“Questiono por que faço isso”: Hamilton mostra frustração no rádio em Singapura
Análise do rádio de Lewis Hamilton durante GP de Singapura mostra piloto extremamente frustrado ao longo da corrida. Irritação veio desde a estratégia de pneus
O GP de Singapura do último fim de semana foi de enorme frustração para Lewis Hamilton. O heptacampeão admitiu que ficou extremamente incomodado com a estratégia da Mercedes de largar de pneus macios, algo que nenhum dos outros 13 primeiros colocados no grid fez. Nem mesmo George Russell, companheiro de Mercedes. Uma análise das comunicações via rádio entre piloto e engenheiro mostra um Hamilton torturado.
A irritação maior foi com o fato de que Hamilton, que saía na terceira posição, brigou pelo direito de largar de pneus médios, algo que via como melhor tática. A equipe, porém, decidiu cercar diferentes possibilidades, algo que deixou o piloto “perplexo”, segundo as próprias palavras.
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O portal inglês RaceFans fez ampla avaliação das comunicações via rádio entre Hamilton e o engenheiro Peter Bonnington. Antes mesmo da largada, ainda durante a volta de apresentação, deu a letra. “Teremos um longo dia”, após descobrir que os rivais tinham planos diferentes.
Durante a sétima das 62 voltas, Lewis já mostrava incômodo ao ser avisado dos tempos de volta de Russell e Max Verstappen. “Não consigo fazer o tempo deles”, resmungou. Em seguida, na volta 16, após a equipe prometer adicionar asa dianteira no momento de troca de pneus, assentiu que era um problema. “Vocês tiraram muito [asa dianteira]”, apontou.
Logo em seguida, os pneus macios já não resistiam mais. Como parou antes dos oponentes para o pit-stop, voltou logo à frente de Pierre Gasly, no 13º lugar e com pneus duros. Durante a 20ª volta, relatava que os pneus traseiros esquentavam e quis saber se parou antes dos demais, ao passo que foi informado que, sim, esteve entre os primeiros, mas não foi o primeiro a parar. “Beleza, mas vamos ter problemas mais tarde. Curto demais [a vida do pneu para o tamanho do stint]”, opinou. Duas voltas depois, dizia sofrer com os pneus. A ideia era ir até o fim, num stint de 45 voltas, mas em cinco giros sentia desconforto.
Menos de dez voltas após a parada, a situação era tão ruim que Hamilton havia concedido espaço bastante para Russell entrar, fazer o pit-stop e voltar à frente. “Onde estou lento?”, questionava. “Não estamos achando áreas de perda. É difícil pelo tráfego”, respondia Bonnington.
As voltas seguintes foram as mais críticas. Ao ser avisado que Russell tinha vantagem para parar, também recebeu a informação de que, ao passar Yuki Tsunoda, que estava logo na frente, encontraria espaço aberto para acelerar sem tráfego. Não serviu para tranquilizar o piloto.
“Você está me matando com esse aviso”, reclamou. O movimento seguinte foi atacar Tsunoda e passar reto na curva. “Há algo definitivamente errado com o carro. Os pneus estão piorando muito”, reiterou, mas Bonnington garantia que era uma questão da pista, não dos pneus. “George [Russell] chegou porque eu não tenho aderência alguma, cara”, reforçou o piloto.
Quando Russell enfim parou e voltou na frente, o incômodo explodiu. “Às vezes eu me pergunto por que faço isso”, divagou antes de voltas em que apenas recebeu informações, sem contestar.
Oscar Piastri recebeu da McLaren estratégia inversa àquela de Hamilton e foi um dos últimos a parar. Voltou atrás do #44 e imediatamente partiu para a caça. “Piastri está 1s4”, informou o engenheiro. “Eu consigo ver”, respondeu. A ultrapassagem foi inevitável. “Quantas voltas ainda pela frente?”, perguntou em agonia a 17 giros do fim.
A próxima notícia era sobre a Ferrari: Charles Leclerc, com uma troca tardia, vinha na captura, mas ao menos Carlos Sainz não era ameaça. Ultrapassado novamente com 12 voltas para a bandeirada, restava uma pergunta. “Todo mundo tem desgaste como eu tenho?”, quis saber. Bonnington respondeu que a comparação com Sainz, outro a sofrer durante a prova, mostrava dados semelhantes.
Hamilton, então, completou a corrida na sexta colocação e imediatamente recebeu uma mea-culpa de Bonnington em nome da equipe. “A aposta dos pneus saiu pela culatra”, afirmou. “Sim. É certamente difícil continuar otimista depois de um fim de semana assim”, respondeu Hamilton. “Mas mesmo assim ficou grato a vocês pelos pit-stops e não se esconderem”, completou.
De maneira incomum, o chefe da Mercedes, Toto Wolff, entrou no circuito de rádio para se desculpar. “Perdão, Lewis, demos a vocês dois [Russell também] um carro que não era bom o bastante. E a corrida ainda deu errado [pela estratégia], mas não acho que faria grande diferença. Estávamos lentos hoje”, falou.
A Fórmula 1 agora faz longa pausa e retorna de 18 a 20 de outubro em Austin, Estados Unidos, início da perna americana da temporada 2024.
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