Alonso se arrepende do ‘GP2 engine’ que mudou vida: “Mas não aceito a culpa”
Bicampeão mundial de F1, Fernando Alonso lembrou que McLaren de 2015 teve de trocar 14 vezes de motor e foi punida com 572 posições nos grids de largada. Espanhol também revelou que hoje é provocado nas redes sociais quando Red Bull ou AlphaTauri vencem corridas
Os mais atentos ao documentário Fernando, que conta os anos em que Fernando Alonso esteve fora da Fórmula 1 e se aventurou por tantas outras categorias, perceberam que falta pelo menos um episódio para a história ficar completa. Tido pelo próprio bicampeão como o momento em que abre a mente para outras categorias, o famoso e controverso ‘GP2 engine’, ou ‘Motor de GP2’, do GP do Japão de 2015, não aparece na série. Em resposta ao GRANDE PRÊMIO, durante entrevista sobre o documentário, o espanhol revelou nesta quinta-feira (24) que se arrepende da reclamação que mudou a sua carreira, mas não aceita a culpa pelo péssimo desempenho na época de McLaren.
Fernando, que será lançado nesta sexta na plataforma de streaming Amazon Prime Video, é uma série documental, dividida em cinco episódios, que trata de contar a trajetória do Príncipe das Astúrias no automobilismo. O título, com produção da espanhola Mediapro Studio, repassa trechos dos primeiros anos de carreira até a busca incansável pela Tríplice Coroa, título perdido no tempo que batizou as vitórias de Graham Hill ao faturar as 500 Milhas de Indianápolis (1966), as 24 Horas de Le Mans (1972) e o GP de Mônaco (1963-65, 1968-69).
Logo em seu primeiro ano de McLaren, depois de cinco de bons resultados, mas sem títulos com a Ferrari, o bicampeão mundial pela Renault (2005 e 2006) abriu uma verdadeira guerra com a Honda e sabidamente fechou inúmeras portas no automobilismo. Ao ser ultrapassado na volta 26 com extrema facilidade por Max Verstappen, ainda na então Toro Rosso, na curva 1, o piloto foi ao rádio e reclamou com o engenheiro: “GP2 engine (motor de GP2)”, antes de ainda soltar um grito de desespero pela falta de competitividade do MP4-30.
“Sim [me arrependo daquele episódio]. Claro. Quando você vê que está sendo transmitido e você sabe que está na TV, você gostaria de cancelar aquilo e voltar no tempo e não dizer aquilo porque não estava realmente pensando naquilo. Ali você está falando com o seu engenheiro, coisa de três ou quatro vezes por volta, então, em uma corrida de 60 voltas, você fala com ele 180 conversas com o engenheiro e você está falando com ele, privadamente. Você acredita nisso quando está no carro, mas às vezes é transmitido. E, no momento de uma frustração, você diz uma coisa que não deveria dizer. Você se arrepende, mas não há nada que possa fazer no momento. Foi o que aconteceu”, afirmou Alonso, quando questionado pelo GP.
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O espanhol expôs ali a tradicional fabricante de motores, que voltava à F1 após um hiato de sete anos, ao ridículo em pleno autódromo de Suzuka, que é de sua propriedade. Não contente, Alonso ainda continuou nos anos seguintes a questionar a capacidade dos japoneses a fazer os complexos motores híbridos. De tanto pesar, a Honda deixou a McLaren ao final de 2017. No ano seguinte, os japoneses desembarcaram na Toro Rosso, como forma de adaptação ao projeto que iria voltar ao pódio e às vitórias com a Red Bull a partir de 2019.
Alonso se defende desse período. Hoje, aos 39 anos, o piloto entende que não teria dito o mesmo. Ou pelo menos não publicamente. Mesmo assim, acredita que não é o culpado pelo que aponta serem más interpretações. Ele relembrou que a McLaren perdeu 572 posições em grids de largada devido a punições impostas pelo regulamento de não poder alterar peças no carro e ainda teve de trocar 14 vezes de motor.
“Virou algo obviamente muito popular. Só não posso aceitar e concordar que foi minha culpa. Sou quem querem culpar por aquilo, mas uma vez que expliquei isso não há um ponto em que tenha de manter esse pensamento por uma coisa que realmente aconteceu. Fomos penalizados em 572 posições no ano. 572! Mudamos de motor 14 vezes e esse não é o motor com que a Red Bull e AlphaTauri está correndo. É um motor de cinco anos atrás e € 2 milhões [aproximadamente R$ 13 milhões] depois”, disse.
Ao seu melhor estilo, ainda afiado apesar da maturidade, Alonso rebateu os críticos que invadem suas redes sociais a cada vitória de um motor Honda na F1. No GP da Áustria de 2019, justamente Verstappen, um dos causadores do ‘GP2 engine’, recolocou a montadora japonesa no alto do pódio. A última vitória havia sido com o time próprio, com Jenson Button, no GP da Hungria 2006.
“A Red Bull vence corridas hoje e recebo muitas mensagens: “o seu motor de GP2 está vencendo uma corrida”. OK. Aceito isso porque é a rede social, mas digo para você que se colocarem um motor de 2015, eles não conseguiriam correr porque ninguém conseguiria correr com 572 posições de punição. Para responder você, sim, me arrependo. Não posso mais fazer nada, mas às vezes é um pouco injusto como isso se desenrolou com o tempo”, completou.
Alonso teve confirmada sua volta à F1 pela Renault para a temporada 2021. O bicampeão assumirá o lugar de Daniel Ricciardo, que vai para a McLaren substituir Carlos Sainz Jr, de saída para a Ferrari. Nessa semana, Alonso fez sua primeira visita à fábrica francesa já para pensar o carro da próxima temporada.
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