Gil de Ferran, 1967-2023

Gil de Ferran morreu nesta sexta-feira (29), vítima de uma parada cardíaca, e deixa um legado vitorioso pelas conquistas na principal categoria do automobilismo americano

O automobilismo brasileiro perdeu nesta sexta-feira (29) um de seus maiores nomes, ainda que o sucesso não tenha vindo da Fórmula 1. Nascido em Paris, França, em 11 de novembro de 1967, Gil de Ferran era filho do engenheiro francês Luc de Ferran, um dos principais cabeças da Ford e mentor de diversos projetos de carros de passeio brasileiros. Iniciou sua carreira no automobilismo no kart, no começo dos anos de 1980.

A subida para os monopostos aconteceu em 1987, quando competiu na Fórmula Ford. Quatro anos depois, chegou à Fórmula 3 Britânica e teve como adversários nomes como Rubens Barrichello e David Coulthard. Em 1992, conquistou o título da classe com sete vitórias.

Nos dois anos seguintes, De Ferran correu na antiga Fórmula 3000, entrando de vez na escada rumo à Fórmula 1. Ainda em 1993, experimentou um carro da dita elite do automobilismo mundial com a Arrows, em teste que ficou marcado por um acidente: De Ferran bateu a cabeça enquanto caminhava no motorhome e isso prejudicou completamente seu dia. Mas mesmo depois de ter a cabeça ensanguentada, anotou tempos bem melhores que os de Jos Verstappen, que também participou da sessão.

Apesar do processo natural nas principais categorias de fórmula na Europa, foi nos Estados Unidos que De Ferran se transformou em um dos maiores pilotos do automobilismo brasileiro. Em 1994, testou um carro da CART Indy com a equipe Hall/VDS, transferindo-se de vez para os Estados Unidos no ano seguinte.

O abraço dos amigos Tony Kanaan e Gil de Ferran em Indianápolis (Foto: Indy)

A partir daí, trilhou uma caminhada progressiva rumo à glória: conquistou a primeira vitória ainda em sua temporada de estreia, na última etapa daquele ano, em Laguna Seca. Dois anos depois, com a Walker Racing, chegou ao vice-campeonato, perdendo apenas para Alex Zanardi. Naquele ano, alcançou sete pódios, porém, curiosamente, só voltaria a vencer em 1999, em Portland. O triunfo após duelo contra Juan Pablo Montoya também representou a primeira vitória da Walker desde 1995.

O apogeu, contudo, veio com a transferência para a Penske, ao final da temporada. Em 2000, De Ferran conquistou o seu primeiro título na principal categoria do automobilismo americano, com duas vitórias e outros cinco pódios. No ano seguinte, repetiu a dose, chegando ao bicampeonato.

Em 2001, quando a Indy 500 era uma prova da IRL, e não da CART, De Ferran foi o responsável por guiar o carro da Penske seis anos após a equipe ficar de fora da tradicional prova. E Gil bateu na trave: segundo lugar, em dobradinha brasileira com Helio Castroneves. Em 2003, então, escreveu para sempre seu nome na história dos esportes a motor ao vencer as 500 Milhas de Indianápolis.

A aposentadoria foi anunciada ao final de 2003, mas De Ferran não deixaria o mundo da velocidade por muito tempo. Dois anos depois, retornou à F1, mas agora nos bastidores, assumindo o cargo de diretor-esportivo da BAR, ficando por lá até 2007.

MORRE GIL DE FERRAN: O ADEUS A UMA LENDA DA INDY E DO ESPORTE BRASILEIRO

No ano seguinte, o bicampeão da Indy resolveu dar um passo a mais na carreira: a criação da equipe e Ferran Motorsports, que disputou a classe LMP2 da ALMS com um protótipo Acura ARX-01b. As funções administrativas eram divididas com outra figura conhecida da Indy, Simon Pagenaud. Em seu ano de estreia, disputou apenas oito corridas, mas conseguiu resultados notáveis, com quatro primeiras filas e três pódios. As vitórias vieram no ano seguinte, após parceria com a Honda para levar o Acura à classe LMP1: foram cinco, no total, além de sete poles. A De Ferran Motorsport terminou 2009 como vice-campeã da classe.

Ainda em 2009, De Ferran decidiu levar sua equipe à categoria que o lançou ao estrelato. No ano seguinte, fundiu seu time com a Luczo Dragon Racing, de Jay Penske, filho do ex-chefe de De Ferran, Roger Penske. Assim nasceu a De Ferran Dragon, tendo o brasileiro Raphael Matos como piloto, mas o empreendimento chegou ao fim em 2011 por falta de financiamento.

O trabalho mais recente de Gil de Ferran era com a McLaren. Em 2018, tornou-se diretor-esportivo, porém deixou o cargo ao final de 2021. Em maio deste ano, contudo, retornou à equipe como consultor, cargo em função do atual processo de reestruturação de Woking.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!

ADEUS, GIL DE FERRAN! Uma homenagem a um dos maiores pilotos da história do Brasil | Briefing
Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Indy direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.