Aston Martin fura luta Ferrari x Mercedes em Jedá. E Verstappen segue em liga própria

De novo, a Fórmula 1 fechou a quinta-feira de treinos livres com um resultado um tanto confuso. Se na semana passada a Mercedes provocou uma combinação de espanto e esperança, agora foi a vez da Aston Martin. Fernando Alonso liderou o dia na Arábia Saudita e deu a entender que será um elemento forte na disputa da pole. Enquanto isso, Max Verstappen seguiu sua rotina e mostrou que dificilmente alguém lhe tira a vitória no sábado

A Fórmula 1 viveu outra quinta-feira inconclusiva, mas isso não é necessariamente um bom sinal. Ao menos não para o que diz respeito à corrida de sábado. Para a classificação, entretanto, o cenário parece mais interessante na Arábia Saudita, palco da segunda etapa da F1 2024. E tudo por conta de Fernando Alonso e da Aston Martin. Quase como a Mercedes fez há sete dias, o bicampeão assombrou em uma bela performance em volta única para liderar o segundo treino livre, corroborando a ideia de que o carro esmeraldino tem potencial para entrar na briga pela pole nesta sexta-feira. O problema só é o sábado, porque Max Verstappen exibiu um desempenho daqueles.

O caso é que a Aston Martin parece ter realmente encontrado uma configuração certeira para o rápido circuito urbano de Jedá — o segundo mais longo da temporada. Alonso não encontrou dificuldades para encaixar voltas voadoras e conseguiu atingir as temperaturas certas dos pneus nos giros de preparação. Além disso, assim como aconteceu com a equipe alemã na semana passada, a impressão que ficou é que a esquadra verdinha também trabalhou em um mapeamento de motor mais agressivo, simulando as condições de classificação. Importante dizer que, de certa forma, essa solução também atendeu o outro carro, uma vez que Lance Stroll foi o sexto na tabela, apesar da sólida diferença de 0s5 para o companheiro de garagem.

De toda a forma, não dá para descartar a Aston Martin da briga pela posição de honra, especialmente se mantiver o mesmo acerto. Talvez uma especificação ainda mais agressiva possa ajudar, sem contar a natural melhora do asfalto. “Como vimos no ano passado e também no Bahrein, somos mais rápidos no treino livre do que na classificação. Acho que usamos uma estratégia diferente, em termos de carga de combustível, configuração e motor e tal”, confirmou Fernando.

Logo atrás do espanhol, a Mercedes apareceu com George Russell. Uma vez mais, a esquadra da estrela de três pontas tentou capitalizar em cima de uma configuração mais agressiva. Deu muito certo com o britânico do carro #63. Ao contrário de Lewis Hamilton, George não enfrentou qualquer instabilidade da parte traseira do W15. Mas também não foi uma sessão limpa, por causa do tráfego. O heptacampeão chegou a se envolver em um incidente com Logan Sargeant e acabou tomando uma advertência, inclusive.

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Ainda assim, o time chefiado pro Toto Wolff dedicou boa parte do dia ao ritmo de classificação, mas também testou “uma grande variedade de configurações”, contou Andrew Shovlin, engenheiro de pista dos alemães. “No final das contas, não parece que terminamos com nenhum dos carros no potencial máximo. A única volta [rápida] foi confusa e comprometida pelo tráfego”, completou.

“Uma sessão mais limpa teria ajudado, mas também nos falta um pouco de aderência em alta velocidade. Vamos procurar soluções para isso durante a noite”, observou Shovlin. “Nosso ritmo de corrida também não era tão bom, o que não é o ideal. Com base no limitado número de dados, temos um ritmo razoável, mas nenhum dos pilotos ficou satisfeito com o equilíbrio geral.”

A Mercedes realmente tem muito o que fazer até a definição do grid, pois. Hamilton se queixou demais do desequilíbrio da parte traseira e não foi capaz de sair da oitava posição. “Estou sem confiança com a traseira do carro. Fizemos algum trabalho de sessão para sessão, mudamos bastante, com problemas com a traseira que eu estava tendo. Tive alguns momentos bem assustadores. Nessas áreas de alta velocidade você precisa ter total confiança na traseira do carro e eu ainda não tenho”, ressaltou o heptacampeão.

Mas se os octacampeões terminaram a quinta-feira com mais perguntas que respostas, a Ferrari parece que sabe o que está fazendo. A equipe italiana busca permanecer como segunda força do grid e resgatar a performance em volta única vista uma semana atrás. Para isso, revisou a asa traseira do ano passado, tentando ampliar a velocidade reta. No entanto, durante os treinos livres, os engenheiros experimentaram acertos com maior carga aerodinâmica, o que explica em partes o desempenho mais distante na tabela. Charles Leclerc foi o quarto colocado, pouco mais de 0s3 atrás do tempo de Alonso, mas menos de 0s1 pior que Verstappen, o terceiro. Ainda sofrendo com dores e febre, Carlos Sainz foi o sétimo.

Charles Leclerc teve um dia sólido, mas não brilhante (Foto: AFP)

“No geral, foi uma sessão que esperávamos”, ratificou Frédéric Vasseur, o chefão da Ferrari. “Para as voltas rápidas, é difícil comentar porque não sei se todos estão no mesmo nível de combustível, mas fizemos um bom treino e conseguimos dar duas voltas boas. Em termos de ritmo de corrida, fomos bem consistentes e a performance estava ali. Diria que foi um dia bom, apesar da complexidade no caso de Carlos [Sainz], que não estava se sentindo bem. Mas ele fez um bom trabalho considerando as condições”, explicou o francês.

O ferrarista também explicou as decisões de utilizar maior carga de downforce na asa dianteira e o motivo de Leclerc ter utilizado os pneus macios durante a simulação de corrida — uma das surpresas do dia. “Sobre o nível de downforce usado, acho que todos estão no mesmo nível, com algumas exceções. No ano passado, tivemos a oportunidade de andar com os macios com Charles. Depois da punição, ele voltou em 12º e colocar macios funcionou bem. Não foi um stint ruim da parte dele, se consideramos o desgaste dos macios, era a oportunidade de tentar algo diferente”, justificou.

Então, há Verstappen e a Red Bull. Ambos seguem favoritos à pole e à vitória. Mas há uma diferença contundente dentro dessa garagem. O neerlandês, de fato, não trabalhou o ritmo de classificação, assim como acontecera no Bahrein. O tricampeão foi o terceiro mais rápido do dia, com um déficit de 0s3 para o líder da Aston Martin. É algo a se pensar, mas isso tudo caiu por terra quando chegou o momento da simulação de corrida. Max imprimiu um ritmo tão forte que, mesmo se largar da última posição, por qualquer razão, tem claras chances de triunfo.

Diferente da Ferrari com Leclerc, os taurinos optaram por ensaiar o desempenho de prova com os pneus médios, o C3 desta vez. Em cima deles, Verstappen conduziu um trecho de 11 voltas, com média de 1min34s0. Esse ritmo é 0s5 melhor que o do companheiro Sergio Pérez, nas mesmas condições. Com relação à Aston Martin, por exemplo, a diferença sobe para 0s8, também em um longo stint de 13 voltas de Alonso com os médios. Na comparação com os italianos, Sainz sustenta um déficit de 0s7 com os médios, enquanto a distância para Leclerc é de 0s4, mas com os macios. Um assombro.

Max Verstappen foi o terceiro colocado (Foto: Red Bull Content Pool)

E a Mercedes nisso? A verdade é que a performance dos carros pretos é mais complexa, porque tanto Hamilton quanto Russell tiveram stints muito curtos, quase inexpressivos com relação ao resto. Ainda há a McLaren, que também ficou longe de Verstappen e sofreu em ritmo de classificação.

“O ritmo foi muito bom no segundo treino livre, tanto nas voltas rápidas quanto nas simulações de corrida. Aprendemos muito novamente. Sempre há coisas que você pode fazer melhor em uma volta, mas algumas equipes também usaram mais potência, como no Bahrein. Temos que levar isso em conta também. Nas simulações de corrida, parecia bom”, contou Verstappen. “Acho que outras [equipes] são um pouco melhores do que nós em uma volta, mas nosso carro ganha vida na corrida.”

A sexta-feira vai mostrar com mais clareza essa diferença, mas dá para dizer que, neste momento, a Fórmula 1 é mais equilibrada em classificação do que em corrida. E isso já alguma coisa.

GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP da Arábia Saudita, em Jedá, e transmite classificação e corrida em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, na GPTV, o canal do GP no Youtube. Além disso, debate tudo que aconteceu na pista com o Briefing após segundo treino livre e classificação, além de antes e depois da corrida. Na sexta-feira, o último treino livre acontece às 10h30 (de Brasília, GMT-3), com a classificação às 14h; no sábado, a largada está marcada também para as 14h.

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