Do auge na Volkswagen no WRC à crise da McLaren na F1, Capito fala em “desafio mágico”. Mas vai ter dura missão em 2016

Jost Capito é um homem com muita história no automobilismo. Com apenas 27 anos, foi navegador do pai, Karl-Friedrich, na campanha do título do Rali Dakar nos caminhões, curiosamente com um Mercedes. Já trabalhou na BMW, Porsche, Ford e, na F1, na Sauber. Depois de ser um dos artífices do sucesso da Volkswagen no Mundial de Rali, o alemão, hoje com 57 anos, terá a dura missão de reerguer a McLaren após sua pior temporada na história

A retomada da aliança vitoriosa entre McLaren e Honda tinha tudo para fazer com que 2015 fosse um ano histórico. E, definitivamente, foi, mas não da forma como as duas marcas e mesmo os fãs da F1 esperavam. A temporada passada foi a de pior desempenho da segunda maior campeã da categoria em mais de 50 anos. Nono lugar no Mundial de Construtores, com apenas 27 pontos somados — a Mercedes, que faturou o título, conquistou 703 —, a campanha da McLaren Honda foi de um fracasso completo. Era preciso mudar. E o escolhido para ser o artífice desta mudança estava — ou ainda está — no Mundial de Rali. Jost Capito, chefe da Volkswagen tricampeã mundial na modalidade, é o futuro diretor-executivo da McLaren.
 
Alemão nascido em 29 de setembro de 1958 em Neunkirchen, Capito tem uma história de êxitos no automobilismo. Quando jovem, correu de motocross e enduro e tomou gosto pelo off-road, a ponto de ser campeão alemão de enduro na categoria Junior em 1975 e 1976. Em 1985, Jost, então com 27 anos, conquistou seu primeiro grande título na carreira. Como navegador do pai, Karl-Friedrich Capito, o ajudou a faturar a vitória no Rali Dakar (então Paris-Dakar) com um caminhão Mercedes.
 
A carreira de Capito foi construída no esporte, mas não mais nas pistas. O alemão, sempre ligado ao automobilismo, assumiu o posto de diretor de alto rendimento da BMW no mesmo ano em que venceu o Dakar pela Mercedes. A partir de 1989, deixou a marca bávara e se transferiu para a Porsche, sendo que entre 1993 e 1996 atuou na divisão de esportes a motor da famosa fábrica.
Jost Capito, um dos pilares do sucesso da Volkswagen no WRC (Foto: Red Bull/Getty Images)
A primeira experiência de Capito na F1 foi como membro do conselho da Sauber, assumindo como diretor-executivo no período entre 1998 e 2001, quando a equipe de Hinwil era patrocinada pela Red Bull. Quando deixou o time suíço, foi contratado pela Ford, onde construiu a maior parte da sua carreira como executivo, permanecendo por 11 anos. Até que veio a chance de se trabalhar como chefe de equipe da Volkswagen, que desenvolveu um ambicioso projeto para ser campeã mundial de rali. Capito aproveitou a sua experiência, o grande trabalho da fábrica no desenvolvimento do Polo R e o talento inegável de Sébastien Ogier. Com um pilar perfeito, o alemão viu seu time chegar ao Olimpo e ser tricampeão mundial do WRC.
 
Mas os rumos da carreira de Jost Capito começaram a mudar no verão europeu, quando o alemão foi chamado para conversar com Ron Dennis, o todo-poderoso da McLaren, que olhava com admiração para seu trabalho na Volkswagen. Cansado de ver seu time, outrora vencedor, passar vexame em 2015, Dennis viu que era a hora de trazer sangue novo e ideias diferentes para Woking e, em 16 de janeiro, consumou a contratação de Capito como novo diretor-executivo em substituição a Jonathan Neale, que vai deixar a equipe para assumir como chefe de operações do Grupo McLaren.
 
Trata-se de um desafio e tanto para Capito. Aos 57 anos, o executivo germânico chega como grande reforço a um time que mudou muito pouco. A McLaren manteve a dupla de pilotos mais experiente da F1 atual, formada por Jenson Button e Fernando Alonso — a quem Capito apontou como o "melhor piloto da F1", e também optou por seguir com Éric Boullier como diretor de corridas — na prática, chefe da equipe. Mas o engenheiro francês terá de se reportar a Capito que, por sua vez, vai ter de prestar contas ao número 1 da McLaren, Ron Dennis.
Jost Capito terá de lidar com a missão mais dura da sua carreira: ajudar a reerguer a McLaren (Foto: Volkswagen)
Em entrevista ao diário espanhol ‘Marca’, publicada no último domingo (24), Capito falou sobre o novo desafio. Por enquanto, o alemão segue como chefe de equipe da Volkswagen, que neste fim de semana comemorou a vitória no tradicional Rali de Monte Carlo, com direito a dobradinha de Sébastien Ogier e Andreas Mikkelsen, na abertura da temporada 2016 do WRC. Mas deve se juntar à McLaren provavelmente até maio, e aí terá de lidar com a missão de ajudar a levar ao topo da F1 um time de vitórias e glórias, mas que virou motivo de chacota no ano passado.
 
No fim das contas, o que motivou Capito a deixar a Volkswagen no auge para assumir a McLaren em plena crise foi mesmo a chance de se consagrar na F1. Antes, porém, o dirigente revelou que consultou também o coração.
 
“Pela chance e o desafio que me foi apresentado adiante; sobretudo pelo desafio. Tenho de agradecer à Volkswagen por ter me dado a chance de construir uma equipe como esta. Tive muita liberdade para fazer as coisas segundo meu próprio critério. Isso me colocou na posição necessária para que uma equipe como a McLaren quisesse me contratar”, comentou o futuro diretor-executivo de Woking.
Na McLaren, Capito vai ter de lidar com as personalidades fortes de Ron Dennis e Fernando Alonso (Foto: AP)
“É, simplesmente, uma questão sentimental. Não preciso de uma mudança, de novos desafios. Desde pequeno, era um admirador de Bruce McLaren, depois acompanhei como ele fundou a equipe, como Ron Dennis deu sequência e tocou todo o negócio. Para mim, a McLaren sempre foi um modelo, respeito muito suas conquistas. Poder trabalhar como diretor da equipe que acompanho desde pequeno é algo mágico”, definiu o futuro diretor-executivo.
 
Capito faz questão de avisar que sua decisão não tem nenhuma relação com o envolvimento da Volkswagen no escândalo de fraude nos resultados das emissões de gases poluentes ao falar sobre a época em que começou a conversar com Ron Dennis sobre uma transferência para a McLaren. “No verão. Foi antes de começarem os problemas com a Volkswagen. Quero deixar isso claro, muito claro”.
 
Sem ainda querer detalhar as funções da sua importante missão como diretor da McLaren, Capito prefere esperar um pouco para opinar sobre seu ponto de vista a respeito da F1 atual, uma vez que há muito tempo vive o mundo do rali. 
 
“Primeiramente tenho de chegar lá e ver o que há. Estive muito ocupado nos últimos tempos para saber disso ao certo. Quando me unir à equipe, vou saber como está a categoria. O fato é que a F1 precisa resolver muitos assuntos em áreas distintas. Mas o principal, ao menos no meu caso, é tentar construir uma equipe sólida e competitiva. O regulamento não tem de ser um problema, já que é o mesmo para todos. Portanto, é tratar de tirar o máximo de proveito dele”, disse.
Jost Capito adotou um discurso humilde e disse que se vê como mais um em meio ao êxito da Volkswagen no WRC (Foto: Volkswagen)
Sua maior referência antes de assumir a direção-executiva na McLaren é o próprio trabalho desempenhado na Volkswagen. Mas Capito avisa que não é o único responsável pelo êxito da marca alemã nos últimos anos no Mundial de Rali. 
 
“Nossos pilotos, a equipe como um todo, os nossos engenheiros e toda a maneira em que trabalham todos de forma conjunta dentro das diferentes áreas a que cada um responde”, explicou. Com um trabalho de transição do Rali Dakar, que a Volks venceu de forma consecutiva em 2009, com Giniel de Villiers, 2010, com Calos Sainz, e 2011, com Nasser Al-Attiyah, Capito liderou a montadora de modo a vencer as primeiras dificuldades e triunfar contra a multicampeã Citroën no Mundial de Rali.
 
Mas a partir de 2016, Capito terá de lidar com um desafio muito maior em relação àquele que encarou a partir de 2012 à frente da Volkswagen. Há quatro anos, Capito liderava uma equipe em formação e que só trazia a expectativa de finalmente lutar pelo título em 2015, mas isso acabou acontecendo dois anos antes. Na McLaren, terá de lidar com todo o tipo de pressão: de Button, Alonso e, principalmente, de Ron Dennis, num ambiente que nunca teve a tradição de ser dos mais amistosos.
 
Coincidência ou não, outro grande nome do rali fez história na F1 recentemente. Navegador e, mais tarde, diretor da Peugeot, Jean Todt foi contratado pela Ferrari para ser o chefe da equipe de Maranello e, ao lado de Michael Schumacher e Ross Brawn, foi um dos grandes pilares dos anos de ouro do time italiano antes de assumir como presidente da FIA, cargo que exerce até hoje.

De certa forma, Capito tenta reescrever a história à frente da McLaren. Sua missão é dura, duríssima. Mas como bem ressaltou na entrevista, o alemão, se tiver a liberdade desejada e tempo para trabalhar, tem tudo para fazer a diferença. É nisso que acredita Ron Dennis, é nisso que acredita a McLaren, que sonha com dias melhores em 2016.

 
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