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A F1 vive uma fase em que só se fala em mudanças. Altamente preocupada com o futuro, a maior das categorias tenta reunir medidas que impulsionem a audiência e que lotem de novo os autódromos pelo mundo. Na última semana, as discussões para tornar o espetáculo melhor e mais atraente aos olhos dos fãs continuaram em Mônaco, na esteira das propostas acordadas pelas principais equipes, FIA e FOM, na reunião do Grupo de Estratégia. As ideias, entretanto, ainda encontram certa resistência e nada é unânime. Por isso, sempre há a brecha para novos pitacos.
E quem deu o pitaco da vez foi Fernando Alonso. O espanhol da McLaren se mostrou favorável a quase tudo que foi apresentado pelos principais dirigentes, especialmente o reabastecimento. Mas acha mesmo que o ideal para o Mundial agora é ter ao lado da Pirelli uma segunda fornecedora de pneus. Na real, o bicampeão quer reviver o tipo de disputa que a Michelin e Bridgestone protagonizaram no início dos anos 2000 — durante a conquista de seus dois campeonatos, especialmente.
“Eu corri alguns anos com a briga entre Michelin e Bridgestone, depois apenas com os pneus Bridgestone. As diferenças foram brutais. Os pneus de 2006 eram incríveis. Ambas as companhias estavam empenhadas em fazer o melhor e tivemos compostos sensacionais. No ano seguinte, só com a Bridgestone, acho que eles relaxaram um pouco e a qualidade caiu”, explicou o piloto de 33 anos.
O ponto destacado por Alonso é exatamente a qualidade do pneu. Para ele, mais importante do que ter uma escolha livre dos compostos, com uma fornecedora, é ter a chance de correr com o melhor produto possível. E possibilitar o desenvolvimento da borracha. “Uma competição entre fabricantes de pneus iria ajudar muito a F1. Todo mundo estaria novamente buscando o melhor desenvolvimento possível”, completou.
A Pirelli, que atualmente é a fornecedora única da borracha no Mundial, já se posicionou contra algumas vezes anteriormente, usando como justificativa os altos custos, além da falta de interesse das equipes em reviver a disputa entre duas fabricantes.
Porém, no último fim de semana, ao questionado sobre ter de dividir o paddock com uma concorrente, Paul Hembery, diretor de competições da marca italiana, adotou um discurso menos inflexível. O contrato da fábrica de Milão com a F1 acaba no fim de 2016. “Nós não fazemos as regras para a F1”, disse o inglês aos jornalistas em Monte Carlo, na última sexta-feira.
“Nós estamos envolvidos em 250 campeonatos, sendo que em 90 deles há uma competição aberta, então tudo depende do que o esporte deseja e e aí, mais tarde, precisamos entender o regulamento, quais serão as implicações em termos de custos e tudo mais, antes de responder se realmente queremos esse tipo de coisa ou não. Quer dizer, só poderemos responder algo quando tivermos todos os parâmetros em mãos”, completou o dirigente britânico.
A mesma pergunta foi feita aos chefes de equipe da F1. E os representantes de Mercedes, Red Bull, Toro Rosso e Force India foram unânimes e todos se colocaram contra uma eventual guerra de pneus. Os custos foram apontados também como parte da justificativa, mas o que preocupa mesmo os dirigentes é a diferença técnica entre as equipes. Para eles, ter duas fabricantes de pneus pode aumentar ainda mais o abismo que há atualmente entre as equipes de ponta e as médias e pequenas, ou ainda entre as esquadras de fábrica e os times independentes do grid.
E as opiniões mais enfáticas vieram justamente de duas das mais importantes equipes independentes do grid. O chefe da Toro Rosso, Franz Tost, se mostrou um crítico ferrenho de uma disputa entre fornecedoras de pneus e lembrou a guerra mais recente entre a Michelin e Bridgestone. Para ele, sempre haverá algum tipo de privilégio a determinados times e que isso pode enfraquecer a disputa e afastar os fãs.
“Eu espero que não tenhamos uma nova guerra de pneus, isto é, nenhuma outra fornecedora, porque significa que duas equipes terão bons pneus e o resto terá só o lixo. Era assim antes, quando a Michelin estava na F1 e trabalhava com a Renault, por isso Fernando Alonso tem boas memórias dessa época. A Bridgestone estava com a Ferrari e tiveram muito sucesso com Michael. Agora se isso volta, nós teremos a mesma história: duas fabricantes de pneus, duas equipes que recebem os melhores pneus e o resto que fica com aquilo que ninguém quer”, explicou o austríaco, ao ouvir a opinião de Alonso.
“Isso que dizer que a competição vai seguir por um caminho totalmente diferente. Aí nós teríamos, ao invés da F1 dos motores, a F1 dos pneus. Uma vez que as unidades agora já estão estabelecidas, nós vamos abrir uma brecha para um novo problema”, alertou o chefe de Max Verstappen e Carlos Sainz.
Chefe Red Bull, Horner compartilhou da opinião do colega e ressaltou que uma disputa entre as fabricantes ainda poderia impedir o desenvolvimento de equipes independentes.
“Acho que Franz resumiu esplendidamente o caso, explicando como uma marca de pneus fornece maior igualdade a todos. Acho que em tempos de guerra de pneus você precisa obviamente aumentar os esforços, e isso tem também um impacto nos custos porque você tem de desenvolver o carro para um pneu específico, por isso acho que um dos pontos de positivo de se ter uma fornecedora única é que isso dá a possibilidade de um time independente com a Red Bull atingir o sucesso”, declarou o britânico aos repórteres também em Mônaco.
Toto Wolff, da Mercedes, e Bob Fernley, da Force India, concordaram que promover o retorno de um embate entre fábricas não é bom para a F1 e pode significar um passo atrás na tentativa de tornar o esporte mais atrativo. “Acho que, olhando para um lado mais positivo,se há algo que a F1 fez bem foi a opção por uma única fornecedora de pneus e, por isso, acho que não devemos voltar”, acrescentou Fernley.
A possível (única) candidata
A FIA já abriu o processo de seleção para escolha da próxima fornecedora única de pneus. O novo acordo vai valer para as temporadas de 2017, 2018 e 2019. A Pirelli, cujo contrato se encerra no fim do ano que vem, já confirmou inscrição.
As fornecedoras interessadas em entregar pneus à F1 entre 2017 e 2019 devem apresentar suas inscrições até 17 de junho, com o processo seletivo tendo início exatamente um dia depois. E foi exatamente por conta desse processo que a Pirelli entende que não haverá uma disputa entre fabricantes na F1, ao menos não nos próximos anos.
E voltou a bater na tecla de que as equipes não querem e que a marca apenas faz aquilo que manda o regulamento. "O edital saiu e diz que será um fornecedor até 2019, e isso reflete o desejo das equipes. Ou seja, os times querem manter a situação como está. Então, não tem muito mais a declarar", disse Hembery.
Alternativa francesa?
A Michelin está fora da F1 desde 2006, quando deixou o Mundial por discordar da política da FIA em aceitar apenas um único fornecedor de pneus. Só que a marca francesa não desistiu completamente da categoria. Na verdade, até mantém interesse em voltar, mas dentro de algumas condições bem específicas.
“Por que não? Nós estamos totalmente abertos a um regresso, mas em algumas condições específicas. A F1 deve alterar seu regulamento técnico”, declarou Pascal Couasnon, diretor de esportes a motor da empresa gaulesa, em entrevista à revista italiana ‘Autosprint’.
Para retornar, a fabricante não espera ser apenas uma ferramenta para oferecer "mais ou menos espetáculo". Além disso, deseja a adoção dos pneus de 18 polegadas, os mesmos que já fornece para a F-E. A Michelin também não vê nada contra regressar como fornecedora única, mas continua mantendo a preferência por trabalhar em meio à concorrência.
Ao todo, em 215 GPs disputados, a Michelin conquistou 102 vitórias e 111 poles, ajudando Fernando Alonso a conquistar seus dois títulos no Mundial de F1, em 2005 e 2006. Aliás, o início dos anos 2000 foi marcado por grande batalha entre a fábrica francesa e a Bridgestone — a mais recente disputa entre fábricas de pneus na F1.
A disputa entre as duas empresas começou em 2001, quando a Michelin voltou à F1, depois de um afastamento de 16 anos. E os melhores anos vieram com os dois campeonatos de Alonso. Antes do embate entre Michelin e Bridgestone. A marca japonesa também enfrentara a concorrência da Goodyear, que durou apenas as temporadas 1997 e 1998. A empresa norte-americana disputou seu ultimo GP na F1 no Japão em 98.
Nos últimos anos, a fabricante francesa é a única, além da Pirelli, obviamente, a manifestar o desejo de competir na F1. A Bridgestone, que se retirou do campeonato em 2010, nunca mais falou em voltar.