Ferrari cobra FIA e pede “punição máxima” a equipes por estouro do teto de gastos
Laurent Mekies, diretor-esportivo da Ferrari, disse que "não é segredo" que duas equipes estouraram o teto orçamentário de 2021 e espera que a FIA "administre tal situação de maneira exemplar"
A Ferrari reagiu diante da suspeita de que duas equipes do grid — Red Bull e Aston Martin — ultrapassaram o teto orçamentário estabelecido para a temporada 2021 da Fórmula 1, e a equipe deixou claro que não espera menos do que “punição máxima” da parte da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) no julgamento do caso. Na visão de Laurent Mekies, é claro que os times em questão se beneficiaram do excesso de gastos quanto ao desenvolvimento dos carros não só no ano passado, como também para o Mundial deste ano.
A informação sobre o estouro do teto de gastos começou a correr no paddock da F1 pouco antes dos treinos livres de sexta-feira (1), em Singapura, depois de uma matéria publicada pela revista alemã Auto Motor und Sport. A FIA, já em posse dos relatórios financeiros de 2021 de todas as equipes, constatou a irregularidade e pretende divulgar os resultados na próxima semana.
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Como já era esperado, o assunto correu como rastilho de pólvora e começou a provocar reações. A Mercedes foi a primeira a pedir “firmeza nas investigações”. Depois, Christian Horner veio a público e classificou a acusação como “dano à reputação”. Por fim, a própria FIA emitiu comunicado oficial dizendo que as especulações sobre a violação do teto orçamentário eram “infundadas”.
À Sky Italia, Mekies disse “não ser segredo que duas equipes quebraram o teto orçamentário de 2021, uma delas numa quantia significativa, a outra menos”. “Consideramos que isso é algo muito sério e esperamos que a FIA administre tal situação de maneira exemplar”, emendou o francês.
“Confiamos 100% na FIA. Eles assumiram uma posição muito forte nas últimas semanas e há alguns meses em outras situações. Portanto, esperamos que, num assunto tão sério, haja total transparência e punição máxima para garantir que todos corram dentro das mesmas regras, pois o impacto disso no desempenho do carro é enorme”, salientou.
A preocupação da Ferrari com a falta de uma sanção mais severa é abrir um precedente. Mekies acredita que é claro, por exemplo, que há ganho de vantagem no desenvolvimento do carro. “Se deixar a punição de lado, o aspecto importante é que a FIA pode estabelecer que houve um gasto excessivo. Uma vez feito isso, ao menos teremos a confirmação de que são regras que todos devem cumprir.”
“Depois disso, a questão das punições poderá ser discutida à luz do excesso de gastos de 2021, 2022 e 2023, pois é claro que, nesse momento e do ponto de vista de onde nos encontramos na temporada, há também um efeito para o ano que vem”, salientou, reforçando que a única coisa que espera é que haja esclarecimento sobre a aplicação das regras sob as quais todos do grid estão.
O regulamento atual diz que uma violação de menos de 5% do valor do teto orçamentário antes fixado em US$ 145 milhões (R$ 782 milhões, na cotação atual) — que hoje representa cerca de US$ 7,2 milhões (R$ 38 milhões) — é vista como sendo de menor peso, podendo acarretar em multa. Valores maiores podem gerar sanções mais graves, como dedução de pontos em ambos os campeonatos (Pilotos e Construtores), suspensão de uma ou de mais etapas do calendário, limitações em testes aerodinâmicos ou mesmo a exclusão do campeonato.
Questionado sobre como isso poderia soar para os fãs, Mekies reconheceu que reconsiderar resultados passados “pode ser um problema”, mas insistiu que precisa haver “a certeza de que o regulamento é respeitado”. “São regras genuínas; se quebradas, punições reais precisam ser aplicadas. Se não por infrações passadas, pelo menos para o futuro”, finalizou.
O teto orçamentário foi introduzido na F1 no ano passado e, de início, fixado em US$ 145 milhões (R$ 782 milhões). Para 2022, a entidade optou por reduzi-lo em US$ 5 milhões (R$ 26 milhões), mas permitiu um acréscimo de 3,1% com o campeonato em andamento por correção inflacionária. Mesmo assim, as equipes do grid, sobretudo as ponteiras (Red Bull, Mercedes e Ferrari), já fizeram várias reclamações públicas sobre como o limite de gastos compromete o trabalho de desenvolvimento do carro.
Se comprovado o estouro, a grande questão é qual punição específica uma equipe pode sofrer por estourar o teto de gastos em determinado valor, uma vez que a FIA não possui uma tabela de sanções definidas sobre a ultrapassagem desse limite. Especula-se que a infração de Aston Martin e Red Bull tenha ultrapassado os 5% tolerados. Mas há muita discordância até mesmo sobre o valor permitido e a vantagem adquirida sobre as rivais. Mercedes e Ferrari alegam que US$ 5 milhões (R$ 26 milhões) além do teto, por exemplo, podem representar um desenvolvimento capaz de gerar até 0s5 na pista.
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