Hamilton diz que decisões erradas custaram títulos a Alonso: “Pensou que controlava o mercado de pilotos”

Lewis Hamilton sugeriu que seu primeiro rival na F1, Fernando Alonso, agiu com soberba, sobretudo quando deixou a Ferrari ao fim de 2014 e ficou sem clima para voltar. Entretanto, o pentacampeão demonstrou respeito pelo “fenomenal piloto” espanhol

Uma das velhas máximas da F1 em tempos recentes é dizer que Fernando Alonso poderia ter conquistado muito mais títulos que os que faturou em 2005 e 2006. O espanhol, mesmo na reta final da sua carreira no esporte, é apontado por muitos como um dos pilotos mais completos do seu tempo, mas que tomou decisões que o impediram de ser um nome cravado de forma ainda maior na história. 
 
Lewis Hamilton, que teve o espanhol como seu primeiro companheiro de equipe na McLaren, em 2007, partilha da mesma opinião. Porém, o novo pentacampeão do mundo não lamenta pelo fato de Alonso ter conquistado menos do títulos do que poderia. Entre as razões, Lewis considera que, em determinado momento da carreira, o espanhol agiu com soberba e achou que “ele pensou que controlava o mercado de pilotos”.
 
Em entrevista veiculada pelo site norte-americano ‘Motorsport.com’, Hamilton disse que Alonso chegou a ter um momento da carreira em que poderia ir para qualquer lugar, mas cometeu erros e acabou por fechar portas que jamais se abriram novamente, como na Ferrari, depois de ter saído na esteira de desentendimentos com a cúpula do time de Maranello ao fim de 2014.
 
“Eu não lamento se ele não teve um carro melhor. Para o esporte, quando estou dando uma entrevista coletiva com ele, e as pessoas dizem ‘perguntas para os dois campeões’, na minha mente sei que ele poderia ter conquistado mais títulos. Mas, no fim das contas, não é que ele não foi porque ele não tivesse mais oportunidades”, explicou.
Hamilton entende que Alonso poderia ter sido mais do que foi na F1. Mas não lamenta por isso (Foto: AFP)

“Ele foi um piloto de ponta e poderia ir para quase todo lugar que ele quis ir. E as decisões são muito importantes”, salientou Lewis, que colocou como exemplo justamente a saída tumultuada de Alonso da Ferrari em 2014. O espanhol aceitou uma proposta milionária da McLaren e teve seus salários bancados pela Honda entre 2015 e 2017. Para seu lugar, a escuderia italiana contratou Sebastian Vettel para formar dupla com Kimi Räikkönen.

 
Alonso, contudo, não foi feliz na McLaren e jamais foi ao pódio no seu retorno a Woking. Ao contrário, o espanhol protagonizou polêmicas e críticas públicas à montadora japonesa, como o famoso ‘motor de GP2’ no GP do Japão de 2015. No fim das contas, as portas se fecharam para as principais equipes, não apenas a Ferrari, mas também Mercedes e Red Bull, por conta do comportamento do veterano, que está prestes a encerrar seu ciclo na F1 ao fim desta temporada.
 
“Acho que ele pensava que controlava o mercado de pilotos em 2014. No meu entendimento, também havia Seb e eu naquela época. Tão logo ele deixou a posição [na Ferrari], Seb pegou [a vaga] e não foi algo como se ele pudesse voltar”, recordou Hamilton. 
 
“E então, para ele foi algo como: vou para a vaga de Seb. Mas então, eles [Ferrari] se encheram, e para ele foi como: ‘Que merda’. E não havia lugar onde eu estava [na Mercedes]”, acrescentou. “Claro, ele poderia ter vencido mais títulos, mas não é porque ele não teve chance. Simplesmente depende de tomar as decisões corretas fora do cockpit”, continuou o britânico.
 
Apesar das declarações contundentes sobre Alonso, Hamilton deixou claro que tem admiração pelo seu primeiro companheiro de equipe.
 
“Tenho muito respeito pelo Fernando. Ele é um piloto fenomenal e eu acredito que sua reputação não foi arranhada nesses últimos ano porque seu nível permaneceu muito, muito alto, pela forma como ele pilotava e como conduziu a si mesmo, explorando horizontes diferentes”, disse Hamilton, citando a incursão de Alonso na Indy 500 e também nas 24 Horas de Le Mans. “Acho que as pessoas sabem o que ele trouxe para dentro e fora da F1”, complementou.
 
 
2007: “Um dos anos mais difíceis da minha vida”
 
Aí, as lembranças de Hamilton sobre Alonso viajam mais de uma década no tempo e vão para sua temporada de estreia na F1. Lewis ainda era um jovem de 22 anos quando teve a chance, pelas mãos de Ron Dennis e da Mercedes, de debutar no carro #2 da McLaren. O #1 era de Alonso, contratado a peso de ouro depois de ter conquistado dois títulos mundiais consecutivos pela Renault.
A 'guerra civil' entre Alonso e Hamilton implodiu a McLaren na temporada 2007 (Foto: Reprodução)

Mas o que poucos poderiam imaginar é que Hamilton teve uma performance tão boa quanto a de Alonso. À época, o espanhol cobrou o status de primeiro piloto, mas Dennis tomou partido de Lewis, o que deflagrou uma verdadeira guerra nos bastidores da equipe, com direito a polêmicas dentro da pista — como o episódio do treino classificatório do GP da Hungria — como também o vazamento, por parte de Alonso, de e-mails que comprovaram um escândalo de espionagem onde a McLaren fez uso de dados sigilosos do carro da Ferrari. 

 
Bancado por Dennis, Hamilton seguiu na escuderia britânica e conquistou, no ano seguinte, o primeiro dos seus cinco títulos mundiais. Alonso voltou para a Renault, de lá foi para a Ferrari e, desde 2015 segue na McLaren, sua última equipe neste ciclo final no Mundial de F1.
 
Hamilton revelou que viveu o ano mais difícil da carreira por conta da enorme pressão para corresponder em termos de resultados, já que defendia a melhor equipe do grid naquela temporada.
 
“Sinto como se as pessoas subestimassem aquela temporada. Vim para uma equipe de ponta. Mas provavelmente é mais fácil, em alguns aspectos, estar numa equipe menor, onde você não sofre muita pressão. Estar numa equipe de ponta logo de cara e tentar corresponder lado a um bicampeão do mundo, que já havia passado por quase tudo o que eu passei até agora, é uma exigência enorme, e foi um dos anos mais difíceis da minha vida”, relembrou.
 
“Além disso, eu não tinha fama nenhuma. De repente, todas as pessoas estavam tirando fotos minha, eu estava viajando mais do que nunca. Foi difícil, mas olhando para trás, eu gostei muito daquele ano, mas eu gostaria de saber o que sei agora”, complementou o, agora, pentacampeão mundial de F1.

E o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 acontece este ano nos dias 9, 10 e 11 de novembro, no autódromo de Interlagos. Os ingressos para a corrida estão disponíveis no único site oficial do evento: www.gpbrasil.com.br.

 

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