Fórmula 1 se coloca mais equilibrada que nunca na Itália, mas vê em pneus fator crucial

Há menos de uma semana, a Fórmula 1 temia por uma nova hegemonia, depois que a McLaren impôs um assustador domínio no GP dos Países Baixos. Só que agora, apenas cinco dias depois, a categoria se depara com um cenário completamente diferente para a etapa da Itália. É que a sexta-feira de treinos livres exibiu um equilíbrio — ao menos entre os carros de ponta — talvez nunca visto em 2024. Portanto, tudo pode acontecer em Monza

Menos de uma semana atrás, a Fórmula 1 se perguntava se já estaria diante de uma nova hegemonia, tamanha superioridade da McLaren em Zandvoort, quando Lando Norris venceu com mais de 20s de diferença para então imbatível Red Bull de Max Verstappen. No entanto, ainda não parece ser o caso. Isso porque o primeiro dia de treinos livres do GP da Itália exibiu um cenário dos mais interessantes e, principalmente, equilibrado. Lewis Hamilton liderou o dia por uma pífia margem, é verdade, mas o que impressionou mesmo foi a pouquíssima diferença em termos de ritmo de corrida entre as quatro melhores equipes do grid, com uma só ressalva: em Monza, o cuidado com os pneus será ainda mais decisivo. Portanto, é impossível apontar favoritos.

O heptacampeão da Mercedes aproveitou o melhor momento de pista para alcançar 1min20s738, em cima de pneus macios, na curta simulação de classificação. Mas chamou a atenção mesmo a diferença para o segundo colocado: somente 0s003 — Norris foi capaz de colocar a McLaren sob os holofotes de novo, mas agora deixando no ar a impressão de que não poderia ter feito mais. De toda a maneira, a tabela de tempos estampou um grid mais parelho do que o imaginado. Quer dizer, a vantagem de Hamilton para a quinta melhor marca do dia, registrada por Charles Leclerc, foi de apenas 0s154. E todo mundo aí andando na casa de 1min20s, diga-se. O primeiro a passar acima foi George Russell, que teve menos tempo de pista após o acidente de Andrea Kimi Antonelli danificar seu carro. Ainda assim, o inglês ficou a 0s3 do companheiro de equipe, em sexto.

E não para por aí, não. Ainda que Verstappen tenha ficado longe da ponta da folha de tempos, não se engane. O neerlandês está no páreo. O problema é que o piloto errou em sua volta rápida — inclusive, vinha até mais veloz que Lewis — e a escapadinha na parte final do giro o fez perder a chance. Logo depois, a sessão ainda foi interrompida pelo acidente de Kevin Magnussen, da Haas, encerrando ali mesmo qualquer trabalho de simulação de classificação. Então, é o que explica um pouco o discreto 14º posto nos resultados finais, que não assustou em nada os taurinos.

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“Estamos melhores do que parecemos”, garantiu Helmut Marko, o conselheiro da Red Bull. “Na simulação de classificação, Max [Verstappen] balançou na Parabolica. Ali, ele perdeu cerca de 0s2 para Norris, eu acho, mas sem a potência normal do motor como os outros. Na jornada longa, até a granulação começar, fomos muito competitivos”, explicou.

“Mas a queda [a partir daí] foi bem radical. Acho que começou quando tivemos de diminuir por causa de um carro à frente. Precisamos resolver isso, mas estamos muito melhores do que em Zandvoort. Muito melhores”, completou o dirigente.

Mas se a tabela de tempos já rascunha um pouco do que esperar para o sábado, os ensaios de corrida foram ainda mais espantosos, de fato. O equilíbrio seguiu e disse mais sobre o que se desenha para o domingo. As diferenças talvez sejam as menores do ano. A McLaren e a Red Bull continuam ligeiramente à frente, mas com uma vantagem que não ultrapassa 0s1! Sim, a distância é marginal para Mercedes e Ferrari. É claro que é prudente considerar o acerto aerodinâmico, quantidade de combustível e desgaste de pneus. Ainda assim, a comparação entre todos foi feita em condições semelhantes. Ou seja, o composto médio foi o escolhido para a simulação e todo mundo aí percorreu stints de 8 a 10 voltas.

Diante disso, é possível dizer que Norris, assim como nos Países Baixos, se mostrou mais consistente, confirmando o acerto da McLaren com as peças novas. Verstappen, por sua vez, foi rápido, mas ainda enfrentou problemas de aderência. Já Hamilton se queixou e disse que o W15 parecia mais uma sauna. Como Max, também precisou lidar com um desgaste de pneus maior. Enquanto isso, a Ferrari, o time que mais levou atualizações, explorou demais o novo assoalho e apresentou uma performance das mais constantes.

Carlos Sainz foi o terceiro melhor do dia com uma Ferrari inteiramente revisada (Foto: Ferrari)

Mas foi Marko quem levantou uma das questões cruciais em Monza. Realmente, há um elemento que vai separar vencedores e perdedores no domingo. Os pneus vão desempenhar um papel crucial neste fim de semana. Acontece que existe uma alta degradação dos compostos, e isso se dá por alguns motivos: o primeiro deles tem a ver com a pista em si. Monza passou por um recapeamento completo e um ajuste de curvas e zebras, o que sempre representa uma mudança de abordagem. O segundo fator se dá em função do clima. Está muito quente na região de Brianza, o que eleva a chance de um desgaste maior. Por isso, todo cuidado ainda será pouco.

Também é importante levar em conta a natureza do circuito de Monza, não à toa chamado de Templo da Velocidade. A icônica pista italiana pede carros com menos carga aerodinâmica, mas também demanda equilíbrio em suas curvas. Nunca é fácil encontrar o compromisso correto. E numa configuração assim, os pneus sofrem um pouco mais. “Houve muitos pontos interessantes nesta sexta-feira. A grande incógnita no fim de semana é entender o estado da nova superfície da pista, que é a principal novidade do GP da Itália. Pelo que deu para notar, os resultados das simulações foram confirmados, com um nível muito significativo de aderência. Este fator, combinado com um acerto de menor downforce desta pista, deve provocar maior degradação, o que acabou acontecendo em ambos os compostos usados”, explicou Mario Isola, chefão da Pirelli.

“Portanto, é uma questão de granulação: teremos que ver como a pista evolui a partir de amanhã de manhã. Outro ponto importante diz respeito às temperaturas. Estava muito quente hoje, com a pista atingindo 54 °C, teoricamente na hora do meio da corrida no domingo. Essas altas temperaturas podem ter um impacto maior na degradação”, completou.

Por isso que, antes mesmo da classificação, as equipes já pensam na corrida e em como reservar os compostos certos. Em tese, essa é uma prova de apenas um pit-stop — até porque se perde muito tempo entre a entrada e a saída do pit-lane. Só que o calor, o asfalto novo e a alta degradação dos pneus tendem a proporcionar um jogo diferente, ainda mais diante de tamanha paridade técnica. Daí a importância da posição de largada.

Max Verstappen terminou o dia apenas em 14º (Foto: Red Bull Content Pool)

“Estamos todos muito próximos — Ferrari, nós e Red Bull. Mas a Mercedes também está muito rápida, parece que definitivamente são oito carros [na briga] desta vez. Oito carros, todos rápidos, e isso deve deixar tudo mais emocionante para amanhã”, concluiu Norris.

Não poderia estar mais correto.

GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP da Itália de Fórmula 1 e transmite classificação e corrida em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, na GPTV, o canal do GP no Youtube. Além disso, debate tudo que aconteceu na pista com o Briefing após treinos livres e classificação, além de antes e depois da corrida. No sábado (31), o TL3 abre o dia às 7h30 (de Brasília), ao passo que a classificação será às 11h. Por fim, no domingo (1º), os pilotos disputam a corrida em Monza a partir das 10h.

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