Coluna Apex, Andre Jung: BPMs & RPMs

Lewis Hamilton ajudou a ventilar a caretice que parece reinar na “moderna" F1, com pilotos comportados, nutricionistas, preparadores físicos, e limpeza hospitalar

"A música é uma ferramenta tão poderosa que, através dela, pessoas de todo o mundo se conectam. Ela é como uma porta para a alma; existe uma incrível magia em suas notas, algo que atinge diretamente a emoção das pessoas e repercute em todos, quaisquer que seja seu estado de humor.”
 
Pretensão à parte, bem poderia ser eu tentando catequizar mais algum humano para a importância da música. Na verdade, a frase acima pertence a Lewis Hamilton, o vencedor do GP do Canadá, favorito absoluto ao título de 2015.
 
É claro que depois de ler essas palavras fiquei ainda mais simpático ao talentoso inglês. Quando chegou à F1 ele chamava a atenção pela precocidade, pelo talento e pela cor de sua pele. Num esporte que insistira em correr na África do Sul nos terríveis tempos do Apartheid, um negro havia chegado e para ser campeão.
 
Sem se fazer de rogado, como um popstar da black music num grande festival, sentia-se em casa; nada havia naquele palco senão espaço para fazer brilhar seu carisma e capacidade. Logo de cara peitou Fernando Alonso e chegou ao final da sua primeira temporada disputando o título. Fora da pista, seu staff passou a incorporar outros astros negros, em grande parte do mundo da música. Seu conturbado romance com a belíssima líder das Pussycat Dolls, Nicole Scherzinger, passou a decorar as páginas das publicações semanais de fofocas.
(Arte: Marta Oliveira)
Lewis Hamilton ajudou a ventilar a caretice que parece reinar na “moderna" F1, com pilotos comportados, nutricionistas, preparadores físicos, e limpeza hospitalar.
 
Hoje, muito do pouco tempo livre que resta, Lewis aproveita compondo e gravando em estúdios mundo afora. A música ocupa um lugar de destaque no equilíbrio mental do outrora instável piloto inglês. Se anos atrás o episódio do GP de Mônaco iria perturbá-lo por semanas, nos dias atuais com o auxílio luxuoso da música, Hamilton encontra um rápido atalho para superá-lo e restaurar suas forças para a próxima disputa. Música cura!
 
E foi assim, talvez embalado por Michael Jackson, seu astro preferido, que Lewis passeou pelo belo Albert Park para carimbar mais uma vitória e restaurar a hierarquia atual da categoria. Rosberg fez o que pode, mas dessa vez a Mercedes não repetiu a mancada de Monte Carlo e restou o segundo lugar.
 
Diferente de seu padrão habitual, o GP do Canadá de 2015 foi chato e previsível. Sem erros, os dois Mercedes controlaram a corrida com facilidade, com erro, Räikkönen jogou fora um terceiro lugar seguro que Valteri Bottas estava pronto para aproveitar.
 
Vettel foi um bravo lutador, tivesse saído das primeiras filas, como era de se esperar, a corrida teria mais disputa pelas primeiras posições, seu quinto lugar deixou claro o excelente acerto da sua Ferrari e sua recuperação foi o grande destaque do GP.
 
Ao final, Felipe Massa também estava muito contente, com o histórico de problemas que tradicionalmente o acompanham nessa prova, seu sexto lugar foi um alívio. Porém houve excesso de otimismo ao afirmar que tinha carro para pódio. As Ferrari eram nitidamente mais velozes.
 
As Lotus voltaram a ter bom desempenho, e talvez Eric Boullier esteja se perguntando se não teria sido melhor permanecer no combativo time de Enstone, ao invés de se transferir para a Mclaren no olho do furacão. Grosjean consegue pontuar com frequência e Pastor Maldonado está superando o inferno astral que o acompanhou nas primeiras provas.
Lewis Hamilton não tomou conhecimento de ninguém no Canadá (Foto: AP)
A questão McLaren tem muito a ver com as expectativas; a união com a Honda foi a mais vitoriosa dos anos 1980, natural que a junção desses dois nomes evoque conquistas e títulos. Mas os tempos são outros e, em que pese a impressionante evolução demonstrada desde os desastrosos treinos pré-temporada, a falta de resultados começa a pressionar.
 
Não que a conversa de Alonso com seu engenheiro tenha sido um retrato de desgaste, acho que fizeram tempestade em copo d’água. O que Alonso fez foi simplesmente pedir para correr, até onde desse, mas correr.
 
As equipes estão exacerbando no que informam e pedem aos pilotos, não deviam dizer ao piloto para frear mais cedo, economizar combustível ou “guardar” pneus. Essas decisões e sensibilidades têm de ser do piloto, cabe a ele sentir os desgastes do carro e tomar decisões.
 
Enquanto isso . . . 
 
. . . a coisa está feia na Red Bull, o motor não evolui, o chassis também não agradam e o humor de Helmut Marko idem . . .
 
. . . o vetusto austríaco tem conseguido apagar o sorriso de Daniel Ricciardo, que já não esconde sua insatisfação com esse projeto . . .
 
. . . Christian Horner agora alerta para uma possível saída da Renault em 2017 como forma de pressionar a Mercedes a aceitar que os franceses alterem a unidade de potência homologada no início da temporada . . .
 
. . . difícil saber qual seria a posição dos franceses caso fossem eles quem tivesse o melhor motor.
Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.