Carros pesados, até 3s5 mais lentos e simplificados: como a F1 vem para 2021

Mais simples, mais barata e mais competitiva: a nova F1 parte do princípio de tornar o esporte em si mais equilibrado, forte e seguro, e o aspecto técnico e a aparência dos carros também vão mudar de maneira significativa para 2021. Nikolas Tombazis, diretor-técnico da FIA, explicou como vão ser os novos modelos do Mundial: 768kg — 25kg a mais que os atuais —, 3s a 3s5 mais lentos, pneus de 18” e várias peças padronizadas

O tão aguardado regulamento para a nova F1 a partir de 2021 foi anunciado nesta manhã de quinta-feira (31). Em meio à revolução promovida pela FIA e pelo Liberty Media, aprovada por unanimidade pelas equipes, está a adoção de um novíssimo carro, muito mais simplificado em sua aerodinâmica, mas com grandes novidades, como a implementação de um novo conceito de efeito-solo. Além do aspecto, mais agressivo, muito em razão também dos novos pneus de 18”, o novo carro também vai ser mais pesado e cerca de até 3s5 mais lento. Porém, vai visar atender aos rumos de um mundo que pede tecnologias mais sustentáveis.
 
No fim das contas, o grande objetivo da F1 é permitir que, também dentro da pista, o esporte seja mais igual e empolgante. Assim, a aerodinâmica vai ser bastante modificada de modo a impedir que os carros, algo que acontece nos dias de hoje, sejam tão sensíveis à turbulência. Assim, elementos como os bargeboards, as aletas laterais, vão ser extintas a partir de 2021.
 
Dentre as mudanças apresentadas para os carros, estão novas versões de asas dianteiras e traseiras, sidepods, dutos de freio e difusores. Em termos de peso mínimo, vai haver um aumento significativo, de 25kg, subindo para 768kg. O acréscimo é justificado pelos novos pneus, de 18”, a adoção de peças padronizadas ou de código aberto — projeto público e liberado para as outras equipes —, e também um aumento no peso mínimo da unidade de potência, que vai ganhar mais 5kg.
A F1 vem de cara muito nova para a revolução prometida para 2021 (Foto: Fórmula 1)
Na entrevista coletiva realizada para abordar as especificações do carro novo, Nikolas Tombazis, diretor-técnico da FIA, falou sobre as mudanças que já estão previstas para 2021.
“Acredito que há que se falar da parte aerodinâmica. Concentramos na redução do arrasto para que os carros consigam seguir uns aos outros, exatamente como queríamos simplificar o formato final dos carros e reduzir a importância de certas peças para que a diferença entre os carros seja menor que a atual. Simplificamos a asa dianteira, não vai haver mais bargeboards porque agora eles são muito complicados. Eles vão ter grandes difusores desde o sidepod e vão acabar na parte traseira do carro para criar o efeito solo”, citou o engenheiro grego, falando sobre uma das grandes novidades do novo carro.
 
“Algumas áreas vão ser comuns a todas. Se não fizéssemos isso, algumas equipes iriam contra aos nossos objetivos. Esperamos que sejam aproximadamente 3s ou 3s5 mais lentos por volta. Não podemos prever exatamente o nível de aerodinâmica que será comparável com esses carros, mas vai ser um pouco menor”, explicou.
 
“Haverá muitas áreas do carro onde as equipes vão adotar formas diferentes, como as asas e os sidepods, de modo que ainda haverá muitos pontos onde as equipes vão ter diferenciações em termos de performance e forma”, complementou Tombazis.
A nova F1 vem com a aerodinâmica mais simples para aumentar as disputas na pista (Foto: Fórmula 1)
O engenheiro lembrou que, ainda que a nova F1 tenha a previsão de adotar pelas padronizadas, não há o risco de a categoria parecer monomarca, com os carros sendo visualmente quase idênticos.
 
“As regras vão permitir que os carros tenham aspectos diferentes, de modo que os carros finalmente vão parecer ou não com os que reproduzimos nessas imagens, são apenas ideias de como podem ser os carros. Haverá um aumento do peso dos carros. Não é algo desejado, mas é uma consequência do aumento do peso dos pneus, alguns componentes comuns e os motores. No aspecto global, vai aumentar o peso do carro, também por melhoras de segurança”, disse.
 
“Vamos evitar o uso de materiais exóticos, que custam muito dinheiro às equipes, e representam amplas diferenças de performance. Haverá componentes que as equipes vão poder construir, mas o desenho vai ser da FIA, e em alguns pequenos componentes as equipes vão ter liberdade, mas seus projetos terão de ser públicos e acessíveis para o restante das equipes. Mas não serão peças-chave, de modo que não vamos alterar o DNA da F1”, garantiu.
 
Quanto aos motores, além do aumento de peso, o novo regulamento compreende também igualdade de condições entre as equipes de fábrica e os clientes, além de aumentar para 20% os componentes sustentáveis dos combustíveis. 
Mais lenta, porém mais sustentável: a F1 caminha para novos tempos em 2021 (Foto: Fórmula 1)
“Teremos um aumento do tamanho da unidade de potência para que os fornecedores de motor possam simplificar algumas áreas e economizar dinheiro. Não vai haver exclusividade de fornecedores de motor para algumas equipes, de modo que vamos reduzir custos. Tínhamos a obrigação de que os fornecedores ofereçam obrigatoriamente o mesmo motor para todos os clientes. Nossos objetivos em termos de combustível estão concentrados no nosso impacto ambiental, e é algo que vamos seguir trabalhando para o futuro”, disse.
 
Outro ponto ressaltado por Tombazis é sobre o barateamento do sistema de suspensão e mudanças previstas a respeito do aquecimento dos pneus. Tudo para reduzir ainda mais os custos da nova F1. “Vamos simplificar de forma significativa as suspensões e vamos proibir as suspensões hidráulicas, que não são aplicáveis aos carros de passeio e que aumentavam muito a performance de algumas equipes”.
 
“Vamos simplificar mais algumas áreas. Vamos manter para 2021 e 2022 os cobertores dos pneus, mas vamos reduzir seus custos também. Vamos ter discos de freios maiores, mas o objetivo para 2023 é ter um único fornecedor de freios. As mantas vão ser padronizadas, assim como os pneus”, complementou.
 
Tombazis completou sua participação ao destacar o aumento da segurança dos carros e o esforço da engenharia para desenvolver um modelo que espalhe menos detritos na pista, além de criar dispositivos que façam com que a altura dos pilotos não represente uma desvantagem.
 
“Mudamos partes do chassi para que os pilotos mais altos não tenham desvantagem contra os mais baixos. Haverá um selo padrão abaixo dos carros para evitar que as equipes ganhem uma vantagem desleal neste aspecto. Quanto às melhorias em segurança, haverá melhor contenção das peças que possam se desprender do carro. A ideia é que os carros não se despedacem em mil pedaços quando há algum incidente”, complementou.

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