CAMPEÃO DA WORLD SERIES EM 2011, Robert Wickens optou por não continuar a carreira nos monopostos. Embora tenha chegado perto de fechar para andar na GP2, o canadense foi seduzido por uma proposta para defender a Mercedes no DTM em 2012. Sem pestanejar, aceitou. Um ano e meio depois, colhe os frutos da decisão que tomou.
Neste domingo (18), em Nürburgring, Wickens venceu pela primeira vez no DTM. Foi uma corrida daquelas embaralhadas e cheias de surpresas? Foi. Mas não dá para dizer que o desempenho do piloto foi uma surpresa. A curva de evolução dele está em uma crescente há algum tempo. Pódios, a primeira pole-position, em Norisring, e agora, a vitória.
Para muitos jovens, o DTM tem representado um caminho alternativo para a carreira. Alternativo em dois sentidos: pode levar o piloto ao auge quanto servir de porta de entrada para a F1.
Neste último caso, o exemplo é Paul di Resta. Campeão da F3 Europeia em 2006, derrotando Sebastian Vettel, o escocês foi correr com a mesma Mercedes no DTM em 2007. Passou quatro temporadas no campeonato, faturou o título na última delas e viu a porta da F1 – a da Force India – se abrir para ele em 2011, com a colaboração da montadora de Stuttgart.
Claro que, para ganhar o campeonato, Di Resta focou demais no turismo, deixando a F1 de lado. Mas chegar à elite do automobilismo sempre foi um objetivo para ele. O caso de Wickens é um pouco diferente. Ao GRANDE PRÊMIO, o canadense revelou uma postura calma e, acima de tudo, satisfeita com o caminho que está seguindo.
“Meu principal objetivo é ganhar corridas e títulos em qualquer lugar, e é por isso que eu vim para o DTM. Apenas estou focado no meu trabalho e em vencer pela Mercedes. Saber que uma montadora como a Mercedes-Benz queria que eu pilotasse para eles foi uma grande oportunidade que eu aceitei sem hesitar. Foi a melhor decisão que eu tomei na minha vida”, declarou.
Mas e a F1? “Se eu tiver uma oportunidade de ir para a F1, ótimo. Se eu continuar aqui no DTM, também está ótimo.”
A principal crítica de Wickens com relação à F1 atual é pelo pouco peso que o talento tem na hora de colocar um novato no grid. Pilotos-pagantes sempre estiveram na categoria, mas, nos últimos anos, a capacidade de alguns dos nomes que subiram foi questionada. Na contramão disso, todos os 22 pilotos que competem no DTM foram contratados por montadoras – nenhum precisou correr atrás de patrocínios para angariar recursos e comprar uma vaga.
Essa vida inteligente fora da F1 é, também, um bom caminho para os pilotos brasileiros que estão nas categorias de base da Europa seguirem, caso vejam que o sonho está distante. Bruno Senna está competindo – e vencendo – no Mundial de Endurance com a Aston Martin. Lucas Di Grassi também garantiu um lugar ótimo na Audi, uma montadora que investe pesado nas corridas de longa duração. Fernando Rees se encontrou nesse mundo há tempos.
Há outros nomes que estão seguindo por esse caminho, como Luiz Razia e Rafael Suzuki, no GT Open, ou César Ramos, no Blancpain Endurance Series.
Fazer duas, três temporadas de F-Renault, F3, GP3, GP2, pode não bastar para fazer o piloto chegar à F1. Mas é uma boa universidade que apenas acrescenta ao currículo de quem pretende ter certa estabilidade no automobilismo. Porque ser piloto de corridas também é uma profissão.
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