Ex-piloto de Fórmula 1 e dono de equipe na F2, Adrián Campos morre aos 60 anos

A informação foi divulgada primeiramente por Alejandro Agag, presidente da Fórmula E e muito próximo a Adrián Campos, e depois confirmada pelos órgãos oficiais espanhóis. Nascido em Valência em 1960, o espanhol correu pela Minardi entre 1987 e 1988 na F1 e alcançou sucesso nas categorias de base com a equipe que leva seu sobrenome

No mesmo dia em que vibrou pela estreia de Carlos Sainz como piloto da Ferrari, a Espanha lamenta a morte de um dos seus personagens mais importantes no automobilismo. Adrián Campos morreu na primeira hora de quinta-feira na Espanha, ainda noite desta quarta-feira (27) no Brasil, fato que foi divulgado primeiro por Alejandro Agag, presidente da Fórmula E, e depois confirmado pelos órgãos oficiais locais. Campos, de 60 anos, foi piloto de Fórmula 1, mas se notabilizou no esporte a motor como dono de equipe nas categorias de base, como a Fórmula 2.

Segundo informa o site espanhol Soy Motor, a causa da morte de Adrián foi um aneurisma dissecante da aorta, ou seja, ruptura do revestimento interno do maior vaso sanguíneo do corpo, que pode impedir a circulação do sangue até o coração.

A Campos Racing, equipe fundada por Adrián e que atua na Fórmula 2 e na F3, por exemplo, escreveu nota de pesar lamentando a perda do seu criador.

Adrían Campos em seu registro mais recente, ao lado de Marc Gené. (Foto: Campos Racing)

Conheça o canal do Grande Prêmio no YouTube! Clique aqui.
Siga o Grande Prêmio no Twitter e no Instagram!

“Hoje é o dia mais triste da história da Campos Racing. Nosso Presidente e fundador, Adrián Campos Suñer, nos deixou. Seu coração deixou de bater, mas sua lembrança será o motor que manterá a todos nós lutando para seguir seu legado. Descanse em paz”, escreveu a equipe em postagem nas redes sociais.

Na Fórmula 1, Campos disputou 17 corridas, todas com a Minardi, realizando toda a temporada de 1987 e duas corridas do Mundial do ano seguinte, nos GPs do Brasil — em Jacarepaguá — e de San Marino. Seu melhor resultado foi justamente em casa, sendo 14º lugar no GP da Espanha de 1987, então disputado no circuito de Jerez de la Frontera.

Nascido em Alzira, município da Comunidade Valenciana, em 17 de julho de 1960, Campos deixou as pistas e construiu as bases da sua equipe. Em duas oportunidades, Adrián tentou fazer parte da Fórmula 1 como dono de escuderia. Em 1992, fundou a Bravo F1 em associação a Jean François Mosnier e chegou a contratar o engenheiro Nick Wirth — que se uniria à Simtek anos depois — e o piloto, também espanhol, Jordi Gené.

ADRIÁN CAMPOS; ALEJANDRO AGAG;
Ao lado de um dos seus grandes amigos, Alejandro Agag, Adrián Campos atuou com força nas categorias de base (Foto: Divulgação)

Entretanto, a morte de Mosnier impactou diretamente a empreitada de Campos, que não conseguiu recursos financeiros para colocar a equipe na Fórmula 1. Sem lugar na principal categoria do esporte a motor, Adrián trabalhou nas categorias de base com sua equipe, trabalhando com nomes como Marc Gené, António García e Fernando Alonso na antiga Fórmula Nissan, baseada na Espanha, levando o nome da Campos Racing às vitórias.

Campos foi também o primeiro empresário da carreira de Alonso, que teve uma carreira vitoriosa na Fórmula 1, sendo bicampeão mundial, em 2005 e 2006, correndo pela Renault.

O sucesso na Fórmula Nissan, que virou depois World Series by Renault, levou Adrián Campos a expandir seu trabalho nas categorias de base atuando tanto na GP2 (hoje Fórmula 2), levando à pista nomes como Adrián Vallés, Lucas Di Grassi e Giorgio Pantano. A Campos Racing também trabalhou na Fórmula 3 Europeia e chegou a contar com pilotos como Roldán Rodriguez e o filho do ex-piloto, Adrián Campos Jr, além de contratar Natacha Gachnang.

Em 2009, a Fórmula 1 abriu vaga para três equipes a partir da temporada seguinte. A Campos se candidatou e conseguiu uma das vagas ofertadas, obtendo assim a licença para fazer parte da categoria. A Campos Meta, que tinha como parceira a italiana Dallara para a construção do chassi, nasceu muito por conta dos esforços de Adrián, trazendo para a equipe nomes como Toni Cuquerella, engenheiro com passagem pela BMW, e Daniele Audetto, ex-Honda.

FERNANDO ALONSO; ADRIÁN CAMPOS;
Fernando Alonso foi um dos pilotos revelados por Adrián Campos na Fórmula 1 (Foto: Renault)

Contudo, o projeto da Campos Racing foi afetado pela crise econômica que afetou o mundo naquele começo de década de 2010. José Ramón Carabante, empresário espanhol, se uniu a Campos para salvar a equipe, mas o ex-piloto optou por deixar o projeto para tocar algo por conta própria. A Campos Meta deu lugar, então, à Hispania, ou HRT, que correu na Fórmula 1 até 2012 antes de fechar as portas.

A Campos, com Adrián no comando, voltou à ativa em 2011, sendo uma equipe do grid da antiga AutoGP, e depois fez parte da Fórmula 2 e da Fórmula 3.

Adrián também foi figura fundamental e que marcou história no princípio da Fórmula E, que até hoje tem como chefão um dos seus grandes amigos, Alejandro Agag. Campos foi chefe de equipe de Nelsinho Piquet na temporada 2014/15, que representou a conquista do primeiro título da categoria, correndo pela equipe China, hoje rebatizada como NIO. Na categoria dos carros elétricos, Campos também trabalhou com a equipe indiana Mahindra.

Foi com a Campos que, em 2017, Lando Norris, atualmente na McLaren, fez suas primeiras corridas na Fórmula 2, categoria de acesso à F1. Passaram pelo time nomes como Roberto Merhi, Álex Palou — hoje competidor da Ganassi na Indy —, Luca Ghiotto, Jack Aitken e Guilherme Samaia, os dois últimos representando a equipe de Adrián na temporada passada.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular!Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra, Escanteio SP e Teleguiado.