Análise: regularidade importa, mas vitórias devem decidir campeão da Stock Car

Os seis melhores pilotos da Stock Car até aqui vem apresentando grande regularidade, mas vitórias na fase final do campeonato devem ter um peso enorme na definição do campeão da temporada 2014

Vencer não foi essencial para manter, até aqui, pilotos na parte de cima da classificação da Stock Car. Mas são vitórias no último terço do campeonato que devem decidir o campeão da temporada 2014, a primeira dentro do novo formato de rodadas duplas.

Com toda a competitividade da categoria, a regularidade sempre foi fundamental — e continua sendo neste ano. Contudo, vitórias nas cinco corridas que restam no campeonato tendem a fazer a diferença.

Já foram disputadas nove etapas nesta temporada, sendo sete rodadas duplas. Em três destas sete — não coincidentemente, as três últimas — os vencedores da corrida longa também pontuaram na segunda e terminaram o fim de semana com o maior número de pontos somados.

Esses resultados indicam uma evolução ao que acontecia no início do ano, quando ninguém sabia direito qual era a melhor forma de abordar as dobradinhas. Hoje líder do campeonato, Átila Abreu criticou publicamente o regulamento por entender que a melhor tática era injusta: fazer a chamada “parada curta”, vencer a primeira corrida e não marcar pontos na segunda.

Átila lidera o campeonato, mas venceu apenas em Brasília (Foto: Carsten Horst/Hyset)

Mais tarde, próprio Átila entendeu, em Cascavel, que não é bem assim. No Paraná, apostou na “parada longa” e pontuar bem nas duas baterias. Como resultado, somou 28 pontos, mais do que fizera em qualquer outra rodada.

O ápice disso ocorreu no último fim de semana, em Santa Cruz do Sul, com Thiago Camilo. Depois de vencer a corrida de 40 minutos, o paulista foi nono na segunda corrida e conquistou um recorde de 30 pontos no domingo. Os resultados o alçaram à terceira colocação na classificação.

Em parte, trata-se de uma melhor compreensão do formato do fim de semana por parte de todos. Os maiores pontuadores das quatro primeiras rodadas duplas foram Sergio Jimenez (28), Julio Campos (28), Camilo (26) e Átila (28). Desse grupo, só Camilo, em Goiânia, faturou uma das duas baterias — a segunda, no caso.

Nas três rodadas duplas mais recentes, Daniel Serra (21), Galid Osman (que empatou com Cacá Bueno em 27 pontos no Velopark) e Camilo (30) foram os que mais lucraram — e com direito à vitória na corrida principal. Ou seja, as estratégias suicidas foram deixadas de lado para dar lugar a táticas mais convencionais.

Esse é um dos fatores que conduz à noção de que as vitórias vão ser decisivas na luta pelo título.

Outro é que, dos seis pilotos que estão mais fortes na luta pelo título, os três melhores após 16 das 21 corridas são aqueles que ganharam. Átila, uma vez; Rubens Barrichello, duas; e Thiago Camilo, três — recuperando-se, assim, dos problemas enfrentados nas duas primeiras etapas. Depois deles aparecem Cacá Bueno, Campos e Jimenez.

Interessante notar que Barrichello, Cacá e Jimenez são os pilotos que não tiveram nenhum ‘zero’ no campeonato. O que está fazendo diferença por enquanto é a média de resultado: o ex-F1 fez pelo menos 20 pontos em cinco finais de semana — mais do que qualquer outro —; Cacá e Jimenez, apenas em dois.

Se levarmos em conta que a média de Átila é de 16,1 pontos por etapa, o próprio Átila bateu esse número cinco vezes, assim como Barrichello e Campos; Camilo e Cacá, quatro; e Jimenez, duas.

Dois que já lideraram o campeonato, mas perderam a passada nas últimas provas, são Marcos Gomes e Valdeno Brito. Gomes não venceu nenhuma vez, mas em três oportunidades somou mais de 20 pontos — e ainda foi ao pódio na corrida de duplas, que distribuiu pontuação menor. Entretanto, zerou também três vezes, um prejuízo enorme. Valdeno venceu em Santa Cruz do Sul em abril, mas tem dois ‘zeros’ e fez apenas quatro pontos no retorno a Santa Cruz em setembro.

Camilo é o piloto que mais venceu em 2014: três vezes (Foto: Fernanda Freixosa/Vicar)

É difícil recuperar o terreno, mas o paraibano não precisa jogar a toalha. Ele ainda está a menos de 48 pontos de distância de Átila — a quantidade que é dada ao vencedor da prova decisiva, em Curitiba, no dia 30 de novembro. E chances matemáticas, até Nonô Figueiredo, 28º colocado, ainda tem, visto que 126 pontos ainda estão em jogo.

Para os 13 que já somaram mais de 100 pontos, contudo, dá para seguir sonhando. Ricardo Maurício, por exemplo, venceu as corridas curtas em Curitiba e no Velopark e se colocou momentaneamente em sexto — um fim de semana mais fraco em Santa Cruz o derrubou para 11º de novo. Ou seja: dá para ganhar e perder várias posições facilmente.

A temporada 2014, em termos de competitividade, está sendo uma das melhores que a Stock Car já teve. De quebra, há a possibilidade de um novo campeão ser coroado — dos três em atividade, um está em quarto, outro em sétimo e o pior deles em 11º. Quase como se Cacá tivesse se tornado um ‘dinossauro’ e estivesse sendo desafiado por uma nova geração — muito embora um dos principais adversários seja mais velho e tenha dois vice-campeonatos da F1 na bagagem.

Agora o campeonato faz uma pausa e volta apenas no dia 2 de novembro, em Tarumã, no Rio Grande do Sul. Depois a categoria vai passar pelas ruas de Salvador antes de decidir quem será o campeão em Curitiba.

Campos faz ótimo campeonato, mas foi muito prejudicado por um pneu estourado na etapa do Velopark — ele era o líder da prova principal (Foto: Vanderley Soares)

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