrea para trás, Valentino engoliu Lorenzo, que tinha perdido uma disputa para Dovizioso e não conseguiu acompanhar o ritmo. O #46, então, foi para cima do piloto da Ducati e, na última volta, garantiu a vitória por uma margem de 0s174.
 
Na Argentina, Rossi voltou a dar seu show, não só pela cantoria pré-pódio, mas pela habilidade de caça. Impecável na escolha de pneus, o piloto da Yamaha descontou mais de 4s de margem de Márquez e entrou de vez na briga pela vitória com três giros para o fim. 
 
Sempre disposto a uma boa briga, Marc entrou na disputa com Rossi, mas o duelo acabou na curva cinco de Termas de Río Hondo, quando o #93 tocou o piloto da Yamaha em uma troca de direção e caiu. A direção de prova até chegou a analisar o incidente, mas não encontrou culpados.
 
 Para muita gente, o conflito entre Márquez e Rossi começou exatamente na pista sul-americana.
 
Espanha, França, Itália e Catalunha viram uma reação de Lorenzo, que engatou uma sequência de três triunfos. Na chegada a Holanda, Rossi tratou de encerrar a boa fase do companheiro de Yamaha, de novo em um confronto com Márquez. Aí sim, um capítulo decisivo para a tensão da temporada.
 
Naquela que foi a última prova de sábado da história de Assen, Valentino fez uma bela largada partindo da pole, mas teve de lidar com a constante pressão de Márquez, que guardou um ataque mais firme para a metade final da disputa.
Jorge Lorenzo iniciou uma ótima sequência em Jerez (Foto: Bridgestone)
Teimoso, Marc pegou a liderança na 20ª volta, mas Valentino ficou perto e foi pressionando até retomar a dianteira, três giros depois. O #93 seguiu junto e levou a disputa para a volta final, tentando uma cartada na Geert Timmer.
 
No lance, Rossi não teve opção a não ser cortar a chicane, o que nunca foi lá muito bem visto por Márquez. 
 
Na República Tcheca, Lorenzo quebrou uma sequência de vitórias da Honda em Brno e tomou de Rossi a liderança do Mundial pelo critério de desempate — número de vitórias —, mas o #46 retomou a ponta da tabela com uma exibição de gala na Grã-Bretanha.
 
Abençoado pela chuva, o italiano conseguiu reverter um desempenho ruim nos treinos e venceu pela primeira vez em Northamptonshire. O toque de emoção da prova, entretanto, ficou por conta da atuação de Danilo Petrucci.
 
Mesmo com uma moto bastante defasada, o piloto da Pramac viveu um domingo esplendoroso, bateu nomes como Lorenzo, Pedrosa e Dovizioso e, por vezes, até parecia capaz de alcançar Rossi, mas foi o experiente #46 quem ficou com o triunfo.
 
O Mundial seguiu para San Marino, onde uma chuva intermitente aliada a uma estratégia certeira viu Márquez voltar ao topo de pódio. Em Aragão, o #93 caiu e entregou a vitória para Lorenzo, com Pedrosa guiando brilhantemente para superar Rossi pelo terceiro posto.
 
No Japão, foi Dani quem venceu, com Rossi recebendo a bandeirada à frente de Lorenzo.
Dani Pedrosa foi perfeito no Japão (Foto: Honda)
Indiscutivelmente, porém, o GP da Austrália foi a melhor corrida do ano. Provavelmente, a melhor prova da MotoGP nos últimos dez anos. 
 
No dia em que a classe rainha se vestiu de Moto3, o vencedor foi definido na MG, com uma atuação irretocável de Márquez no último giro. Antes da largada, tudo indicava que a disputa na bela Phillip Island seria entre Marc e Lorenzo, mas Rossi e Iannone apareceram bem no domingo e brigaram pela ponta por quase todas as 27 voltas.
 
Os quatro pilotos travaram um duelo para lá de intenso, que contou com um total de 52 ultrapassagens e 13 mudanças de liderança. No giro final, Marc tirou uma carta da manga e, com uma volta recorde, passou Lorenzo na MG para vencer pela primeira vez na pista australiana. 
 
 Rossi, por sua vez, tentou atacar Iannone, mas o italiano da Pramac conseguiu conter o conterrâneo, deixando o titular da Yamaha fora do pódio apenas pela segunda vez no ano.
 
A prova da Austrália encantou os fãs do Mundial, mas a chegada na Malásia fez a temperatura subir. Ainda na quinta-feira, durante a coletiva de imprensa, Valentino direcionou seu arsenal para Márquez, acusando o espanhol de jogar com os rivais na Austrália. Na visão do piloto da Yamaha, o #93 segurou o ritmo para beneficiar Lorenzo — e Rossi não foi o único com essa teoria, já que Iannone também entendeu que Marc “brincou” com os rivais.
 
A teoria de Rossi é difícil de provar, mas o fato de ele acreditar nisso deveria ter resultado em uma ação da direção de prova, o que não aconteceu. 
 
Mas nada havia preparado os fãs para o que estava por vir. Rossi largou na frente de Jorge, mas não demorou a ser superado pelo #99, que passou Márquez sem maiores dificuldades pouco depois.
Acidente polêmico entre Marquez e Rossi (Foto: Reprodução)
Na sequência, Rossi e Márquez se encontraram e, com o climão maneiro que tinha tomado conta do Mundial, iniciaram um duelo feroz. Márquez lançou mão de manobras agressivas, mas sem tocar no líder do campeonato. O #46 sinalizou sua irritação com a atuação do rival, mas de nada adiantou.
 
Sem paciência, Valentino decidiu empurrar Márquez para fora da pista na sétima volta, na 14ª curva de Sepang. Marc tentou fazer a curva, os dois se tocaram e o piloto da Honda acabou no chão.
 
A direção de prova evitou uma decisão imediata e optou por ouvir os dois pilotos após o encerramento da disputa. Embora a direção do Mundial não tenha comprado a teoria da Honda de que Rossi chutou Marc, o italiano acabou sancionado com três pontos de punição e, como já tinha um de um incidente anterior, o multicampeão foi enviado ao fundo do grid de Valência.
 
A Yamaha recorreu a FIM, mas a entidade máxima do esporte confirmou a pena. Pensando no título, Rossi foi ao Tribunal Arbitral do Esporte para tentar reduzir ou anular a pena e, como corria contra o tempo, tentou um efeito suspensivo.
 
Sem informar a Yamaha, Lorenzo tentou interferir no processo, mas acabou vetado pela corte de Lausanne, que aceitou, entretanto, documentos fornecidos pelos advogados do espanhol. O árbitro designado não atendeu o pedido de Valentino para suspender a pena e ele precisou mesmo largar em último no circuito Ricardo Tormo.
 
 Com tudo correndo a seu favor, Jorge fez o que precisava. Cravou a pole com uma volta excepcional e dominou a prova de ponta a ponta, sempre seguido por Márquez. 
 
Rossi, por sua vez, fez o que tinha de fazer e escalou o pelotão de forma brilhante. Alguns pilotos, como Pol Espargaró e Danilo Petrucci, não ofereceram muita resistência, mas o #46 tinha pouco a fazer após atingir a quarta colocação.
 
Restava, então, a esperança de Lorenzo ser atacado pelas Honda de Márquez e Pedrosa. O #26 começou a recortar a diferença, mas tão logo passou Marc, levou o troco e não conseguiu mais espaço. O bicampeão da MotoGP, por outro lado, não atacou Jorge em nenhuma das 30 voltas em que o seguiu.
 
Com o triunfo na Comunidade Valenciana, Lorenzo faturou o título por cinco pontos de vantagem para Rossi, que não engoliu a derrota com tranquilidade. Mal acabou a corrida, o italiano voltou a atacar Marc, acusando o espanhol de beneficiar o #99.
Jorge Lorenzo ficou com o título de 2015 (Foto: Divulgação/MotoGP)
A Honda, claro, saiu em defesa de Márquez e insiste que a telemetria da moto #93 no GP da Malásia aponta um chute de Rossi, mas, por duas vezes, cancelou a exibição desses dados, alegando, na última delas, que atendia um pedido da FIM.
 
Dias atrás, o Tribunal Arbitral do Esporte anunciou que Rossi havia retirado sua ação na corte, encerrando, assim, o processo arbitral. Na prática, qualquer ação favorável a Valentino seria apenas mais um motivo para ele amargar uma derrota já bastante dolorida.
 
Popularidade em alta
 
Além de ver seu ídolo máximo voltando à competitividade, a MotoGP fecha 2015 com números para lá de expressivos. As corridas contaram com públicos enormes, com a final de Valência tendo seus ingressos completamente esgotados um mês antes da corrida — e antes do início do barraco entre Márquez e Rossi.
 
Na TV, os números também foram excelentes. Na Itália e na Espanha, por exemplo, a final de Valência registrou os melhores índices da história. No Brasil, as quatro provas finas da temporada — sendo três delas na madrugada — tiveram aumento de audiência, com a decisão superando todos os canais esportivos no mesmo horário.
 
E não foi só isso. A MotoGP também se tornou referência. Se antes a caçula F1 era sempre o exemplo máximo do que havia de melhor no mundo do esporte a motor, hoje esse papel é exercido pela irmã um ano mais velha.
 
 
O que vem pela frente
 
Outro marco da temporada 2015 foi a despedida da Bridgestone. Dona de pneus excelentes, a fábrica japonesa decidiu deixar o esporte e vai ser substituída pela Michelin.
 
Após os primeiros testes, os pilotos se mostraram satisfeitos com o composto traseiro, mas a borracha dianteira ainda está longe daquilo que os calçados japoneses podiam oferecer.
 
Além da Michelin, a outra novidade para 2016 é a padronização da eletrônica. A partir do próximo ano, todas as motos terão software e hardware fornecidos pela organização do Mundial.
Maverick Viñales foi um dos destaques de 2015 (Foto: Suzuki)
Valentino Rossi avaliou que o programa da Magneti Marelli é bastante inferior ao usado atualmente pela Yamaha e leva a MotoGP de volta à 2008, mas o sistema seguirá sendo evoluído, com o apoio das fábricas que estavam presentes no grid no momento da opção por software único.
 
Em termos de pilotos, Tito Rabat será o único estreante. O campeão de 2014 da Moto2 chega a Marc VDS para assumir a vaga de Scott Redding, que partiu para a Pramac para tentar se entender com a Ducati após um ano difícil com a RC213V.
 
A outra novidade está no calendário. Indianápolis deixa a programação, mas as 18 etapas seguem presentes com a inclusão do Red Bull Ring. Os ingressos para o GP da Áustria, aliás, foram vendidos rapidinho. 

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