Asfalto mais aderente, limites de pista e mais: o que está por trás das obras do GP de São Paulo

Asfalto mais aderente, melhor percepção dos limites de pista e muito mais. Entenda os motivos das obras para edição de 2024 do GP de São Paulo

Interlagos faz os últimos ajustes para receber o GP de São Paulo, que acontece entre os dias 1 e 3 de novembro. Enquanto as equipes já começam a se acomodar nas dependências do circuito paulistano, amplas obras foram realizadas especialmente para a 21ª etapa da temporada 2024 da Fórmula 1. Entre tantas elas, o destaque fica para o novo asfalto, na maior reforma deste tipo em dez anos.

O circuito recebeu um recapeamento total, com uma granulometria — parâmetro essencial na caracterização do asfalto, que determina a distribuição de tamanho das partículas presentes na mistura — especial. O intuito é gerar mais aderência aos carros.

Nos últimos dias, a tarefa foi criar uma “condição de competição” e dar entre 20% e 30% de aderência extra se comparado a uma pista recém-asfaltada que não tenha recebido esse tipo de tratamento. Depois do período de estabilização após o recapeamento — ou cura, como também é conhecido —, os trabalhos foram para deixar a pista uniforme. Na sequência, iniciou-se a retextura e retirada do excesso de cimento asfáltico de petróleo [cap], além da limpeza de superfície. O grooving — ranhuras para drenagem — foi executado, com atenção a três áreas críticas: subida do Laranjinha, final da reta oposta e Mergulho.

“Isso faz a pista deixar de ser verde e passa para uma condição ideal de competição. É um ganho significativo. Sem esse trabalho, em caso de chuva, ela ficaria toda escorregadia. Já vamos eliminar esse risco com a retextura da superfície do asfalto”, declarou o engenheiro-chefe do GP de São Paulo, Luís Ernesto Morales, com exclusividade ao GRANDE PRÊMIO.

Luís Ernesto Morales, engenheiro-chefe do GP São Paulo de F1 (Foto: Rodrigo Berton/WARM UP)

O novo asfalto pode promover surpresas para as equipes e embaralhar ainda mais a disputada Fórmula 1 2024, que tem quatro equipes e sete pilotos diferentes como vencedores até o momento. Apesar da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) enviar os dados do trabalho que tem sido realizado, a condição do asfalto só terá a prova real com os carros na pista no TL1.

“As equipes estão procurando informação, e isso vai para a FIA, que vai disponibilizar quais são esses índices, como é que eles têm de tratar para definir pneu, acerto do carro e assim por diante”, revelou Morales.

“As esquadras trabalham com simulador, que tem o perfil da pista e o traçado. As características do asfalto que eles vão encontrar, não têm como saber, só vão descobrir no primeiro treino. Vão ter uma referência em função dos ensaios que a gente está encaminhando para a FIA. Mas quais são as reações que o carro vai ter com esse novo asfalto? Só no primeiro dia, na sexta-feira (1)”, completou.

Dentro da área esportiva, as zebras receberam manutenção e pintura. As novas camadas não possuem apenas efeito decorativo. Morales explicou ao GP que as mudanças também possuem a intenção de mexer na “percepção dos limites de pista”.

Novos asfalto de Interlagos (Foto: Rodrigo Berto/GRANDE PRÊMIO)

Nos arredores do traçado, Interlagos também recebeu novos alambrados na reta principal, desde a Junção até o S do Senna. A mudança se deu por questões estéticas, mas também de durabilidade e segurança, pois as peças estavam oxidadas. Existe a previsão de troca do gradil da reta oposta para 2025. Os postos dos fiscais de pista também estão protegidos com alambrados novos.

As barreiras de pneus e defensas metálicas também receberam a manutenção anual para garantir a segurança, principalmente nos trechos onde existe a maior probabilidade de impacto. De acordo com Morales, mudou o sistema de fixação para que se “comportem da maneira correta, dissipando energia”.

Para receber o GP de São Paulo, a prefeitura local autorizou um investimento de R$ 36 milhões para executar as obras, mas ainda existem construções a serem realizadas. O prédio do Hospitality Center está quase concluído. Localizado no ‘miolo’ do autódromo, a edificação terá uma cobertura provisória no terceiro andar, mas será possível utilizar todos os 21 mil m² previstos no final da obra.

Também se espera a conclusão dos túneis que darão aos transportes de cargas acesso à parte interna do autódromo sem a necessidade de cruzar a pista, o que dará um ganho considerável para o uso cotidiano do local, que, cada vez mais, tem recebido eventos fora do automobilismo.

Interlagos recebe os últimos retoques para o GP de São Paulo de Fórmula 1 (Foto: Rodrigo Berton/WARM UP)

“Vão acessar o interior do autódromo sem precisar passar pelo asfalto recém-executado. Isso é um ganho enorme de uso compartilhado com os outros eventos que existem aqui. E a própria área central, com essa obra, vai ter um upgrade em termos de utilização da área VIP. Para todos os eventos, não só para o GP”, concluiu Morales.

A expectativa é que essas obras já estejam finalizadas para o GP de São Paulo de 2025, assim como a construção de arquibancadas definitivas no S do Senna e a reformulação da área para o público no Setor A. Essas últimas, de acordo com a prefeitura, serão entregues antes das 6H de São Paulo, etapa do Mundial de Endurance (WEC), agendada entre 11 e 13 de julho do próximo ano.

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