Com tendência ao caos, GP da Holanda é mix de tensão e tática para Verstappen e Hamilton

O apertado circuito de Zandvoort já mostrou que gosta de confusão e acidentes. E isso deve se repetir na corrida deste domingo, que tem os dois candidatos ao título dividindo a primeira fila. Pole, Max Verstappen tem a missão de contornar a primeira curva sem problemas, enquanto Lewis Hamilton precisa pular à frente para tentar neutralizar o rival. E é aí que a diversão começa

Se no papel o circuito de Zandvoort não oferece pontos diversos de ultrapassagem e a expectativa mais realista seria a de esperar por uma longa procissão neste domingo, a prática deve reservar surpresas. Um olhar mais atento vai perceber as pequenas armadilhas em um traçado ardiloso e que tende ao caos. Talvez não seja o melhor lugar para quem está numa disputa de título acirrada, mas é onde um importante ponto de virada pode acontecer. E Max Verstappen, o mais interessado numa reviravolta, fez a primeira parte da lição de casa ao conquistar o direito de largar da posição de honra do grid, para delírio de um autódromo pintado de laranja, neste sábado (4).

A Red Bull tenta tirar proveito de um circuito que casa muito bem com o seu RB16B. Ou seja, um traçado que pede equilíbrio, downforce e boa tração. A pista curta e cheia de curvas também é um dos pontos que faz brilhar o projeto de Adrian Newey, ainda mais nas mãos de Verstappen. O holandês passou pelos dois trechos da definição do grid sem grande esforço, mas foi no Q3 que fez uma volta muito especial na primeira tentativa, em que passou com parciais roxas nos três setores. É claro que quem olha para a diferença final na tabela – apenas 0s038 separaram Max de Lewis Hamilton – pode ter uma impressão de que a disputa está muito parelha. É um engano, porém.

O vice-líder do campeonato não foi capaz de reproduzir a mesma performance no giro derradeiro por conta de uma falha do DRS, que tirou velocidade do carro taurino. Portanto, por mais excelente que tenha sido a volta de Hamilton, a diferença na ponta da classificação é irreal. Em nenhum momento na tarde holandesa, a Mercedes conseguiu fazer frente à Red Bull. De qualquer jeito, Max fez o que precisava e sai da pole, a décima da carreira, a sétima da temporada 2021.

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Torcida holandesa lotou o autódromo de Zandvoort (Foto: AFP)

Só que esse grande poder também traz uma responsabilidade enorme. Porque essa é uma corrida que se desenha tensa, baseada também na estratégia, com o tempero de que é um circuito que gosta de confusão – então, novas bandeiras vermelhas e intervenções do safety-car são bem possíveis. Assim, ainda que na pole, Verstappen tem a missão de driblar qualquer infortúnio, e isso começa desde os primeiros metros.

Max tem de passar ileso da curva 1, enquanto Hamilton vai para o confronto, uma vez que ocupa uma posição ligeiramente vantajosa, mesmo saindo em segundo e com pneus mais usados. O heptacampeão sabe que, em um circuito que pouco se adapta ao W12 e que inibe ultrapassagens, o segredo também está na largada, além da aposta no caos e na estratégia, contando com a presença ali de Valtteri Bottas em terceiro.

A Mercedes adota uma postura interessante e entende acertadamente que Verstappen está mais exposto, ao menos em tese. Sozinho na frente, o holandês terá de decidir o que fazer. E isso pode ajudar a equipe alemã a definir sua própria tática, que pode ser diferente para os dois pilotos. “Acho que podemos jogar com as duas estratégias amanhã. Vimos que podemos ter dois carros que podem ir por alternativas totalmente diferentes: parar um deles [para o pit-stop], fazer o undercut e aí deixar o outro carro lá na pista. E isso pode ajudar a terminar em primeiro e segundo”, declarou o dirigente austríaco em entrevista à emissora britânica Sky Sports.

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A Mercedes colocou Hamilton em segundo e Bottas em terceiro (Foto: Mercedes)

Para ao chefão, a tática basilar ao longo da corrida vai ser de uma parada. Mas a opção de dois pit-stops pode mudar o jogo no domingo, e isso também tem a ver com eventuais entradas do SC.  “Acredito que, se conseguirmos manter o mesmo ritmo na corrida, mais uma vez, vai ser sobre sobreviver com apenas uma parada. Max precisa tomar uma decisão: ele vai para uma ou duas paradas?”, salientou.

O raciocínio da esquadra da estrela faz sentido. É uma corrida tática, no fim das contas. Por isso, a Red Bull prefere olhar para si, acreditando em um ritmo de corrida forte, enquanto tenta minimizar a pobre posição de grid de Sergio Pérez. O mexicano foi limado ainda no Q1, quando foi a pista tarde demais e ficou preso no tráfego. Assim, larga apenas em 16º. “Temos somente de focar na nossa corrida. Em um mundo perfeito, iríamos embora lá na frente. Só acho que, de alguma forma, não vai ser tão simples”, disse Christian Horner em resposta à rival, acrescentando que a disputa real é apenas contra Hamilton.

“Eles têm dois caras que podem dividir as opções. Mas o cara-chave que temos de derrotar, claro, é Lewis, então você tem de escolher as suas brigas”, emendou.

É um modo de ver coisas. Mas a Red Bull parece ter também uma carta interessante na manga: Pierre Gasly. É claro que a performance estrondosa do francês, que larga da quarta colocação, chamou a atenção, especialmente pelo desempenho da AlphaTauri nas mãos do jovem. É bem verdade que Gasly segue preterido, mas uma estratégia casada com a irmã mais velha não pode estar fora de cogitação.

E todo o jeito, a estratégia padrão deve ser a de uma única parada, com um primeiro stint com pneus macios ou médios e um segundo com os duros. “Em termos de estratégia de corrida, tudo ainda está um pouco aberto, com um ou dois pits possíveis. No entanto, as equipes vão querer se concentrar em uma parada única, se puderem, o que é dá para fazer usando o pneu médio ou o macio no início, seguido por uma troca para os duros. Sem muitas informações prévias para recorrer, também há espaço para apostas em algo diferente, que pode valer a pena”, disse Mario Isola, o chefe da Pirelli.

Ainda que a tática pareça ter um grande peso, a tensão cresce entre os dois protagonistas logo no apagar das luzes. A distância da primeira fila até a freada é pequena e pode até decidir a corrida. Mas, como se sabe, não dá para vencer na primeira curva.  

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Fórmula 1 acelera neste domingo, às 10h (de Brasília, GMT-3), para a largada do GP da Holanda. Uma hora antes, o GRANDE PRÊMIO apresenta o BRIEFING pré-corrida com a prévia da etapa em Zandvoort e as últimas informações antes da largada.

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