Alfa Romeo vê briga por 4º lugar entre equipes distante, mas projeto é boa base para 2023

A Alfa Romeo acabou ficando para trás na briga contra Alpine e McLaren, mesmo tendo um carro leve e muito bem nascido sob o novo regulamento. Mas a segunda metade da temporada 2022 pode ser importante não só para recuperar o terreno perdido para as rivais, como também para começar a projetar metas maiores para o próximo ano

A Alfa Romeo é dona de uma proeza notável no grid da Fórmula 1 2022: é a única equipe a ter o carro dentro do limite mínimo dos 798 kg. Para se ter uma ideia, a líder do Mundial, Red Bull, ainda quebra a cabeça para reduzir o peso do seu RB18 e já atribuiu alguns problemas surgidos na temporada aos quilos a mais. Uma vantagem, portanto, da qual o time comandado por Frédéric Vasseur pode se orgulhar.

Mas não é a única, diga-se. Desde as primeiras corridas, a C42 mostrou ser um carro bem nascido sob o novo regulamento técnico da F1. Havia também o fato de usar o motor Ferrari, que deu um salto em performance esse ano, e a presença de um piloto experiente e com uma passagem vitoriosa pela Mercedes para ajudar no desenvolvimento: Valtteri Bottas.

Um pacote com muito potencial, que surpreendeu logo na primeira corrida do ano ao colocar os dois carros na zona de pontuação (Bottas em sexto e o estreante Guanyu Zhou em décimo). As etapas iam passando, e o finlandês era a peça-chave para colocar a equipe constantemente no Q3 da classificação e também marcar pontos. Mas a dependência quase que exclusiva dos resultados de Bottas começaram a pesar. E mais: a Alfa Romeo viu as rivais investirem no desenvolvimento de seus respectivos carros e começarem a levar vantagem nas disputas diretas.

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Valtteri Bottas e Guanyu Zhou (Foto: Alfa Romeo)

De repente, a grande sacada de ter um carro leve não passou mais a surtir efeito. Hoje, 13 corridas depois, a marca italiana se vê a mais de 40 pontos da atual briga pelo quarto lugar entre as equipes (McLaren tem 95 pontos e Alpine aparece à frente, com 99) e já olha pelo retrovisor para se defender das intenções da Haas em terminar o ano como a sexta melhor do grid.

Entender o que aconteceu com a Alfa Romeo não é tão complicado, e o próprio Bottas falou sobre a falta de ritmo frente às rivais diretas no GP da Áustria. “Nós tentamos, mas simplesmente não tínhamos ritmo suficiente. Fernando [Alonso] estava se aproximando muito rápido com um jogo de pneus novos, e acabou chegando em mim na última volta. Então, foi uma pena. […] Eu usei uma asa traseira menor para a corrida, que obviamente foi mais rápida nas retas. Mas estava perdendo um pouco [de velocidade] nas curvas. Precisamos definitivamente continuar progredindo, porque todos os outros times também estão”, disse o finlandês depois de terminar em 11º na ocasião.

Zhou também fez a mesma observação após o GP seguinte, na França. A corrida em Paul Ricard, aliás, representou uma situação que acendeu o alerta no time: era a terceira corrida consecutiva sem que a Alfa Romeo terminasse nos pontos. No mesmo período, Alpine e McLaren marcaram 36 e 24 pontos, respectivamente. A última corrida antes da parada para as férias trouxe o mesmo cenário: Bottas e Zhou zerados, enquanto as adversárias abriam ainda mais vantagem na classificação.

“Olhando para as outras equipes, é mais uma questão de tentarmos sobreviver onde estamos e com o que temos e esperar pela próxima atualização para voltarmos para a frente do pelotão intermediário, mas acho que vamos ficar bem. Aqui [na França], em termos de velocidade na classificação, foi melhor do que na Áustria, mas, na corrida, fomos na direção oposta, então precisamos entender”, avaliou o chinês sobre a corrida em Le Castellet.

A falta de atualizações tem uma razão, e é basicamente o mesmo argumento usado por outras equipes, sobretudo as menores: o teto orçamentário da F1, que mesmo com o reajuste aprovado pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo), ainda limita o desenvolvimento dos projetos. “A diferença é que estamos falando de orçamento do nosso lado. Não posso gastar demais o que tenho, mas se tivermos de trazer atualizações todo final de semana, mais cedo ou mais tarde teremos de parar o desenvolvimento da C42, pois chegaremos no limite”, explicou Vasseur.

Pela declaração do chefe da equipe, pode-se constatar que ainda há uma reserva para ser explorada, portanto é possível que vejamos a Alfa Romeo buscando uma arrancada nas nove corridas restantes que a aproxime de Alpine e McLaren novamente. Porém mais que isso, voltar a frequentar a zona de pontuação será fundamental para conter o avanço de outra equipe: a Haas. No mesmo período em que a Alfa Romeo ficou sem pontuar, os americanos contaram com duas ótimas performances de Mick Schumacher na Inglaterra e na Áustria para assinalar 19 pontos. A distância entre as duas é de apenas 17, mas a sorte é que o time chefiado por Günther Steiner sofre ainda mais com a falta de dinheiro — e, consequentemente, de atualizações.

Guanyu Zhou sofreu um forte acidente ainda na largada do GP da Inglaterra (Foto: Ben Stansall/AFP)

A base em Hinwil ainda passou por outro momento delicado — para não dizer terrível — esse ano: o violento acidente de Zhou na Inglaterra, que trouxe outro problema, esse em termos de segurança: o Santo Antônio do carro do chinês, que se quebrou com uma facilidade inesperada e já traz uma mudança quase certa no chassi para o próximo ano, que deve ser imposta pela FIA — ou seja, se a equipe tinha a intenção de mexer pouco no design desse ano para economizar, isso não mais acontecerá, e é uma alteração que vai implicar em mais dinheiro.

No geral, não se pode dizer que o atual sexto lugar é uma posição tão decepcionante, principalmente se for levado em conta quem são as adversárias. Mas a diferença na tabela é, sim, algo que surpreende negativamente considerando o quão bom é o carro da Alfa Romeo, principalmente pela enorme vantagem do peso. A verdade é que a equipe caminha para fechar o ano com um sólido sexto lugar. Um resultado que talvez não seja dos melhores, mas que, se for analisado pela ótica do copo meio cheio, é uma excelente base para entrar em 2023 com ambições ainda maiores.

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