Conta-giro: de cavaleiros templários ao bloqueio de Berlim, aeroporto que recebe F-E na Alemanha tem história muito rica

O Aeroporto Tempelhof, que recebe a F-E em Berlim neste sábado (23), tem uma história que abrange quase todo o Século XX, mas o alcance é ainda maior. Desde os Cavaleiros Templários até lar de desfiles militares prussianos, das bombas de doce no Bloqueio de Berlim ao parque remodelado da atualidade. Há história demais na sede da F-E na Alemanha

Já ficou mais do que claro nestes sete meses que a F-E escolhe locais interessantes para correr. O próximo deles, neste sábado (23), é o aeroporto Tempelhof, em Berlim. É muito mais do que o fato incomum de fazer uma corrida num aeroporto: é andar um lugar que tem importante peso histórico e testemunhou vários dos grandes eventos do Século XX. 
 
A história, no entanto, começa muito mais longe que os anos 1900. Segundo consta, os Cavaleiros Templários medievais, formados durante a Primeira Cruzada, se estabeleceram em regiões da atual Alemanha dentre as quais o distrito de Tempelhof e o local onde hoje está o aeroporto. Os Templários foram suprimidos e muitos mortos em 1312, a mando do Papa Clemente V. A Igreja, então, redestribuiu as terras. 
Depois, por quase 200 anos, desde a Prússia até a unificação e a Primeira Guerra Mundial, o local foi utilizado como lar da parada militar, um acontecimento de grande tradição à época.
 
Nos primeiros anos do século, demonstrações de voo foram feitas em Tempelhof, incluindo uma de Orville Wright, um dos irmãos Wright, e uma de Ferdinand von Zeppelin. Em seguida, em 1923, durante a República de Weimar, o Tempelhof teve seu primeiro terminal construído e enfim ganhou a designação de aeroporto.
 
A existência de um aeroporto oficial somada ao afrouxamento das restrições aplicadas a Alemanha pelo Tratado de Versalhes, permitiu que a Deutsche Luft Hansa AG fosse criada em 1926. E logo no ano seguinte, em 1927, o novo terminal teve uma novidade pioneira no mundo até então: uma estação ferroviária abaixo. 
Aeroporto Tempelhof (Foto: Andberlin)
A Luft Hansa, que não tem conexões com a Lufthansa atual, era a grande companhia aérea da Alemanha até então, e anos depois a alta cúpula daria amplo favorecimento a Adolf Hitler nas eleições de 1933, chegando a oferecer um avião sem custos para a campanha.
 
Nenhuma surpresa que ao vencer as eleições, o Partido Nazista aumentou a participação da companhia, agora com braços ministeriais. Erhard Milch, chefão da companhia desde 1926, imediatamente se tornou Ministro da Aviação. 
 
Quando a guerra chegou, o Tempelhof não foi usado como centro de operações para pousos e decolagens de aeronaves – a não ser por algumas emergências -, mas teve papéis importantes. Na construção da aviação militar, por exemplo, assim como espionagem aérea e manutenção de dados.
 
Com a guerra terminada, a Alemanha foi repartida entre as maiores potências aliadas. E Berlim estava no território soviético, mas também foi dividida em quatro partes. No entanto, após Estados Unidos, França e Inglaterra introduzirem uma nova moeda na Alemanha Ocidental, Josef Stalin decidiu pelo bloqueio da Berlim Ocidental, fechando todas as estradas e ferrovias e caminhos fluviais que levavam à capital. Dessa forma a capital não teria como se sustentar e seria deixada pelas forças do oeste.

Só que as rivais decidiram suprir Berlim pelo ar, e o Tempelhof foi o principal alvo. O bloqueio durou 318 dias, e neste período uma média de um avião a cada três minutos chegava com esse propósito ao aeroporto.

 
Foi também durante o bloqueio que um piloto americano chamado Gail Halvorsen ficou famoso como o 'Candy Bomber'. Ao notar a presença de crianças brincando ao lado do aeroporto, Halvorsen teve a ideia de despejar caixas de doces, algo que não estava entre os itens distribuídos. Então, uma vez por semana, um avião largava algumas caixas de doces próximas ao aeroporto com paraquedas improvisados. Pela popularidade local, o piloto foi indicado como comandante da base americana no Tempelhof em 1969.
F-E se prepara no Tempelhof (Foto: Reprodução/Twitter)
Durante a década de 1970, o Tempelhof atingiu seus maiores níveis de tráfego aéreo civil, chegando a ser o terceiro maior da Europa mesmo com as restrições impostas pela Guerra Fria. Mas a tecnologia bateu à porta com a construção de um novo terminal no aeroporto de Tegel, que fez as operações comerciais migrarem do Tempelhof. Ao fim de 1975, apenas a base americana operava por lá. 
 
Algumas operações e novidades nas décadas seguintes reviveram o aeroporto em algum aspecto, mas não de novo com a glória de outrora. Com o fim da Guerra Fria, a base no aeroporto ficou obsoleta. Apenas com alguns voos regionais feitos por pequenas aeronaves, o Tempelhof não tinha muita razão de ser no Século XXI. Em 2008, enfim, após um referendo regional, o aeroporto foi desativado.
 
Desde o fim das operações, o local tem recebido eventos de cunhos muito diversificados. Festivais musicais e encontros empresariais dividem espaço com eventos esportivos, como o próprio primeiro eP da Alemanha de F-E. Desde 2010, o Tempelhof é também um parque.

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