Ainda nem dá para saber se martírio acabou, mas Ricciardo deu lembrete de quem é

A temporada 2021 foi um grande suplício para Daniel Ricciardo até o GP da Itália. Agora, mostrou o que tem nas mangas para a revolução de 2022

Câmera 360° no carro de Hamilton mostra como Verstappen o acertou em acidente (Vídeo: F1)

Quando Daniel Ricciardo fez a transição da Renault para a McLaren no fim do ano passado, entrou com muita moral no macacão laranja. Além das vitórias dos tempos de Red Bull, levou a fábrica francesa de volta ao pódio. A expectativa era que a equipe conseguisse dar o próximo salto nos próximos anos e voltasse à briga pelas primeiras posições, porque em 2022 já mostrara força para visitar o pódio. Numa linha do tempo completamente grotesca e com pouca lógica, aconteceu de tudo um pouco até agora.

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Ninguém, é evidente, esperava que a McLaren tivesse o cenário que se desenhou. Lando Norris deu mais um salto de desenvolvimento e domina Ricciardo sem qualquer proximidade. O inglês sobra, mostra tudo que pode ser, enquanto o australiano passou o ano todo ferido. Não tinha jeito: pegar a mão do carro estava quase impossível, a ponto de Norris e do próprio chefe Andreas Seidl dizerem que já não tinha mais o que fazer para ajudar.

Houve até quem tratou de uma possibilidade de demissão de Ricciardo no fim do ano, ainda que todo o projeto da chegada girasse em tornou do projeto dos novos carros para a revolução em 2022. Embora não com tanto drama, afinal, as dificuldades de Daniel na chegada a uma equipe foram vistas no 2019 da Renault, antes do brilho do ano #2. Embora tivesse encarado um bom piloto por lá, Nico Hülkenberg, o alemão não é tão bom quanto Norris.

Daniel Ricciardo venceu com a McLaren o GP da Itália (Foto: Beto Issa)
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As dificuldades chama mais a atenção na comparação não a outros anos, mas a outros membros do grid que mudaram de equipe e de carros neste 2021. Fernando Alonso e Carlos Sainz conseguiram rapidamente encurtar bastante ou até anular a vantagem dos companheiros Esteban Ocon e Charles Leclerc, mais experientes nas respectivas equipes.

O ritmo de via crúcis está bem representado nos resultados: Norris tem 132 pontos e ocupa a quarta colocação do Mundial de Pilotos, enquanto Ricciardo fez 83 e é o oitavo. Antes da Itália, estava atrás até mesmo de Pierre Gasly. Um piloto, embora ótimo, que defende a AlphaTauri! Lando já tinha um trio de pódios antes de Monza contra nenhum do companheiro.

De qualquer maneira, o GP da Itália, sempre acostumado a abraçar o imponderável, resolveu soltar as amarras da alucinação coletiva. Os erros de Lewis Hamilton, Mercedes e Red Bull colocaram o heptacampeão frente a frente ao líder do campeonato Max Verstappen – e atrás das duas McLaren – mais ou menos na metade da corrida. Um acidente e, como num passe de mágica, ambos fora de combate. A batida somada à punição que empurrou um velocíssimo Valtteri Bottas para o fim do pelotão escancarou as portas do paraíso. Era preciso capitalizar.

Apesar do imponderável ter dado uma mão cheia de dedos para Ricciardo, é necessário destacar que os pilotos do carro laranja morderam a chance que aparece muito raramente. Ambos ultrapassaram Hamilton na largada da corrida de classificação do sábado, Ricciardo ultrapassou Verstappen na largada do domingo e se defendeu de maneira a trancar qualquer janela que o rival pudesse tentar explorar. Se estava na frente, estava com méritos.

“Foi ótimo ver como Daniel voltou das férias. Estou feliz por ele e por Lando. Estou muito orgulhoso dos dois e de todos os membros da McLaren aqui e na fábrica. Sabíamos que era possível fazer algo grandioso se largássemos bem e ficássemos com um carro na liderança”, leu o chefe Andreas Seidl.

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A melhor corrida que fez pela McLaren veio, aí, sim, pelo puro filé da sorte, no mesmo momento em que as principais equipes do grid resolveram espalhar a farofa. Pressionadas, claro, mas mesmo assim. Ricciardo colocou uma clínica de pilotagem ao longo de todo o fim de semana em que sempre estava mais grudado em Mercedes e Red Bull que nas rivais de meio de pelotão. Largou de maneira impecável duas vezes, defendeu-se e aproveitou.

Não dá para dizer que o martírio de Ricciardo chegou ao fim. As dificuldades que teve ao longo de 2021 ainda seguem à espreita e talvez até siga dando as caras direta ou esporadicamente, vai saber. Fato é que Norris e Sainz, nos anos passados, mostraram que a glória era possível novamente após os piores anos da história tradicionalíssima da McLaren. Quem capitalizou foi Ricciardo.

O peso que tem ser vencedor de corridas. É bom lembrar sempre: má fase, por pior que seja, não apaga o currículo. É a oitava vitória de Ricciardo na Fórmula 1. O mesmo Ricciardo que deu show em 2020, meses atrás, e por algum motivo há quem tente se convencer que os melhores dias ficaram para trás. Aos 32 anos de idade.

“Já era hora. Estava sentindo algo na sexta-feira, que algo estava por vir. As férias de agosto foram boas para reiniciar. Eu me senti bem nesses últimos três finais de semana, e fazer uma dobradinha é algo insano. Uma vitória da McLaren é incrível, mas uma dobradinha é melhor. Para quem achou que eu não estava mais aqui: nunca fui embora”, falou logo após a corrida.

“Há muita gente para agradecer, mas, primeiramente, à McLaren. Foi um período longo para eles. Estar com esta equipe e ter o apoio que eles me deram é incrível. Agradeço a todos os membros da equipe. Ainda sei como vencer. Nunca deixei de acreditar em mim. Sei que as pessoas me questionaram, e isso não chateia, mas sei do que sou capaz e sabia que este fim de semana seria especial. Nunca subi ao pódio em Monza ou com a McLaren. Agora, já que era para ir, que fosse logo com uma vitória”, escreveu no dia seguinte.

Ricciardo e Norris estão acompanhando o desenvolvimento do carro da temporada 2022, todo novo e adaptado às necessidades de ambos, certamente, na medida do possível. O ano que vem será melhor para Ricciardo. Mesmo assim, porém, Monza mostrou tudo aquilo que foi outras vezes e que é, também, o que a McLaren contratou e sonhou para a nova fase. Mantê-lo e manter esta fortíssima dupla não é somente a decisão correta: é a única escolha possível.

Feche a dupla, desenvolva o carro e cresça. A planta para a McLaren é clara.

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