Dupla Pérez-Hülkenberg e motor Mercedes ajudam Force India a tomar lugar da McLaren e virar quinto time da F1

Sorte, bom trabalho e uma dupla de pilotos forte, equilibrada e consistente, além da potência do melhor motor da F1 são as chaves para a Force India seguir firme rumo ao quinto lugar da temporada, ganhando uma posição em relação a 2014, quando terminou em sexto, atrás da McLaren

Namastê! A Force India vem sendo um dos bons destaques da temporada 2015 do Mundial de F1. O time baseado em Silverstone deu um salto de qualidade muito significativo, já apresentado desde a temporada passada, quando conseguiu montar uma dupla das mais fortes do grid, formada por Nico Hülkenberg e Sergio Pérez. Com características distintas, os pilotos conseguem se completar e fornecer um material humano de muita qualidade que, aliado ao forte motor Mercedes, o melhor da F1, e também a um projeto bom, a especificação B do VJM08, está muito perto de garantir sua melhor participação no Mundial. Faltam quatro provas para a Force India terminar o campeonato dos Construtores no quinto lugar.
 
Trata-se de um feito e tanto, já que a Force India está muito perto de tomar a colocação que foi da McLaren ano passado. É bem verdade que o time de Woking foi muito prejudicado pela falta de maturidade do motor Honda, que ainda carece de potência e confiabilidade e, por isso, só está à frente da Manor Marussia no Mundial. Mas a Force India tira proveito de tal situação de forma a estar muito próxima de fechar 2015 no top-5, o que vai garantir um belo dinheiro para começar a próxima temporada mais tranquila financeiramente.
 
Vale lembrar que, em 2015, a Force India enfrentava grande crise financeira e, por isso, atrasou seu projeto e só apresentou o carro de 2015 na última bateria de testes da pré-temporada, em Barcelona. Contudo, era um carro que, além da baixíssima quilometragem, também estava bem atrás em relação às outras equipes do pelotão intermediário nas primeiras corridas do ano. Tanto que a própria equipe já trabalhava numa versão B do carro para a sequência do campeonato.
E, de fato, a primeira especificação do VJM08 não entregava os melhores resultados, a ponto de Hülkenberg chegar a se mostrar desmotivado com a própria F1 e dizer que vivia uma das piores fases da carreira. Depois do sexto lugar no GP da Austrália, Nico teve de lidar com um enorme jejum sem pontos e só voltou ao top-10 no GP do Canadá.
 
Em meio a este intervalo, Pérez conseguiu resultados um pouco melhores e manteve a Force India regularmente entre as forças do pelotão intermediário. Em sua segunda temporada pelo time indiano, ‘Checo’ pontuou em Melbourne ao chegar em décimo lugar, somou mais quatro pontos no Bahrein e outros seis graças ao sétimo lugar em Mônaco. 
A Force India começou o ano com um carro bem atrasado (Foto: Getty Images)
Na base do bumba-meu-boi, a Force India tirava proveito da instabilidade de Sauber, Lotus, Toro Rosso e também da McLaren para se manter em uma boa posição no Mundial mesmo sem contar com um carro muito competitivo. Até que veio o GP da Inglaterra, na casa da equipe anglo-indiana, que tratou de fazer em Silverstone a estreia da especificação B do VJM08. E daí por diante, o time só deixou de pontuar uma vez, no GP da Hungria, quando Pérez e Hülkenberg enfrentaram problemas mecânicos.
 
A grande fase da Force India foi confirmada com um excepcional resultado no último GP da Rússia. Em Sóchi, Checo adotou uma estratégia ousada ao fazer seu pit-stop obrigatório no momento em que o safety-car entrou na pista em razão do acidente de Romain Grosjean. O mexicano fez um stint mais longo com os pneus macios, sofreu no fim com o ataque de carros com os compostos em melhor estado. Valtteri Bottas e Kimi Räikkönen até chegaram a ultrapassar Sergio, mas num golpe da sorte, tudo acabou dando certo para Checo.
 
Na última volta, Kimi bateu na Williams de Bottas e Pérez viu cair no colo um pódio improvável, mas muito importante para as pretensões da equipe. O resultado sacramentou uma grande sequência da equipe: ao todo, foram 53 pontos no acumulado das últimas cinco corridas do calendário. O número é exatamente o mesmo que foi conquistado pela Red Bull, equipe que está imediatamente à frente da Force India na classificação do Mundial.
Após 15 corridas disputadas, a Force India soma 92 pontos. A distância para a Red Bull é considerável, 57 pontos. Parece mesmo mais razoável que o time de Vijay Mallya fique mesmo em quinto, já que a Lotus, que aparece em sexto lugar, com 66, não parece ter fôlego e tampouco vem desenvolvendo atualizações para o E23. Além disso, o time de Enstone conta com uma dupla capenga: enquanto Grosjean consegue andar regularmente no grupo dos primeiros colocados, Pastor Maldonado raramente passa uma prova sem se envolver em confusões.
 
O mesmo vale para a Toro Rosso. Com 45 pontos somados até o momento, a escuderia de Faenza tem uma grande dupla de pilotos formada pelos ótimos Carlos Sainz Jr. e Max Verstappen. Porém, com constantes problemas mecânicos e a falta de potência dos motores Renault, é bem difícil imaginar que Sainz e Verstappen consigam alcançar Pérez e Hülk.
O pódio de Sergio Pérez na Rússia deu ainda mais força para a equipe indiana (Foto: AP)
Pérez e Hülkenberg, uma parceria que vem dando certo
 
Na linha oposta, a Force India tem ao seu dispor pilotos em grande fase. A junção entre Pérez e Hülkenberg vem sendo um dos grandes acertos do time, que no passado sofreu com a inconstância de Adrian Sutil e, principalmente, Paul di Resta. O alinhamento atual parece mais estável, e isso vem se provando em resultados na pista.
 
Em 2014, a temporada foi amplamente favorável ao badalado Hülkenberg. Muito regular e cerebral, o alemão conquistou quatro quintos lugares e deixou de pontuar em apenas quatro das 19 provas do campeonato, chegando ao fim com 96 pontos. Pérez, talentoso, porém meio chamuscado depois de fracassar na McLaren em 2013, conquistou o melhor resultado da Force India naquele ao terminar o GP do Bahrein em terceiro, inclusive vencendo uma disputa direta com Hülk, mas sua jornada, no fim das contas, foi mais cheia de altos e baixos: 59 pontos.
 
A consistência da dupla se mostrava no fato de que ambos terminaram 2014 no top-10.
 
Porém, ao menos no que diz respeito à F1, 2015 vem sendo o ano de Checo, que ainda vem sendo premiado com a sorte. Sorte essa que costuma simplesmente nunca sorrir para Hülkenberg.

Um exemplo disso está justamente no GP da Rússia. Hülkenberg largou em sexto, uma posição à frente de Pérez, mas errou sozinho na curva 2 do circuito de Sóchi e acabou sendo acertado pela Sauber de Marcus Ericsson. O mexicano escapou sem problemas e levou de volta a Force India ao pódio.
Nico Hülkenberg e Sergio Pérez, a ótima dupla da Force India (Foto: Force India)
Contudo, o alemão não faz um ano ruim, longe disso. Na prova anterior, inclusive, fez ótimo papel ao chegar em sexto, sendo o "primeiro do resto". E, ainda por cima, conquistou em 2015 a maior vitória da sua carreira: as 24 Horas de Le Mans, na qual competiu pela Porsche e triunfou logo no seu ano de estreia no Endurance. Hülkenberg, cada vez mais, prova ser um piloto completo e, possivelmente, arrume uma chance de ser campeão daqui alguns anos no WEC.
Até o pódio em Sóchi, a diferença em termos de pontos entre Pérez e Hülkenberg era mínima, ora pendendo para um, ora para outro. Hoje, Sergio tem 54 pontos, contra 38 de Nico. O alemão perdeu boas chances de chegar aos pontos, como na Hungria e em Cingapura. Pérez, ao contrário, vem conseguindo capitalizar suas chances. Só abandonou uma vez, também em Budapeste, com problemas nos freios, mas pontuou em nove das 14 em que viu a bandeirada.
 
A melhora de Pérez em 2015 é atribuída ao ganho de confiança depois de um ano difícil na McLaren. “Acredito que se trata de ter a confiança e de se sentir à vontade no ambiente da equipe, e acredito que ele já estava assim durante o ano passado com a gente”, declarou Bob Fernley, chefe-adjunto da Force India, que citou a passagem atribulada de Pérez pela McLaren.
“Acredito que foi uma experiência infeliz e sua ida à McLaren chegou cedo demais para Checo. Não se pode subestimar o que é chegar à McLaren. Da nossa parte, sabíamos que tínhamos um bom talento, que era somente questão de lhe dar confiança”, comentou.
 
Fernley ressaltou que tem em Pérez e Hülkenberg uma grande dupla de pilotos e que ambos se completam. Não à toa, os dois já estão garantidos pela equipe de Silverstone para a temporada 2016 do Mundial de F1.
 
“Eles têm diferentes talentos, e isso é muito bom para a equipe. Temos pontos fortes distintos de cada piloto, que nos permite apoiarmos em um e em outro dependendo do que seja preciso. De modo que, para nós, é perfeito e, para eles, quase a mesma coisa. Acredito que é uma boa combinação”, complementou.

O ponto é que a comparação entre Hülk e Checo é válida, são dois pilotos bem acima da média. Entretanto, não são apenas resultados que definem qual deles é melhor. Aliás, até nos resultados a discussão existe. Pérez tem, sim, cinco pódios, mas Hülkenberg tem uma pole. O alemão, com apenas uma corrida a mais na carreira, também ganha nos pontos: são 270 pontos de Hülk contra 242 de Checo. Resumidamente, é difícil convencer quem prefere Hülkenberg de que Pérez é melhor e o mesmo acontece no caso inverso. Quem não está nem aí para qual deles é o melhor é a Force India, que não poderia ter dupla mais eficiente no momento.

Hülkenberg e Pérez dividem informações durante o primeiro treino em Sochi (Foto: Force India)
Powered by Mercedes
 
A parceria entre Force India e Mercedes data de 2009. E desde aquele ano, os propulsores alemães se destacam por estarem sempre entre os mais potentes da F1. Tanto que foi justamente em 2009, numa pista de alta velocidade como Spa-Francorchamps, que Giancarlo Fisichella garantiu o melhor resultado da história da equipe: pole-position e segundo lugar na corrida.
 
E analisando os números da temporada 2015, a Force India somou o maior número de pontos exatamente em pistas de média e alta velocidade. Dos 92 pontos conquistados até o momento em 2015, nada menos que 57 foram logrados em traçados de tal característica como Spielberg, Spa-Francorchamps, Monza, Suzuka e Sóchi.
 
Neste caso, o trunfo é o cobiçado motor Mercedes, o melhor da F1 nesta nova era turbo da categoria. Claro que só o motor não faz diferença, mas o propulsor tem trabalhado muito bem em conjunto com o VJM08-B, e isso vem se mostrando muito claro nesta evolução que a equipe vem exibindo na fase final da temporada 2015.
 
Com um importante conjunto formado por chassi e motor, além da capacidade de Pérez e Hülkenberg, a Force India deu um olé na crise financeira e caminha a passos largos para completar a melhor temporada da sua história na F1. Jai Hind!

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