Sainz finalmente quebra domínio da Red Bull e vence GP de Singapura. Verstappen é 5º
Carlos Sainz largou na frente e, embora não tenha sumido na corrida, jamais foi realmente atacado. Assim, venceu a primeira da Ferrari em 2023 e enfim quebrou uma sequência da Red Bull que durava desde novembro do ano passado
O dia que parecia capaz de se repetir novamente chegou: a Red Bull foi derrotada na Fórmula 1. Aconteceu no GP de Singapura deste domingo (17), no circuito de rua de Marina Bay. Após a classificação desastrosa no sábado, os carros taurinos jamais estiveram entre os melhores na pista, e foi isso. Ferrari e Mercedes tinham os melhores conjuntos no traçado. Com uma tão diferente realidade, alguém tinha de se impor e vencer: foi Carlos Sainz.
Sainz saiu na pole-position e, como já era esperado, não abriu um caminhão de vantagem. O grid estava apertado, com carros próximos e a briga era real. Mas Sainz manteve a compostura, cuidou dos pneus e, no único momento em que parecia ameaçado, o ataque de George Russell nunca chegou.
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Russell vinha em segundo por boa parte de corrida até que, dada a chance do safety-car virtual, entrou nos boxes para colocar pneus médios novos e atacar no fim. Mais uma vez, como era quando estava em segundo, a sensação era que seria possível. Engoliu Charles Leclerc e rapidamente se aproximou de Lando Norris. Mas não apenas ficou preso em terceiro como, na última volta, passou direto numa das curvas do miolo do traçado e passou reto, parando na barreira de proteção e fora da corrida.
Assim, Norris ficou com o segundo lugar, seguido por Lewis Hamilton fechando o pódio. Leclerc foi quarto, seguido por Max Verstappen, que fez o possível para juntar os cacos de um carro surpreendentemente ruim. Pierre Gasly, Oscar Piastri, Sergio Pérez, Liam Lawson e Kevin Magnussen pontuaram. Hamilton ainda ficou com o ponto extra da volta mais rápida.
A corrida teve alguns momentos de interrupção: o primeiro deles, um safety-car, quando Logan Sargeant perdeu o controle sozinho e bateu de frente no muro. Conseguiu levar o carro aos boxes e até seguir na corrida, mas deixou a pista suja demais. Depois, um safety-car virtual (que permitiu o pit-stop extra de Russell) quando Esteban Ocon, que fazia grande corrida, teve quebra de câmbio e parou na pista.
Antes da largada, ficara definido que Lance Stroll não participaria, por conta de dores que tinha depois do acidente do sábado. Com isso em mente, a Alfa Romeo fez Guanyu Zhou largar do pit-lane, já que seria o último colocado de qualquer gente, ao mudar o motor.
A Fórmula 1 dá sequência à temporada 2023 já na semana que vem, entre os dias 22 e 24 de setembro, com o GP do Japão, em Suzuka.
Confira como foi o GP de Singapura:
As horas antes da largada foram bastante movimentadas no universo da Fórmula 1. Ainda cedo em Singapura, a Aston Martin anunciou que Lance Stroll, muito dolorido pelo acidente feio que sofreu na classificação do sábado, ficaria fora da corrida. Assim, o grid encolhia para 19 carros.
Mas não foi só isso. Em resposta a isso, a Alfa Romeo decidiu forçar uma punição a Guanyu Zhou: já que largaria em 19º e último, a equipe resolveu mudar o motor e fazer com que o recém-renovado tivesse de largar dos boxes e evitasse punições em corridas onde o carro aparentasse ser mais competitivo.
A temperatura ambiente para o momento da largada era de 30°C, com o asfalto em 37°C. Com isso em mente, as equipes tiveram escolhas diversas no que diz respeito aos pneus. Carlos Sainz, George Russell, Lando Norris, Lewis Hamilton, Kevin Magnussen, Fernando Alonso, Esteban Ocon, Nico Hülkenberg, Liam Lawson, Pierre Gasly, Oscar Piastri, Alexander Albon e Logan Sargeant escolheram pneus médios; Charles Leclerc, Yuki Tsunoda e Zhou, macios; Max Verstappen, Sergio Pérez e Valtteri Bottas, duros.
Na largada, Sainz movimentou rapidamente o carro da Ferrari para dentro e defendeu a posição, enquanto Leclerc foi para cima de Russell e conquistou a segunda colocação fazendo valer a aposta dos pneus macios. Hamilton foi outro a fazer largada agressiva. Ao frear muito dentro da curva dois, passou Norris e Russell. A dúvida, porém, era se havia se beneficiado ao sair do traçado original. A Mercedes fez com que devolvesse a posição a Russell, mas não a Norris, que reclamou. Na quarta volta, Lewis também deixou Lando retomar a posição sem arriscar punição.
Quem se deu mal mesmo no processo foi Tsunoda. O piloto da AlphaTauri tocou com Pérez na curva cinco, ainda com pelotão grudado, e acabou com furo no pneu. Fim de corrida para ele e apenas 18 restantes no traçado.
Verstappen ganhou a posição de Lawson, que não largou bem. Liam, na verdade, caiu para trás também de Gasly. Mas as coisas não estavam fáceis para Max como em outros lugares: ultrapassou Hülkenberg, mas teve de esperar um tanto até, no braço, encontrar espaço para sacar Magnussen da frente.
Após largar dos boxes e ficar de rosto para o vento Zhou anotava a melhor volta na corrida após oito de 62 giros mesmo de pneus duros. Lá na frente, Leclerc ficava bem no meio da distância entre Sainz e Russell. Com isso, gastava os pneus macios. “Parece que a Ferrari vai sacrificar Leclerc”, avisou a Mercedes no rádio de George.
A situação estava clara para Leclerc, que começava a ficar nervoso. “Acho que Carlos está diminuindo a velocidade”, falou. Enquanto isso, porém, Sainz tinha outra opinião e dizia que “poderia andar nesse ritmo para sempre”.
Pelos lados da Red Bull, havia reclamação com Verstappen. Max tentava tirar muito do carro a cada curva, mas não se aproximava de Ocon. Como estava de pneus duros e com a expectativa de fazer longo stint, a conta não fechava.
“Max, vou dizer de novo: não há mérito de, neste ponto da corrida, estar 1s atrás de Ocon. Já fizemos isso antes, isso já nos prejudicou antes”, foi o recado do engenheiro de Verstappen, Gianpiero Lambiase.
Volta 16 quando a Ferrari pediu que Leclerc deixasse Sainz abrir um tanto de vantagem, mas Charles virou a volta seguinte como a mais veloz da corrida. Enfim, a situação estava posta e ninguém queria parar nos boxes primeiro. O levantamento de tempo indicava que, naquele momento, se Sainz parasse, voltaria no 15º lugar.
McLaren participava da corrida avisando a Piastri que talvez chovesse em cinco minutos. Mas o aviso caiu em absoluto esquecimento quase que imediatamente, porque Sargeant perdeu sozinho o controle do carro na curva oito: saiu de frente, passou direto e bateu na barreira de proteção. O suficiente para destruir a asa dianteira e o assoalho. É verdade que Logan conseguiu levar o carro aos boxes, mas os destroços na pista forçaram safety-car.
Aí, sim, corre-corre para os boxes. Sainz entrou, e a Ferrari fez a fila dupla com Leclerc, bem como aconteceu com a Mercedes para Russell e Hamilton. Na confusão e box cheio, Leclerc precisou ser atrasado um momento pela Ferrari para evitar a pancada em Hamilton. Custou duas posições entre os que também pararam, tomadas por Russell e Norris. A Red Bull manteve sua dupla na pista: Verstappen e Pérez apareciam nas posições dois e quatro.
Alonso se envolveu em problemas na entrada dos boxes. O bicampeão travou o carro quando se moveu para entrar e acabou cruzando a linha branca. Por isso, teve de cruzar uma segunda vez para voltar ao caminho certo. A punição era certa.
Foram somente três voltas até a bandeira verde. Sainz acelerou de novo e garantiu a posição, enquanto Russell partiu loucamente para cima de Verstappen. Nas primeiras duas tentativas, Max segurou o Mercedes, mas Russell acabou passando.
Pérez também foi pressionado de cara, mostrando que a Red Bull não tinha mesmo um carro bom para Singapura. Norris engoliu Checo, bem como Leclerc. Em seguida, Hamilton passou também, embora o mexicano tenha achado que o rival usou a parte de fora da pista para tanto. O problema é que, instantes depois, Leclerc errou na curva oito e também perdeu posição para Hamilton. Mesmo que Lewis quisesse devolver o posto de Pérez, já não tinha mais como fazer.
O pessoal que largou de pneus duros e teve de ficar na pista no safety-car, sofria gravemente. Bottas despencou para a última posição, passado até por Zhou, que largou dos boxes. O chinês fez diferente e entrou nos boxes na janela do carro segurança mesmo tendo pneus duros, colocou os médios e saiu de volta. Verstappen e Pérez continuavam caindo: no 30º giro, eram sexto e sétimo.
Com metade de corrida ainda pela frente, Sainz, Russell, Norris, Hamilton, Leclerc, Verstappen, Pérez, Alonso, Ocon e Magnussen formavam a zona de pontuação.
Russell mostrava certo incômodo com o ritmo de Sainz. “Ele está gerenciando muito”, falou. Instantes depois, a Mercedes avisou que George tinha de manter aquele mesmo ritmo que apresentava até ali e, assim, fazer os pneus renderem até o final. “Do jeito que Sainz está, isso vai ser fácil”, respondeu.
“Eu quero ir para essa vitória”, avisou Russell, como o mundo inteiro sabia que aconteceria. A Mercedes respondeu que estava na mesma página, mas restava saber qual seria o momento do ataque. A diferença entre os dois continuava em cerca de 1s.
No fim da luta pelos pontos, Ocon atacou Magnussen por dentro, espalhou um tanto e fez o dinamarquês escapar do traçado. Kevin voltou sob pressão também de Gasly, errou a freada e despencou para 15º lugar.
Ocon, porém, voava. Encostou em Alonso conforme o veterano atacava Pérez com dificuldades para passar. Quando Alonso movimentou, Ocon pulou junto numa briga tripla. Passou Fernando, mas não Pérez. Isso ficou para a volta seguinte, quando, aí, sim, deixou o mexicano para trás e assumiu a sétima colocação. Alonso e Gasly vieram a reboque. Pérez pediu para fazer o pit-stop.
Na volta seguinte, Verstappen também parou. Voltou no 15º lugar, com Checo em 18º. A Red Bull vivia um mundo paralelo na relação ao restante do campeonato.
“Está inguiável”, reclamava Alonso sobre o carro da Aston Martin pela primeira vez no ano. Mesmo assim, ganhou uma posição: a grande exibição de Ocon acabou em melancolia. O piloto francês vinha ganhando posições, mas viu o carro ter problemas no câmbio, fumaça na traseira e parou na pista.
Eis que veio a dúvida: parar e trocar pneus ou continuar e ir até o fim? Inicialmente, safety-car virtual acionado. Albon foi o primeiro a parar, mas a Mercedes também chamou seus dois pilotos. Sainz, porém, ficou na pista, bem como Norris e Leclerc. Russell caía para a quarta colocação, mas tinha pneus médios novos contra duros usados dos demais.
Outro a parar foi Alonso, que tinha 5s de punição a pagar pelo pit-stop anterior: só que o carro ficou preso na hora de sair. Resultado foi cair para as últimas posições. E, para piorar, na segunda volta após retornar à pista, escapou na curva 14. Agora, sim, era último.
Com a bandeira verde retomada, Verstappen passou Zhou para assumir o décimo posto; em seguida, Hülkenberg. Na marca de 50 voltas, Sainz, Norris, Leclerc, Russell, Hamilton, Gasly, Piastri, Lawson, Verstappen e Hülkenberg formavam o top-10.
Para as últimas dez voltas, os olhos estavam na Mercedes. Com pneus novos, Russell e Hamilton logo tiraram Leclerc na frente e começaram a apagar a desvantagem que tinha para Norris e Sainz. Se a diferença era de mais de 10s originalmente, a quatro voltas do final o quarteto estava praticamente grudado. Na 59, Russell foi para cima, mas Norris segurou. Sainz assistia.
Na penúltima volta, o aviso de Hamilton: Russell precisava aumentar o ritmo. O tempo, afinal, estava acabando. Russell parecia já sofrer com o desgaste nos pneus médios e não conseguia atacar. Até que, para provar a dificuldade, passou direto numa das curvas do miolo da pista e saiu do terceiro lugar. Hamilton via o pódio cair no colo.
Valeu a estratégia de Sainz no fim, deixando que Norris se aproximasse para usar o DRS na mesma medida que Russell usava para cima dele. Vitória de Carlos, a primeira do ano e a primeira fora da Red Bull em 10 meses. Norris e Hamilton no pódio.
F1 2023, Singapura, Marina Bay, Resultado Final:
1 | C SAINZ | Ferrari | 62 voltas |
2 | L NORRIS | McLaren Mercedes | + 0.812 |
3 | L HAMILTON | Mercedes | + 1.269 |
4 | C LECLERC | Ferrari | + 21.177 |
5 | M VERSTAPPEN | Red Bull RBPT | + 21.441 |
6 | P GASLY | Alpine | + 38.441 |
7 | O PIASTRI | McLaren Mercedes | + 41.479 |
8 | S PÉREZ | Red Bull RBPT | + 54.534 |
9 | L LAWSON | AlphaTauri RBPT | + 1:05.918 |
10 | K MAGNUSSEN | Haas Ferrari | + 1:12.116 |
11 | A ALBON | Williams Mercedes | + 1:13.417 |
12 | G ZHOU | Alfa Romeo Ferrari | + 1:23.649 |
13 | N HÜLKENBERG | Haas Ferrari | + 1:26.201 |
14 | L SARGEANT | Williams Mercedes | + 1:26.889 |
15 | F ALONSO | Aston Martin Mercedes | + 1:27.603 |
16 | G RUSSELL | Mercedes | Abandonou |
17 | V BOTTAS | Alfa Romeo Ferrari | Abandonou |
18 | E OCON | Alpine | Abandonou |
19 | Y TSUNODA | AlphaTauri RBPT | Abandonou |
20 | L STROLL | Aston Martin Mercedes | Não Largou |