Chefe da Red Bull vê F1 como “escapismo” e apoia veto da FIA a posicionamento político

Em entrevista ao The Post, Christian Horner apoiou a decisão da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) de banir manifestações políticas por parte dos pilotos sem autorização prévia. Dirigente considerou que a categoria é um entretenimento e “uma forma de escapismo”

Chefe da Red Bull, Christian Horner apoiou a decisão da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) de banir manifestações políticas e religiosas sem autorização prévia a partir da temporada 2023. Na visão do dirigente, a Fórmula 1 “não é um esporte político” e é “uma forma de escapismo de algumas das merdas que acontecem no mundo”.

No final de dezembro passado, a FIA fez uma atualização do Código Esportivo Internacional em que exige ter ciência prévia do que determinado piloto ou equipe pretende pintar em capacetes, carros e até camisetas para, então, emitir uma aprovação oficial por escrito. Apenas mediante essa liberação, tais protestos poderão ser feitos durante os fins de semana de corrida.

Chefe da Red Bull, Christian Horner apoiou a decisão da FIA (Foto: Red Bull Content Pool)

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O texto do artigo 12.2.1 diz que “a realização e exibição geral de declarações ou comentários políticos, religiosos e pessoais que estejam claramente violando o princípio geral de neutralidade promovido pela FIA em seus estatutos, a menos que previamente aprovados por escrito pela FIA para competições internacionais ou pela ASN (sigla em inglês para Autoridade Esportiva Nacional), para competições internacionais dentro da sua jurisdição”, constitui violação das regras.

Falando ao jornal norte-americano The Post, o chefe do time dos energéticos apoiou a decisão, já que considera que a Fórmula 1 não é um esporte político.

“A Fórmula 1 não é um espore político e não deveria ser usado de maneira política”, disse Horner às vésperas do lançamento da Red Bull. “Somos um esporte. Somos uma forma de entretenimento e uma forma de escapismo de algumas das merdas que acontecem no mundo”, defendeu.

Na visão do dirigente, a FIA desempenha “um papel importante na regulamentação do esporte” e, mesmo com a nova diretriz, seguirá “sempre existindo liberdade de expressão”.

“Nós sempre demos aos pilotos a habilidade de dizerem o que eles pensam”, defendeu.

Diferente de Horner, muitos pilotos se manifestaram contra a nova diretriz da FIA, inclusive Max Verstappen.

“Acho que, pessoalmente, todas as pessoas são diferentes. Alguns gostam de falar mais do que os outros. Normalmente, não falo muito porque, primeiramente, é difícil — como piloto — estar plenamente a par de tudo”, justificou a Sky Sports. “Mas não acho que isso [medida da FIA] é necessário, porque, de uma maneira, você está se assegurando de que as pessoas não possam se manifestar mais, o que acho que deve ser permitido”, seguiu Verstappen.

“E claro, como eu falei, alguns vão falar mais, outros menos, mas [censura] foi desnecessária, sim”, concluiu o bicampeão.

A declaração de Horner ao The Post, porém, soa como contraditória, já que, o dirigente chegou a endossar o posicionamento de Max à emissora inglesa, mesmo que pedindo equilíbrio.

“Certamente, nós na Red Bull nunca tiramos a liberdade de expressão dos nossos pilotos — ou a capacidade deles falarem o que vem à mente, porque eles têm voz [no esporte]”, apontou Horner. “Acho que é uma questão de achar um equilíbrio. No mundo em que vivemos hoje, todos têm uma voz e isso não deveria ser suprimido. Mas, claro, tem de ser feito com responsabilidade”, continuou.

“Não queremos um monte de robôs sem opinião, que só correm. Como todas as coisas, precisa ser um equilíbrio sensível”, concluiu.

Ainda que a FIA tenha encontrado respaldo em Horner, a entidade tem sido alvo de críticas de muitos outros pilotos. Durante a apresentação da Williams, Alex Albon também criticou a nova regra.

“Sabemos que política e essas posições são temas sensíveis, mas precisamos de um pouco de clareza da FIA em relação ao que eles estão tentando nos dizer”, afirmou Albon ao jornal inglês The Guardian. “Precisamos poder falar livremente em alguma medida. Muitas pessoas olham para nós como porta-vozes de alguns assuntos ao redor do mundo, e eu sinto que é responsabilidade dos pilotos dar ciência às pessoas dessas situações ao redor do mundo”, defendeu.

Diretor-executivo da Fórmula 1, Stefano Domenicali também se colocou contrário à FIA e garantiu que o esporte “jamais colocará uma mordaça em ninguém”.

“A F1 nunca colocará uma mordaça em ninguém”, disse Domenicali em entrevista ao The Guardian. “Todo mundo quer falar. Temos uma grande oportunidade pelo posicionamento do nosso esporte cada vez mais global, multicultural e de muito valor”, seguiu.

“Estamos falando de 20 pilotos, dez equipes e muitos patrocinadores. Todos têm ideias diferentes, visões diferentes. Não posso dizer quem está certo ou errado, mas é certo, se necessário, dar a eles uma plataforma para discutir suas opiniões de forma aberta”, encerrou.

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