Ex-membro vê “mágoa de presidente” e revela demissão da FIA “por mensagem de texto”

Tim Mayer revelou que soube por mensagem de texto que não seria mais o comissário-chefe da Fórmula 1. Em entrevista ao site da emissora britânica BBC, o profissional ainda afirmou que foi demitido da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) porque o presidente da entidade, Mohammed Ben Sulayem, sentiu-se “ofendido” com o conteúdo do documento apresentado por ele na audiência de direito de revisão dos organizadores do GP dos Estados Unidos, multados por invasão de pista.

Mayer atuou na organização das três corridas realizadas em solo norte-americano este ano: Miami, Austin e Las Vegas, disputada no último fim de semana. No Circuito das Américas, todavia, cerca de 200 pessoas invadiram a pista quando os carros ainda estavam na volta de desaceleração. O fato acarretou em multa de € 500 mil (R$ 3,1 milhões, na cotação mais recente), sendo que € 350 mil estão ‘suspensos’ até o fim de 2026 caso a corrida não registre novas invasões de pista em eventos da FIA.

Os organizadores, então usaram o direito de revisão por “não terem ficado muito satisfeitos” com o julgamento, de acordo com Mayer. O envolvimento do agora ex-comissário-chefe da F1 no recurso o levou a ser removido do painel de comissários do GP de São Paulo. Agora, a demissão foi concluída.

“A razão oficial que será dada é que eles sentiram que havia um conflito de interesses com a FIA, pois eu havia liderado o direito de revisão [sobre o caso do GP dos EUA] em meu papel como organizador”, disse à BBC. “Mas não foi por isso que fui demitido. Ser organizador é um papel que cumpri, beneficiando a FIA, por mais de 12 anos. Isso não é novidade.”

“Apesar do assunto ter sido resolvido de forma silenciosa e amigável, ele [Ben Sulayem] ainda está chateado e decidiu me demitir. Depois de 15 anos de voluntariado como comissário, uma década ensinando outros comissários e centenas de horas de voluntariado em outras funções, recebi uma mensagem de texto de um de seus assistentes”, revelou Mayer.

Sem contar do que se tratava, o filho de Teddy Mayer, cofundador da McLaren, disse que o mandatário da FIA encarou um item no direito de revisão como “um ataque pessoal a ele”. “Não escrevi essa parte do documento, mas era meu trabalho apresentá-lo.”

“Não havia intenção de tentar causar problemas com a FIA e continuarei como promotor esportivo dos três GPs nos EUA. Foi um ponto tão pequeno que é desconcertante que alguém se ofenda tanto”, salientou.

COTA conseguiu que a linguagem do veredicto do direito de revisão fosse alterada, removendo a conclusão de que os organizadores haviam “deixado de tomar medidas razoáveis”. Mayer explica que, no jargão jurídico dos EUA, “isso é sinônimo de negligência, o que é problemático para uma entidade corporativa dos EUA”.

“Após a audiência de direito de revisão, os comissários concordaram conosco e mudaram a punição para uma violação do Artigo 26.7 dos regulamentos da F1, que estabelece que ninguém pode entrar na pista antes que todos os carros estejam nos boxes, o que é uma declaração de fato. Alguns torcedores chegaram à pista”, seguiu.

“No processo, houve mágoas por parte do presidente, o que eu acho estranho, pois não havia motivo para que ele ficasse magoado quando todos os outros lidaram com a situação de maneira profissional”, finalizou.

Além de Mayer, Janette Tan também foi dispensada da FIA antes mesmo de assumir interinamente a direção de prova da F2. Antes do GP de Las Vegas, Niels Wittich, então diretor de provas, deixou o cargo e deu lugar para Rui Marques, que deve assumir as duas funções no Catar. Paolo Bassari, então diretor de compliance da FIA, Steve Nielsen (ex-diretor-esportivo), Tim Gross (ex-diretor-técnico), Pierre Ketterer, Edward Floydd (ex-membros da área jurídica), Deborah Mayer (chefe da Comissão Feminina no Esporte a motor da FIA) e Natalie Robyn (primeira CEO da FIA) são outros exemplos de baixas sofridas recentemente na entidade.

O GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP do Catar, em Lusail, e transmite classificações e corridas em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, na GPTV, o canal do GP no YouTube. Depois das atividades de cada dia, debate tudo o que aconteceu no Briefing. Na sexta-feira (29), às 10h30 (de Brasília, GMT-3), acontece o único treino livre. Depois, às 14h30, os pilotos realizam a classificação sprint. No sábado (30), retornam para a largada da prova curta às 11h. Em seguida, às 15h, disputam a classificação. Por fim, a largada da corrida no Catar será no domingo (1), às 13h.

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