Honra e ‘título’ da F1 B: o que ainda está em jogo no GP do Brasil

A F1 volta a Interlagos neste fim de semana em clima quase que de fim de festa, com todas as principais disputas ao longo de 2019 definidas. Mas ainda há muita coisa em jogo no GP do Brasil. Enquanto Carlos Sainz busca ser o ‘melhor do resto’ e a McLaren busca sua melhor temporada desde 2012, outros pilotos e equipes têm como meta fechar o campeonato com dignidade

De uma só vez, o desfecho do último GP dos EUA definiu o hexacampeonato de Lewis Hamilton e o vice para Valtteri Bottas no Mundial de Pilotos. Semanas antes, no Japão, a Mercedes sacramentou a conquista do sexto título do Mundial de Construtores e, da mesma forma, Ferrari e Red Bull garantiram a segunda e terceira colocações, respectivamente. Sendo assim, o GP do Brasil de F1 deste fim de semana ganha ares de fim de feira e com pouco — ou quase nada — em disputa, certo? 

 
Não é bem assim. Na verdade, a F1 ainda tem muito a definir neste fim de semana da penúltima etapa da temporada 2019. Partindo do ponto de vista prático em termos de título, atenção total para os trabalhos da McLaren, que faz uma grande temporada e, se ainda não é aquela equipe que outrora ficou marcada por inúmeras conquistas no esporte, faz um campeonato bastante decente como a quarta força do grid.
 
No campeonato que marcou a despedida de Lewis Hamilton da equipe, em 2012, a McLaren terminou na terceira posição. Depois disso, passou a viver um período de decadência na F1 e jamais voltou a vencer uma corrida, figurando no pódio somente no GP da Austrália de 2014. Desde então, jamais passou do quinto lugar no Mundial de Construtores. 
Lando Norris e Carlos Sainz estão perto de levar a McLaren ao posto de quarta força da F1 (Foto: McLaren)
Mas caso feche o fim de semana em Interlagos com 45 pontos a mais que a Renault, quinta colocada, a McLaren vai terminar na sua melhor colocação em uma temporada nos últimos sete anos. O placar de momento aponta 121 pontos para o time de Woking, contra 83 da escuderia aurinegra. Cabe lembrar sempre que não se trata apenas de estar uma posição acima no campeonato, mas uma melhor colocação sempre garante mais dinheiro para a temporada que está por vir.
 
Depois de somar bons pontos nos GPs do México e EUA, a Renault deu um salto importante na pontuação e abriu vantagem para a Toro Rosso e Racing Point, que ainda têm chances de completar a temporada no top-5 dos Construtores. O cenário, nesse sentido, parece mais favorável à escuderia francesa, que tem 83 tentos, contra 65 da equipe B da Red Bull. Já a Racing Point está a apenas 1 ponto dos taurinos.
 
A McLaren tem em Carlos Sainz seu grande líder nas pistas. O espanhol faz, aos 25 anos, sua melhor temporada desde quando estreou na F1, em 2015, e tem a grande chance de fechar o campeonato com o simbólico título de ‘campeão da F1 B’. Considerando que os pilotos de Ferrari, Mercedes e Red Bull estão em um outro patamar de competitividade por conta da força das suas equipes, Sainz está muito perto de ser confirmado como o ‘melhor do resto’. 
 
Sainz chegou a dizer que tem como meta terminar 2019 em sexto, mas tem contra si um grande adversário: a estrela ascendente Alexander Albon, que desponta como um dos grandes nomes da temporada e passou a somar muitos pontos desde quando foi promovido a titular da Red Bull. Natural, pois, que o anglo-tailandês consiga sustentar o top-6. No momento, Albon soma 84 tentos, contra 80 de Sainz, que vai ter uma luta mais plausível com Pierre Gasly, em oitavo com 77 pontos, pela sétima colocação. Daniel Ricciardo já aparece bem mais atrás, com 46 tentos, com poucas chances de fechar 2019 como o melhor da F1 B.
 
 
Em busca da honra
 
A consagração de Hamilton como hexacampeão dá um certo quê de liberdade em termos de disputas na pista, já que, sobretudo entre os primeiros colocados, há pouco a perder. O que vale, no fim das contas, é garantir um desfecho positivo de temporada, de preferência na frente, para completar 2019 com moral e com um impulso importante visando 2020.
 
Valtteri Bottas vive bom momento nesta reta final de campeonato, venceu duas das últimas três corridas e desponta como o piloto com mais condições de fechar 2019 em alta. O objetivo do finlandês, principalmente com o carro que tem, é buscar a vitória no Brasil e em Abu Dhabi para encerrar o ano em boa forma para tentar buscar algo a mais na próxima temporada, lembrando um pouco a campanha arrasadora que empreendeu Nico Rosberg entre o fim de 2015 e o início de 2016 — ao vencer sete corridas consecutivas.
Valtteri Bottas chega a Interlagos com moral depois de duas vitórias nas últimas três corridas (Foto: Mercedes)
A Ferrari chega a Interlagos disposta a deixar para trás a má impressão deixada em Austin não apenas em termos de resultado, mas também de performance. O ritmo de corrida muito abaixo da média ocorreu justamente na esteira da descoberta das irregularidades no fluxômetro, o que deflagrou um princípio de guerra entre o ‘trio de ferro’ da F1.
 
Neste fim de semana, Charles Leclerc já vai usar componentes do motor de 2020, o que vai acarretar ao monegasco uma punição no grid, mas também vai fazer da sua performance em Interlagos uma espécie de laboratório para o que vem por aí. Para Sebastian Vettel, trata-se de um fim de semana especial por ser sua 100ª corrida pela Ferrari e, naturalmente, o tetracampeão mira sua quarta vitória em Interlagos.
 
A Red Bull também chega ao Brasil com o objetivo de garantir um fim digno de temporada. Com duas corridas pela frente, está claro que a meta traçada por Helmut Marko de cinco vitórias em 2019 caiu por terra. Mas ao menos os taurinos têm a chance de vitória em Interlagos, sobretudo com Max Verstappen, que deu espetáculo em 2016 e 2018, ainda que a vitória tenha escapado por pouco. O holandês desembarca em São Paulo como um dos favoritos, enquanto Albon persegue seu primeiro pódio na F1.
 
Entre os pilotos das equipes do chamado ‘baixo clero’, também há algumas aspirações importantes, além das citadas McLaren e Renault. O decano da F1, Kimi Räikkönen, faz um horroroso segundo semestre graças principalmente a um carro muito abaixo da sua capacidade. O ‘Homem de Gelo’ não pontua desde o GP da Hungria, lá no começo de agosto, e volta ao palco da conquista do seu único título mundial em busca da honra e de um alento para terminar 2019 de maneira menos melancólica.
Em sua quase despedida da F1, Robert Kubica corre pela honra em Interlagos (Foto: Williams)
O mesmo vale para a dupla da Haas, que somou somente 2 pontos em todo o segundo semestre. Confirmados para 2020, Romain Grosjean e Kevin Magnussen têm a penúltima oportunidade para fazer com que a reta final desta temporada não seja tão desastrosa como o ano em sua quase totalidade.
 
Por fim, a Williams. Uma das grandes decepções do ano, a equipe de Grove sequer consegue ser uma caricatura do que outrora foi, uma das maiores da F1. De vitoriosa e dona do ‘carro de outro planeta’ a lanterna do grid em 2019, a escuderia britânica acumula problemas desde o começo do ano: atraso na entrega do carro, desenvolvimento quase zero e a inacreditável falta de peças, o que forçou Robert Kubica a abandonar algumas corridas no seu ano de regresso ao Mundial.
 
Nada indica que a situação vai ser diferente no Brasil. Fica mesmo a oportunidade para ver a penúltima corrida daquele que um dia despontou como futuro campeão do mundo. Prestes a sair de cena, Kubica corre em Interlagos e se aproxima do fim da sua carreira depois de surpreender o mundo do esporte com um retorno quase impossível ao grid da F1. Dono do único ponto conquistado pela Williams em 2019, Robert é mais um a correr neste fim de semana em busca da honra.
 
Ou seja, ainda há muito em jogo na edição 2019 do GP do Brasil de Fórmula 1.
 
O GRANDE PRÊMIO cobre in loco o GP do Brasil com os jornalistas Evelyn Guimarães, Felipe Noronha, Fernando Silva, Flavio Gomes, Gabriel Carvalho, Gabriel Curty e Pedro Henrique Marum, e o fotógrafo Rodrigo Berton. Acompanhe todo o noticiário aqui e tudo dos bastidores e das atividades em pista AO VIVO e em TEMPO REAL.
Paddockast # 41
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