Ímola acentua cotação na F1: Ricciardo está ao lado dos grandes, Stroll despenca
O exigente traçado de Ímola desafiou os pilotos e serviu para amplificar algumas tendências que já estavam sendo vistas. Elogiar Lewis Hamilton e Max Verstappen é chover no molhado, mas Daniel Ricciardo tem atingido um grau de excelência muito próximo dos dois e vem em alta na cotação. Por outro lado, Lance Stroll e Alexander Albon só se afundam
Uma etapa complexa como o GP da Emília-Romanha é fundamental para estabelecer e confirmar algumas análises. Na pista exigente de Ímola, com um final de semana mais curto que o normal de dois dias e apenas um treino livre, se destacou, em geral, quem realmente já vinha bem. E quem estava mal se afundou com gosto. É por isso que, após uma corrida que elevou tanto os extremos, o GRANDE PRÊMIO faz praticamente um apanhado da cotação atual de parte do grid da Fórmula 1, com alguns dos destaques positivos e outros negativos da temporada e do final de semana.
O primeiro é óbvio, mas nem por isso menos necessário. É claro que estamos falando de Lewis Hamilton, o grande nome da temporada, da geração, da história da categoria. Em Ímola, não classificou tão bem, não largou legal e, mesmo assim, venceu. E venceu porque soube, mais uma vez, como tirar a vantagem dos rivais na base de um ritmo de corrida forte e, especialmente, de um gerenciamento de pneus que beira a perfeição.
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Ao mesmo tempo em que parece cada dia mais imbatível e soma incríveis nove vitórias em 13 corridas em 2020, Lewis também acaba mostrando como a vida da Mercedes seria muito mais dura caso ele resolvesse sair da F1. E é basicamente isso: quem está mais perto de parar a sequência de Hamilton é justamente ele mesmo, a partir do momento que decidir de fato se aposentar e dar uma brecha para os rivais.
E aí, se der mesmo uma brecha, quem mais tem chances de se aproveitar é Max Verstappen, que já é normalmente quem brilha nas raras ausências de Hamilton. O holandês não completou o GP da Emília-Romanha, mas vinha novamente fazendo um grande trabalho. Na classificação, uma vela com problema quase o derrubou no Q2, mas ainda assim achou uma volta no minuto final e de pneus médios para brigar pela pole. Na corrida, largada precisa e teria o segundo lugar não fosse um estranhíssimo estouro de pneu.
No fim das contas, Verstappen fez praticamente o que faz sempre: ele é a Red Bull, não existe time sem seu brilho. E os números de Max em 2020 são surreais, com nove pódios em 13 corridas e outros quatro abandonos, nenhum tendo alguma culpa. É até difícil dizer que um cara desses não é o melhor piloto do ano, mas é isso que acontece em um mundo com Hamilton.
Na sequência aparecem Pierre Gasly e Daniel Ricciardo, que também foram figuras brilhantes na complicada pista italiana. O francês, que provavelmente seja o terceiro melhor piloto do momento na F1, fez uma classificação absurda e colocou a AlphaTauri no quarto lugar, mas uma falha no motor ainda antes da largada estragou os planos, fazendo com que Gasly abandonasse ainda no início da corrida, quando poderia ter tranquilamente ido ao pódio de novo.
Falando em pódio, foi lá que Ricciardo colocou a Renault mais uma vez, o que mostra que, definitivamente, precisamos colocar o australiano no grupo dos grandes em 2020. Daniel é muito bom, arrojado, talentoso, mas tem se mostrado também bastante eficiente para aproveitar qualquer chance que apareça, qualquer janela que se abra. E é por isso que já é o grande favorito ao quarto lugar no Mundial de Pilotos, um resultado que nem o mais otimista de seus torcedores poderia imaginar antes do início da temporada.
Só que, como sempre, para que alguns se destaquem, outros precisam passar por momentos complicados. E começamos aqui com George Russell, que certamente está acima dos outros dois que virão a seguir. É que o inglês é muito rápido e muito promissor, mas não é de hoje que demonstra ainda não estar pronto para dar novos passos na carreira. Em Ímola, o estopim de tudo: tinha os primeiros pontos da carreira quase que assegurados na mão e bateu ainda em safety-car, uma tremenda decepção e um revés grande para a Williams, que segue zerada.
Ninguém quer enterrar a carreira de Russell, muito pelo contrário: a expectativa em cima dele é tanta que não convém pular estágios ou se empolgar com meras vitórias em cima dos companheiros de equipe em classificações. Sim, estar invicto no duelo interno em posições de largada é algo que chama a atenção, mas que deveria ser tratado como uma coisa trivial por estar encarando Robert Kubica, com um braço comprometido, e Nicholas Latifi, que só está na F1 pelo dinheiro. Russell pode e deve fazer mais do que vem fazendo nas corridas e, só então, vai conseguir começar a trilhar de verdade um caminho promissor na F1, quem sabe até na Mercedes, como muitos desejam. Mas, no momento, ainda não está pronto.
Alexander Albon, porém, está em um buraco bem mais fundo. O tailandês parece, sim, estar com os dias contados na F1 e, a cada vez que a pressão em cima dele aumenta, a performance fica pior. O que vimos em Ímola foi mais uma demonstração de afobação, um ritmo novamente bem abaixo do necessário e, por fim, uma rodada absolutamente sozinho em que ainda saiu culpando rivais. Os sinais são cada vez maiores de que o fim da linha na Red Bull e na categoria estão chegando para o piloto, o que é uma pena, pois Albon não pode ter desaprendido a guiar da noite para o dia, mas mostra como alguém pode sucumbir diante de cenários desfavoráveis.
Por fim, Lance Stroll, que talvez viva agora um nível de contestação que não tinha desde o início de sua trajetória na F1. É claro que o canadense nunca será unanimidade pela forma como chegou ao grid, mas sua aceitação já foi bem maior do que é hoje. Após um pódio com gosto amargo em Monza, em prova que tinha a vitória quase que na mão, Lance não pontuou mais, somou uma série de erros e tem reacendido o debate acerca de seu talento.
A impressão que fica é que Stroll atingiu seu teto na F1, um teto até mais alto do que muita gente imaginava pela sua carreira na base, mas regrediu. O canadense hoje é muito mais o filho do dono de uma boa equipe na F1 do que um piloto que se destaque. E é isso que precisa mudar nas últimas corridas de 2020, afinal, há uma briga em aberto pelo terceiro lugar no Mundial de Construtores e, sem Lance, a família Stroll e a Racing Point vão acabar pelo caminho.
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